A ausência de um estepe por fora na traseira pode frustrar quem goste desse estilo, mas beneficia a visibilidade e a segurança: "Ele alteraria a deformação da traseira em caso de colisão e dificultaria o acesso ao porta-malas", diz Bruno Grundeler, presidente da Peugeot do Brasil, que acrescenta: "Não usamos quebra-mato por ele ser um atentado em potencial aos pedestres". No interior, as novidades resumem-se ao revestimento dos bancos, ao console central com detalhes na cor grafite e a detalhes em alumínio no painel, nos pedais, soleiras das portas dianteiras, pomo de câmbio e maçanetas.

A mecânica da Escapade recebeu modificações para o uso fora-de-estrada leve. A suspensão foi elevada em 25 mm e, pelo ganho em curso na dianteira, a transmissão recebeu semi-árvores capazes de lidar com maior ângulo de trabalho. Com isso, o vão livre do solo chega a notáveis 240 mm. Os pneus são de uso misto (Pirelli Scorpion) e usam a medida 175/70-14, de diâmetro praticamente igual ao da 185/65-14 das outras versões de 1,6 litro. A Peugeot destaca também o protetor de cárter com a maior espessura do segmento. Não procede, porém, a informação da empresa de que seu modelo seja o único na classe com suspensão independente nas quatro rodas, pois a da Palio Adventure também é.

O motor flexível de 1,6 litro e 16 válvulas não tem novidades. De acordo com a fábrica, também não mudaram o peso do carro e as relações de marcha e de diferencial. Embora a maior altura de rodagem tenda a piorar o coeficiente aerodinâmico (Cx) e a aumentar a área frontal, que não foram divulgados, a Peugeot mantém os dados oficiais de desempenho das demais versões 1,6.

O Best Cars dirigiu a Escapade em Porto de Galinhas, em Pernambuco. Se de fora tem-se a impressão de que os 25 mm adicionais de altura vão deixar a posição de dirigir bem mais elevada, com apelo para pegar estradas de terra, ao volante a sensação é a de estar em qualquer 206 SW conhecida, em parte pela profundidade dos bancos. A potência do motor mostrou-se suficiente para levar o carro com tranqüilidade no trajeto de cerca de 240 km do teste, parte dos quais por estradas de terra. O 1,6 já se mostra bem disposto desde as rotações mais baixas, o que atesta sua adequação ao tamanho e peso da perua.

A suspensão deixa a Escapade colada ao asfalto e os pneus comportam-se bem na estrada, porém ao preço de um maior nível de ruído. Segundo a Peugeot eles foram criados especialmente para a 206, mas a Fiat aprovou o resultado e usou o mesmo pneu na Idea Adventure. Em estradas de terra a versão mostrou que, de fato, tem mais que apenas estética: absorveu buracos e trechos cheios de pedregulhos com desenvoltura, sem importunar os ocupantes. O itinerário do lançamento não envolveu trajetos de lama ou alagados, mesmo no asfalto. Mas durante o evento duas unidades foram reservadas para que pilotos de rali da Peugeot acelerassem, levando os jornalistas, em duas voltas por um pequeno circuito de terra com buracos e curvas acentuadas e lamacentas. As Escapades mostraram-se firmes mesmo em derrapagens.

A julgar pelo que foi experimentado, a 206 aventureira cumpre bem o papel de perua capaz de enfrentar percursos fora-de-estrada leves com destreza, além de conforto e desempenho adequados. A Peugeot espera que as vendas da Escapade correspondam em breve a 50% das 206 SW, com 800 unidades mensais.

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