


O conhecido estilo do Engesa
reaparece em um veículo bem mais potente, com o motor MWM de 2,8 litros
e 132 cv; note o curioso local da saída de escapamento
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De fabricação própria é a caixa de transferência de força para o eixo
dianteiro que, por conter um par de engrenagens de dentes retos, é bem
ruidosa. Como não há o diferencial central, a tração 4x4 é do tipo
temporária, para uso em condições adversas de piso apenas e até 40 km/h.
Mas não há por enquanto reduzida, que a Agrale garante para o ano que
vem. A
solução foi adotar primeira marcha e ré bem curtas (6,80:1 e 5,92:1, na
ordem), o que com a relação dos diferenciais (4,09:1) enseja redução
total de 27,8:1 em primeira. Pouco, por exemplo, diante de 54,7:1 do
Blazer 4x4, que tem o mesmo motor. Por isso a capacidade de subida do
Marruá é restrita a 60%, enquanto no veículo da GM chega a 100% (ângulo
de 45°). A quinta marcha é direta, 1:1.
Como anda
Numa breve
avaliação por trilhas próximo a São Paulo, não fica dúvida sobre a
robustez do Marruá. A suspensão absorve bem os buracos e desníveis e
filtra os impactos nos ocupantes. Há três molas — de 9,5, 8,5 e sete
espiras — para o veículo, que estava montado com a intermediária. A
última, a mais dura das três, é recomendada para um dirigir mais rápido
e saltos.
Quanto à posição de dirigir, críticas para os pedais deslocados demais à
esquerda, devido ao túnel do câmbio, e à alavanca de acionamento direto,
mas que sai lá do meio e vem em direção ao motorista. Nada a que não se
possa acostumar, embora caiba estudo de como melhorar a ergonomia. A
direção, com volante de três raios e bom tamanho (cerca de 38 cm de
diâmetro), permite correções rápidas, embora pudesse contar com
assistência pouco menor. Não pudemos dirigi-lo no asfalto, mas se pode
antever direção muito sensível nessas condições. A caixa é por setor e
sem-fim com esferas recirculantes; o diâmetro de giro de 13 metros pode
atrapalhar.
O motor dá conta do recado com facilidade, mesmo com o peso de nada
menos que 1.960 kg (contribui o tanque de 102 litros, cerca de 85 kg de
diesel). Seu torque de 34,6 m.kgf a apenas 1.800 rpm já é famoso por
produzir potência mesmo em baixos regimes. O Marruá pode atravessar
cursos d’água de até 60 cm de profundidade, admite inclinação
transversal de 30%, com 64° e 52° de ângulo de entrada e saída. Não foi
especificado o ângulo de rampa, mas com 27,1 cm de distância mínima do
solo e o entreeixos curto, deve passar bem por obstáculos maiores do que
os da avaliação. Por enquanto, a capota de lona é rústica, bem à veículo
militar, mas a Agrale diz que uma mais aconchegante e bem vedada está a
caminho.
Resta um problema: pela lei, utilitário só pode ser a diesel se for 4x4
e tiver reduzida (ou se a carga útil for igual ou superior a 1.000 kg,
que no Marruá é de 500 kg). O EcoSport 4WD, por exemplo, não pode ser
vendido no Brasil com motor diesel por não ter tal mecanismo na
transmissão. O pessoal da Agrale presente ao lançamento, como Robson
Souza, da Engenharia Experimental, pareceu surpreso com essa questão. É
verdade que logo haverá a reduzida, mas resta o problema de vender as
100 primeiras unidades. |
MOTOR - longitudinal, 4 cilindros em linha,
comando no cabeçote, 3 válvulas por cilindro (2 de admissão, 1 de
escapamento), turbocompressor com resfriador de ar. Diâmetro e
curso: 93 x 103 mm. Cilindrada: 2.798 cm³. Taxa de compressão:
17,8:1. Injeção por bomba rotativa. Potência máxima: 132 cv a
3.600 rpm. Torque máximo: 34,6 m.kgf a 1.800 rpm. |
CÂMBIO - manual, 5 marchas; tração integral
temporária (4x2 traseira). |
FREIOS - dianteiros a disco; traseiros a tambor. |
DIREÇÃO - de setor e sem-fim com esferas
recirculantes; assistência hidráulica. |
SUSPENSÃO - dianteira e traseira, eixo rígido com
molas helicoidais. |
RODAS - 16 pol; pneus, 7,50-16. |
DIMENSÕES - comprimento, 3,80 m; largura, 1,88 m;
altura, 1,92 m; entreeixos, 2,30 m; capacidade do tanque, 102
l; peso, 1.960 kg. |
DESEMPENHO
- velocidade máxima, 120 km/h. |
Dados do fabricante;
aceleração e consumo não disponíveis |
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