O Columbia Electric Car de
1898, primeiro modelo com lâmpada elétrica
A Cadillac introduziu vários
passos da evolução dos faróis, que eram duplos e tinham comutador
automático de facho no Eldorado de 1959 |
Quem viaja à noite em um automóvel moderno, sobretudo os dotados de
lâmpadas de xenônio, pode se perguntar: o que seria dos motoristas se
não existissem os faróis? De fato, estamos habituados de tal forma a
enxergar bem nas viagens noturnas que fica difícil imaginar como já foi
precário circular de carro depois do pôr-do-sol.
Esses sistemas de iluminação surgiram quase ao mesmo tempo que o próprio
automóvel. Foi na década de 1880 — a mesma da apresentação do pioneiro
Benz Patent-Motorwagen — que começaram a
ser usados faróis com óleo ou acetileno, estes mais populares por sua
resistência ao vento e à chuva. Lâmpadas elétricas viriam só em 1898
como opcionais no Columbia Electric Car, fabricado pela Electric Vehicle
Company nos Estados Unidos. Mas a dificuldade de produzir dínamos
pequenos e potentes o suficiente, associada à curta vida útil dos
filamentos, fez com que esse tipo de lâmpada demorasse a se consagrar.
Ainda na primeira metade do século passado, diversas evoluções tornaram
os faróis mais eficientes. Os fachos alto e baixo apareceram em 1915 e,
dois anos depois, a Cadillac adotou um comando interno para essa
seleção, sem que o motorista precisasse descer do carro. Em 1924 a
lâmpada Bilux trouxe ambos os fachos na mesma peça. A Cadillac também
introduziu faróis de neblina, em 1938; um sistema automático para baixar
o facho quando detectasse outro carro em sentido contrário, em 1952; e
um mecanismo para acender e apagar as luzes conforme a luminosidade
ambiente, em 1964.
Mundos separados
Os EUA lançaram em 1940 os faróis do tipo selado (sealed beam, cuja
pronúncia aproximada "silibim" tornou-se popular no Brasil), em que
refletor, lâmpada e lente vinham integrados de maneira a não se separar.
Além da vantagem natural de proteção contra poeira e umidade, esse tipo
tinha fácil alinhamento do facho e tendia a mantê-lo por muito tempo.
Por outro lado, em caso de queima da lâmpada todo o conjunto tinha de
ser trocado.
Os americanos logo tornaram obrigatório esse padrão, de início com
formato circular e diâmetro de sete polegadas (178 mm), mais tarde com
permissão à forma retangular e do uso de dois circulares menores em cada
lado. Já na Europa os faróis selados nunca foram populares, os
retangulares apareceram em 1961 e as lâmpadas de halogênio (com
filamentos incandescentes), lançadas um ano depois, tiveram grande
aceitação — mas estiveram proibidas nos EUA até 1978. Isso levou a uma
separação entre os Estados Unidos e o resto do mundo. Por décadas,
fabricantes europeus precisaram modificar os faróis e até o desenho da
frente para exportar seus carros à América, que exigiu o sistema selado
até 1983.
Mesmo as lentes do tipo carenagem estiveram proibidas no mercado
americano. Por outro lado, mecanismos que mantinham os faróis ocultos
quando apagados eram permitidos. Hoje não há diferenças nas regras sobre
formato e tipo de lâmpada, mas ainda existem padrões seguidos nos EUA e
em outros mercados. A Comunidade Européia estabelece o facho baixo do
tipo assimétrico, em que no lado direito há maior alcance — ou o
contrário em países com
direção pela esquerda da via, caso da Inglaterra.
Continua |