Há quem afirme que, se os Alfa Romeos 156 e 166 tivessem tração traseira, seriam dois dos carros mais desejáveis do mundo. Não é por acaso que modelos que fascinam, como os superesportivos da Ferrari, Maserati, Porsche, Jaguar, Aston Martin, sem esquecer o Dodge Viper e o Chevrolet Corvette, têm a tração "nas rodas que Deus quis que fossem as motrizes", nas palavras do experiente jornalista especializado canadense Jim Kenzie.
E não se pode esquecer que o supra-sumo do desempenho de um automóvel tem num dos seus alicerces a tração traseira: os carros de Fórmula 1. 
Um
carro para o prazer de dirigir: o BMW
Série 3, também símbolo da tração traseira Onde os carros de tração traseira perdem para os de tração dianteira é no espaço útil -- mais nos carros pequenos. Quem não se lembra de como o imprescindível túnel do cardã prejudicava o espaço interno e de bagagem do Chevette? Tomando como exemplo o BMW Série
3 (um médio-grande de cerca de 4,5 metros), porém, já não haveria ganho apreciável se fosse de tração dianteira.
Em contrapartida, como está constituído, com sua distribuição de peso 50-50%,
esse alemão é um dos melhores exemplos de sedãs médios do mundo, se não o melhor. Seu comportamento dinâmico é magistral e irrepreensível. |

Ferrari,
Porsche, Maserati: supercarros
só usam tração traseira -- ou integral Mas uma perda de espaço inevitável é causada pelo túnel da transmissão, que torna o lugar do meio desconfortável, mesmo nos sedãs grandes, e faz deslocar os pedais para a esquerda, algo incômodo nesse modelo alemão até hoje.
O que a tração traseira inviabiliza até certo ponto é a instalação transversal do motor, em que seria preciso um par angular de engrenagens para mudar os sentidos de rotação em 90°, com reflexos no custo e nas perdas de transmissão. Mas há casos conhecidos dessa configuração, como o Fiat Panda 4x4, o VW Golf e o Audi S3 com tração integral e utilitários esporte como Honda CR-V e Toyota RAV4
(em breve também o nacional Ford EcoSport).
Outro aspecto desfavorável nos carros de tração traseira (e motor dianteiro) é a falta de tração em pisos escorregadios, que pode ser desconcertante -- imagine-se não
conseguir chegar à casa de campo de um amigo porque a chuva deixou a estrada de acesso intransitável para o carro.
Mas todas essas pequenas desvantagens da tração traseira são recompensadas por um imenso prazer de dirigir, uma sensação de domínio da situação tal que até uma ida à locadora de vídeo, a alguns quarteirões de casa, quadras adiante nos faz torcer para que ela se repita o quanto antes. |