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A Citroën cai no álcool

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Sétimo fabricante a investir nos flexíveis, a francesa lança
enfim o C3 Flex, em que o motor ganha pouca potência

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Em um momento em que dois em cada três carros novos vendidos no Brasil — exatos 65,8% em setembro — têm motor flexível em combustível, fabricante nenhum pode abrir mão de oferecer esse recurso em modelos nacionais, sobretudo nas categorias inferiores do mercado. Foi o que levou a Citroën a lançar um C3 capaz de rodar com gasolina e/ou álcool, no que é a sétima das marcas instaladas no Brasil. A novidade começa pelo motor de 1,6 litro e 16 válvulas, mas o 1,4-litro de oito válvulas a receberá no próximo ano.

A adaptação foi simplificada por já existir há alguns meses o Peugeot 206 com motor idêntico. Como no "primo" da marca sócia no grupo PSA, a central eletrônica é fornecida pela Bosch e a taxa de compressão do motor a gasolina (11:1) foi mantida: é que seu valor já aproveita razoavelmente as propriedades do álcool. Como exemplo, o motor 1,8 da GM/Fiat usa 10,5:1, e o 1,6 da Renault, apenas 9,7:1, ambos flexíveis. Um aumento da taxa traria maior ganho de potência e torque e menor consumo, sobretudo com álcool. Só que envolveria modificações no cabeçote, que não interessam à PSA, tanto pelos custos quanto por impedir o uso da mesma peça nos motores destinados à exportação (é fabricado em Porto Real, RJ, assim como o carro).

Apenas o logotipo na traseira identifica o C3 Flex,
que mantém as linhas e o acabamento conhecidos

Sem grandes novidades técnicas, salvo a necessária adaptação para uso de álcool (incluindo tanque de gasolina para partida a frio), o motor do C3 continua a desenvolver 110 cv com gasolina e passa a 113 cv com álcool, nos dois casos em regime inferior em 150 rpm ao do motor antigo. O que decepciona é a redução de torque máximo: de 15,6 m.kgf, baixou para 14,5 m.kgf com o derivado de petróleo e cresceu pouco, para 15,8 m.kgf, ao usar o combustível vegetal.

Com valores tão próximos dos anteriores, não se poderia esperar novidades em desempenho: a aceleração de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e a velocidade máxima de 196 km/h, com gasolina, são as mesmas de antes. Com álcool passam a 9,6 s e 198 km/h, na ordem, muito pouco para se notar ao volante. "É difícil perceber alguma mudança. O nível de ruído e a suavidade de funcionamento do motor, com álcool, são os mesmos do C3 anterior a gasolina".

É o que avalia o jornalista Jason Vogel, do jornal O Globo, para o BCWS. De resto, as qualidades e imperfeições do carro foram mantidas: "O melhor está na direção com assistência elétrica, levíssima nas manobras de estacionamento e com peso certo em velocidade. De ruim, o trambulador do câmbio, bem vago, e a exagerada assistência dos freios", completa Jason.

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Menor torque com gasolina, mais 3 cv com álcool:
diferenças pequenas para se notar ao volante

Um item em que há especial interesse ao comprar um flexível — consumo — fica sem ser analisado, pela lamentável omissão desses dados pelo fabricante. De todo modo, há razões para que se possa seguir a regra habitual: compensa financeiramente usar álcool enquanto seu preço não superar 70% daquele da gasolina. Acima disso, melhor esquecer a flexibilidade. A Citroën manteve o diminuto tanque de 47 litros, o que permite esperar baixa autonomia com uso de álcool, um problema comum nos flex. Também não mudam as relações de marcha e de diferencial.

O motor pode ser aplicado a ambos os acabamentos do C3, GLX e Exclusive (a versão Ocimar Versolato deixou de existir há algum tempo). O primeiro custa R$ 41.650 e vem mais equipado na linha 2006: passa a ter de série ar-condicionado e freios com sistema antitravamento (ABS) e assistência adicional em emergências. Também traz direção assistida (elétrica), computador de bordo, painel de instrumentos digital, volante ajustável em altura e profundidade, banco do motorista com regulagem de altura e rodas de 15 pol. O Exclusive, que custa R$ 45.200, acrescenta acabamento interno em veludo, bolsas infláveis frontais, faróis de neblina e controle elétrico dos vidros, travas e retrovisores, entre outros itens.

Com vendas em crescimento — aumentaram 43% este ano, até setembro, em comparação ao mesmo período de 2004 —, o C3 não chega a ter um trunfo nas mãos com a chegada do motor flexível. Afinal, de todos os concorrentes na faixa de suas versões 1,6-litro, apenas o Honda Fit ainda não oferece esse recurso. Mas, se havia alguma rejeição pela ausência do flex, agora não há mais. E isso pode ajudar o simpático francesinho, naturalizado fluminense, a emplacar de vez.

Ficha técnica
MOTOR - transversal, 4 cilindros em linha; duplo comando no cabeçote, 4 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 78,5 x 82 mm. Cilindrada: 1.587 cm3. Taxa de compressão: 11:1. Injeção multiponto seqüencial. Potência máxima: 110 cv (gas.) e 113 cv (álc.) a 5.600 rpm. Torque máximo: 14,5 m.kgf (gas.) e 15,8 m.kgf (álc.) a 4.000 rpm.
CÂMBIO - manual, 5 marchas; tração dianteira.
FREIOS - dianteiros a disco ventilado; traseiros a disco; antitravamento (ABS).
DIREÇÃO - de pinhão e cremalheira; assistência elétrica.
SUSPENSÃO - dianteira, independente, McPherson; traseira, eixo de torção.
RODAS - 6 x 15 pol; pneus, 185/60 R 15.
DIMENSÕES - comprimento, 3,85 m; largura, 1,667 m; altura, 1,533 m; entreeixos, 2,46 m; capacidade do tanque, 47 l; porta-malas, 305 l; peso, 1.075 kg.
Desempenho
  gasolina álcool
Velocidade máxima 196 km/h 198 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 9,8 s 9,6 s
Dados do fabricante; consumo não disponível

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Data de publicação: 29/10/05

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