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Técnica

Com os parâmetros de um 2,0 litros típico e pneus 195/60-15, sua capacidade de rampa seria de 41%.

O leitor pode não ter notado, mas o que foi dito nessa parte não entrou no mérito das relações das marchas e do diferencial. É depois de definir todo o conceito que serão calculadas as relações, de maneira que esses efeitos sejam produzidos.

Para finalizar, um exemplo prático: Corsa Wind 1,0-litro. A quarta marcha nos dois primeiros anos virou a quinta em 1996 (permanecendo até há pouco tempo), ambas resultando em algo próximo a 27 km/h por 1.000 rpm. Só não ficaram exatamente iguais porque, em simultâneo à modificação, o diferencial passou de 4,53:1 para 4,31:1, resultando num efeito de quinta quase 5% mais longo.

Com a mudança, o motor não mais passava de 5.500 rpm à velocidade máxima de 150 km/h (obtida com o motor de injeção multiponto e 60 cv), 500 rpm abaixo da rotação de potência máxima. Portanto, a velocidade final ficou abaixo do que seria possível, pois o motor não chegava a desenvolver toda a potência nessa marcha. Apesar disso, a 120 km/h o motor "gritava" a 4.500 rpm, o que também era desagradável.

Corsa Wind: escalonamento incorreto
para o motor de 60 cv adotado em 1996

Na primeira versão do Wind, de 1994, viajava-se a 3.700 rpm em quinta a 120 km/h (32,2 km/h por 1.000 rpm). A 145 km/h, velocidade máxima com o motor de injeção monoponto e 50 cv de então, a rotação chegava a 5.650 rpm em quarta, ainda 150 rpm abaixo do giro de maior potência -- não era perfeito, mas aceitável.

Como se pode ver, calcular os efeitos de um câmbio pode não ser tão simples, mas também não é nenhum bicho de sete cabeças. É algo em que os fabricantes têm o dever de caprichar sempre.

Gráficos de velocidade
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Os gráficos de velocidade são úteis por permitir visualizar rapidamente o efeito de rotação e velocidade em cada marcha. São particularmente importantes para quem lida com câmbios de competição como o Hewland, em que se podem trocar as relações de marcha rapidamente, sem precisar retirar o câmbio do carro. O gráfico impresso, assim, constitui valioso auxiliar de pista. Só que hoje os computadores laptops invadiram os boxes e os gráficos podem ser consultados rapidamente nos monitores.

Aqui estão dois exemplos reais de câmbios de cinco marchas, em um mesmo automóvel (o Santana de 1,8 litro), que fornece potência máxima a 5.200 rpm.

No gráfico à esquerda está o câmbio chamado de cinco marchas reais (escalonamento fechado), adotado a partir do modelo 1986. Ele possibilita que o veículo atinja velocidade máxima na última marcha, no caso 168 km/h a 5.000 rpm (um pouco abaixo da rotação de potência máxima, que corresponderia a 175 km/h).

O outro (à direita), 4+E (aberto), equipava o Santana entre 1984 e 1985 e chega à mesma máxima em quarta, sendo a quinta projetada para alcançar 206 km/h -- o que naturalmente não ocorre, por não haver potência para vencer a resistência do ar. Por se tratar de valores apenas teóricos, 175 e 206 km/h, estão indicados em vermelho.

Vê-se que nos dois escalonamentos mostrados a primeira tem idêntico alcance, 41 km/h, o que torna os dois carros iguais em capacidade de arrancar em rampa. No 4+E, segunda, terceira e quarta marchas chegam a velocidades maiores, como é de se esperar.

A questão de aberto e fechado fica bem visível nas linhas que correspondem a cada marcha, mais afastadas no primeiro caso e mais próximas no segundo. O leitor pode facilmente observar qual a queda de rotação nas trocas de marchas baixando uma linha vertical a partir de cada limite (5.200 rpm), até encontrar a marcha seguinte, e lendo no eixo vertical do gráfico qual a rotação do motor no momento em que a próxima marcha seguinte é engatada (e a embreagem é acoplada).

Construir o gráfico é simples. Basta calcular a velocidade em cada marcha, a 1.000 rpm e na rotação que se queira considerar como limite; depois, aplicar os pontos nos dois eixos e traçar as retas. O horizontal é o da velocidade e o vertical, da rotação. Uma folha de papel milimetrado, à venda em papelarias, facilita bastante.

Para calcular é preciso conhecer a circunferência do pneu (saiba como obtê-la). Em toda avaliação completa do BCWS os dados da transmissão são informados e estão à disposição do leitor.

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