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A aplicação mais audaciosa surge em 1967, com o lançamento do NSU Ro 80: um sedã compacto, vencedor do prêmio Carro do Ano europeu. Com 115 cv, dois rotores, ágil, aerodinâmico e moderno, causou grande procura nas revendas. Contudo, os infindáveis problemas de vedação (o material de vedação dos vértices do rotor era de baixa resistência), o consumo de lubrificante e as constantes paradas na oficina arruinaram sua reputação e a da fábrica. Acabou sendo absorvida pelo grupo VW, que não mais produziu este tipo de propulsor. Feliz Wankel, por sua vez, faleceria em 9 de outubro de 1988.

  O primeiro Mazda RX-7 chegou em 1978: um esportivo leve, aerodinâmico e de belo desenho
Como funciona   O funcionamento do motor Wankel difere dos tradicionais pelo fato de não apresentar movimentos ascendentes e descendentes (ou seja, a subida e descida de cada pistão), o que proporciona menor vibração torcional. Em linhas gerais seu funcionamento assemelha-se ao de um motor dois-tempos, em que o pistão, durante seu movimento, descobre, abre e fecha as janelas do cilindro.

Em teoria, possui uma série de vantagens: menos vibrações, ruídos e perda de energia com atritos internos. Um motor Wankel com dois rotores equivale a um motor convencional de seis cilindros, sem utilizar válvulas, árvore de comando e virabrequim. Por isso é mais leve e compacto (possui a terça parte dos componentes móveis de um motor a pistão), ocupa menor espaço no cofre do motor e permite desenho mais aerodinâmico da frente do veículo, além de baixo centro de gravidade.

O Wankel é constituído de uma carcaça externa, o estator, cujo interior apresenta forma ovalada. Nele um rotor triangular se movimenta, por intermédio de uma engrenagem central que, girando excentricamente, mantém contato constante dos vértices do rotor com a superfície interna do estator. Um sistema planetário de engrenagens liga o rotor a um eixo motor (ou de saída), que gira com o triplo da rotação do rotor. Este eixo excêntrico, que equivale ao virabrequim de um motor a pistão, é guiado por uma coroa interior, engrenada com um pinhão ancorado sobre uma das faces laterais da carcaça.

Ford e General Motors também
estudaram sua aplicação, como
no conceito XP-897 GT da
GM (foto), mas a crise do petróleo
e as normas de emissões
rigorosas nos EUA
engavetaram os projetos

Entre os três lados do rotor e a carcaça do motor situam-se três espaços, ou câmaras (resultado da interseção de dois cilindros, chamada de epitrocóide), sendo o seu volume variável em função do aumento ou diminuição da rotação do motor. A estrutura oca (carcaça, equivalente aos cilindros dos motores a pistão) pode alojar um ou mais rotores, sendo o mais comum a apresentação de dois rotores e duas velas de ignição.

Os dutos de admissão e escapamento são descobertos sucessivamente pelo rotor, ocorrendo um ciclo de quatro tempos em cada câmara. Como existem três câmaras entre os lados do rotor triangular e o bloco, ocorrem três tempos de fogo em cada rotação do motor, ou seja, uma explosão a cada revolução do eixo motor, já que este dá três voltas enquanto o rotor completa uma.

As maiores dificuldades em sua aplicação em larga escala são a vedação interna entre as câmaras, baixa durabilidade e alto consumo de combustível. Nos três vértices do rotor deve existir um sistema eficaz de vedação para que não haja perdas de gases e comunicações entre as câmaras, sendo este seu maior ponto de vulnerabilidade. Depois de eliminados os processos de fugas internas -- através de um processo de fundição e de um recobrimento resistente ao desgaste via eletrodeposição -- nos vértices do rotor, melhoraram o consumo e o desempenho, mas sem atingir os níveis dos motores convencionais.
Nos anos 90 o RX-7 manteve-se desejado, com estilo muito atraente e dois rotores de 654 cm3, que se equivaliam a um 6-cilindros de 2,6 litros
Devido ao formato alongado da câmara de combustão, há certa dificuldade de propagação da frente da chama, o que acaba provocando altas taxas de emissão de hidrocarbonetos (HC) e consumo elevado. Por esse motivo são aplicadas duas velas de ignição com circuitos independentes e fasados. O baixo torque em rotações intermediárias -- cada vez mais importante no trânsito denso dos grandes centros -- também desmotivou sua aplicação.

Em meados dos anos 60 a Toyo Kogyo, a Citröen e a Mercedes-Benz apresentaram vários modelos com esta motorização. Foi o período de maior desenvolvimento do conceito. Com o passar dos anos, muitos fabricantes desistiram pelo caminho e só a Mazda permaneceu com sua utilização. Em 1978 surgiu o RX-7, o maior sucesso de produção com esta motorização.
Continua

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