Ao volante   A avaliação do novo Hilux pela imprensa, na Argentina, foi um tanto limitada: só uns dois quilômetros em estrada de terra, com piso plano e sem lama. Devagar, faríamos o trajeto até com um Porsche 911... Pegamos também uns 15 km de estrada de asfalto bom. O BCWS dirigiu dois modelos SRV de 3,0 litros, um manual, outro automático. Na terra evidencia-se o rodar macio, mas a suspensão inspira robustez em buracos e não prejudica a estabilidade. Todo o conjunto se mostra sólido, com chassi bem rígido.

A alavanca de câmbio manual não vibra e o pedal de embreagem, de acionamento hidráulico, é suave e não exige esforço. O Hilux muda a trajetória prontamente e desviou com segurança e rapidez de buracos maiores. Em freadas fortes, o sistema antitravamento (ABS) agiu com eficiência e o manteve estável. Como se espera desse tipo de suspensão traseira, o eixo rígido pesa e pula um pouco em curvas esburacadas, mas em condições normais o comportamento é sadio, portando-se melhor que a média da categoria.

Potência para um fora-de-estrada há de sobra e o turbo age logo em baixa rotação. No asfalto fomos a 175 km/h indicados e ele portou-se estável, seguro e silencioso. O motor tem duas árvores de balanceamento — exclusivas no segmento — que diminuem, e muito, a costumeira vibração dos diesel. Cruzar na estrada a 120 km/h com o controlador de velocidade acionado (só com câmbio automático) chega a ser um marasmo, tal a estabilidade direcional e silêncio a bordo. Dá a impressão de não ser cansativo em longas viagens.

Parte do Projeto IMV (Innovative International Multi-purpose Vehicle, ou veículo inovador internacional de múltiplo uso), o novo Hilux é mais uma peça na estratégia da Toyota para conquistar, até 2010, uma fatia de 10% do mercado de veículos de passageiros e utilitários da América Latina. Sua intenção com o picape agora lançado é passar do quarto para o primeiro lugar no ranking de vendas do segmento médio, repetindo o feito do Corolla, que lidera a categoria de três-volumes médios (o Astra ainda vende mais se for somada a versão hatch).

Para isso, terá que se confirmar a previsão de vender 16 mil unidades no mercado brasileiro. Esperam colocar 10 mil nas ruas argentinas, pois, apesar de o mercado consumidor ser bem menor que o nosso, o preço menos salgado abre o leque de possíveis consumidores. Uma pena que a gana tributária no Brasil seja tão severa...

Neste pequeno reconhecimento, o novo Hilux mostrou-se bom de todo. Há espaço suficiente, boa visibilidade por todos os ângulos, é macio para uma picape, bastante silencioso e inspira confiança. O ideal seria testá-lo em condições de fora-de-estrada de verdade, pegando lama brava, ou com a caçamba carregada com bastante peso — ou arrastando uma carreta carregada com um cavalo ou um barco, pois é a isso que ele se propõe e é por isso que é um veículo caro. Fica para a avaliação completa.

Em uma breve avaliação, grandes qualidades: conforto de rodagem, boas respostas, motor 3,0 bastante potente

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