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As vitaminas chegam ao Marea


Depois de Palio e Brava, é o sedã médio da Fiat que ganha força: o novo motor de 2,45 litros tem 160 cv e esbanja torque

Texto e fotos: Fabrício Samahá

Este será mesmo o "ano dos motores" para a Fiat. Começou com o 1,75-litro para o Brava HGT, prosseguiu com o Fire 1,25-litro para a família Palio e chega, agora em agosto, a uma unidade maior e mais forte para o Marea e a Marea Weekend: cinco cilindros, 2,45 litros, 20 válvulas e 160 cv de potência -- o mesmo utilizado pelo italiano Lancia Kappa, mas com 175 cv.

Ao substituir o dois-litros de 142 cv que os equipava desde o lançamento, em 1998, a marca de Betim, MG, revela claramente sua intenção: posicioná-los em um segmento superior ao que na verdade ocupam, tornando-os mais potentes que as versões de quatro cilindros do Vectra, Laguna, Xantia, Peugeot 406 e outros modelos da classe média-grande. Dos quatro motores que já haviam dotado os Mareas, apenas dois permanecem ao lado da novidade: o 1,75-litro de 132 cv e o turbo de dois litros e 182 cv.

Por fora, apenas as novas rodas e outros detalhes identificam o Marea revigorado. Mas a diferença é notada logo ao primeiro contato
Aqueles que nos viram com uma Weekend HLX, durante a avaliação efetuada na semana anterior à do lançamento, pareciam não entender por que um carro desse porte com motor de 142 cv teria sido modificado. Donos de Marea dois-litros, no entanto, saberiam a resposta: o motor anterior não fornecia o torque em baixos regimes desejado de um sedã ou uma perua familiar.

Torque foi mesmo o objetivo do motor de 2,45 litros, que a Fiat anuncia como 2.4, rompendo um hábito de arredondar para cima a cilindrada efetiva (
saiba mais). Com 22,4% a mais de capacidade cúbica, ganhou 18 cv (12,6%) de potência máxima. Já o torque cresceu 16%, passando de 18,1 para 21 m.kgf. Mais do que isso, o regime em que ocorre o ponto máximo caiu de 5.000 para 3.500 rpm e a distribuição é muito mais homogênea por toda a faixa útil: basta citar que, a baixas 1.500 rpm, já estão disponíveis 95% do torque.
O ganho em desempenho absoluto é discreto, mas aparece nitidamente nas retomadas em baixo regime, como ao passar por lombadas, ou em subidas
Elemento importante para obter esse resultado é o coletor de admissão (confeccionado em plástico) de geometria variável, já empregado no motor 1,75, mas não no dois-litros. O comando de válvulas permanece com variador de fase, outro recurso benéfico ao torque. E a suavidade de funcionamento não foi prejudicada pelo curso mais longo dos pistões (90,4 mm contra 75,65 mm, tendo o diâmetro passado de 82 para 83 mm), em função da árvore de balanceamento que anula vibrações.

O 2,45 também adota acelerador eletrônico (drive by wire), como no Palio Fire, que concorre para respostas mais suaves ao pisar ou tirar o pé bruscamente do pedal, e sistema de alimentação de combustível sem retorno para o tanque, mais seguro em colisões porque a gasolina deixa de chegar ao motor quando se desacelera.
O variador de fase do comando de válvulas permanece, mas o coletor de admissão de geometria variável vem auxiliar na distribuição de torque: 95% disponíveis a 1.500 rpm!

O desempenho absoluto dos novos Mareas não surpreende. A velocidade máxima do sedã passou de 204 para 210 km/h (Weekend, de 201 para 205 km/h) e a aceleração de 0 a 100 km/h leva 8,6 s, contra 9,3 s (Weekend, antes 9,8 s, agora 9 s). Os melhores resultados aparecem no uso cotidiano, sobretudo se houver reduções freqüentes, como semáforos e lombadas, e topografia rigorosa (muitas subidas). O novo motor está sempre disposto, pronto a retomar velocidade sem exigir mudanças de marcha.

O ronco esportivo do escapamento, típico do carro e apreciado por muitos usuários, foi mantido, mas parece um pouco mais encorpado. A diferença é que não se precisa conviver com ele o tempo todo, pois o motor move bem o carro em regimes inferiores, nos quais o nível de ruído é bastante baixo, e o diferencial alongado em 13,3% (de 3,867 para 3,353) permite viajar em rotação menos elevada -- cerca de 3.000 rpm a 120 km/h em quinta.
Continua

Brava Marea 1,75 e 2-litros
Marea 2,45-litros Marea Turbo
O jogo das grades: a do Marea dois-litros recebia uma moldura cinza-grafite, eliminada no Turbo em favor de um contorno interno de mesma cor e, agora, cromado no 2,45-litros. A parte externa, na cor da carroceria, passa a ser igual à do Brava, mas este vem com tela mais aparente
Desta vez, 2,45 litros vendidos como 2.4
O leitor certamente vem percebendo nosso critério técnico em definir os recentes motores da Fiat -- o Fire 16V e o do Brava HGT -- por sua cilindrada efetiva, 1,25 e 1,75 litro, em vez dos redondos 1.3 e 1.8 mencionados pela marca. Agora a situação se inverte: o novo Marea é claramente um 2,45-litros (2.445 cm3), mas recebe a denominação 2.4, que indica arredondamento para baixo.

Embora isso represente pouco no desempenho do veículo, o Best Cars Web Site acredita que o leitor deva estar ciente dessas estratégias de marketing, assim como em 1999 desmascaramos que a "terceira geração" do Gol tratava-se de mera reestilização (
saiba mais). Não é demais lembrar que, em outros tempos, a Fiat vendia seu menor motor como um legítimo 1.050 -- não como 1.000, muito menos como 1.100 ou 1,1 litro.

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