Apresentação
Tamanho
econômico
![](carros/mercedes/smart-16.jpg)
Ganha
as ruas o pequeno MCC Smart, de 2,5 metros,
criado
numa parceria entre Mercedes e Swatch
Texto: Henrique
Mendonça
Edição:
Fabrício Samahá
Com o trânsito dos grandes centros cada vez mais caótico, o
mercado dos carros compactos não pára de crescer e até mesmo
as marcas mais conservadoras se rendem. Prova disso é o MCC
Smart, carrinho de apenas 2,5 metros de comprimento e 1,45 metro
de largura, feito em conjunto pela Mercedes e pela SMH --
fabricante dos relógios suíços Swatch -- e que chegou em
outubro de 1998 ao mercado europeu, um ano após sua
apresentação no Salão de Frankfurt.
Mercedes e Swatch fundaram em 1994 a MCC (Micro Compact Car)
especialmente para produzir o Smart, nome que além de esperto,
em inglês, significa Swatch Mercedes Art. Seu design,
de tirar a atenção, deve agradar principalmente aos jovens. A
carroceria é bicolor, e apesar de detalhes metálicos,
construída toda em plástico. A profusão de cores também se
aplica ao interior. Todas as partes da carroceria e dos
revestimentos internos podem ser substituídas em poucas horas, a
gosto do freguês e a um custo reduzido -- cerca de US$ 850 para
os painéis externos.
![](carros/mercedes/smart-11.jpg) ![](carros/mercedes/smart-painel2.jpg) ![](carros/mercedes/smart-painel.jpg)
Cores fortes
por fora e por dentro, componentes de fácil substituição
e instrumentos centrais do painel com a assinatura dos relógios
Swatch
Apesar de minúsculo, o Smart oferece conforto para duas pessoas
e um porta-malas razoável de 150 litros. Utiliza uma plataforma
do tipo "sanduíche", como no Mercedes Classe A, na
qual há uma camada para o motor e demais partes mecânicas, e
outra acima destinada aos ocupantes. O lançamento foi adiado por
sua reprovação no "teste do alce", prova que avalia a
estabilidade em desvios de emergência, como ocorreu pouco antes
com a Classe A. Para superar o problema o Smart foi equipado com
o controle eletrônico de estabilidade Trust, aliado a freios
antitravamento.
A preocupação com a segurança passiva é extensa: bolsas
infláveis dianteiras e laterais, estrutura rígida com partes em
alumínio, carroceria feita com materiais deformáveis. Assim
como os outros Mercedes, o Smart foi submetido a testes de
colisão, nos quais se saiu muito bem. Numa batida frontal contra
um Classe E só a coluna A foi danificada, o pára-brisa nem
mesmo rachou e o habitáculo continuou intacto. A fábrica o
considera tão seguro em acidentes quanto essa linha da Mercedes,
razão para a exposição dos dois modelos após impacto no
Salão de Frankfurt do ano passado.
Controle de tração e freios
antitravamento de série, quatro bolsas infláveis: atenção à
segurança
O motor, dianteiro, é um Mercedes de três cilindros, 600 cm3,
turbocompressor de controle eletrônico Garrett e pressão de
superalimentação de 0,8 kg/cm2 (1 kg/cm2 em modo de
sobrepressão). Há duas versões de potência (45 e 55 cv),
suficientes para o trânsito urbano. A mais forte leva o Smart a
60 km/h em 6 segundos e a 100 km/h em 19 segundos, e chega a 130
km/h de velocidade máxima (limitada). Bem econômico, roda até
25 km/l. O desempenho poderia ser melhor, não fosse o alto peso:
720 kg, só 170 kg a menos que um Ford Ka, que é bem maior e
oferece mais dois lugares.
O câmbio de seis marchas SoftTip não tem embreagem: basta um
toque para frente ou para trás para a mudança de marcha. Quando
o carro pára o câmbio volta automaticamente para a primeira.
Há opção do câmbio semi-automático SoftTouch, que seleciona
a marcha adequada a um só toque. O comando do acelerador,
eletrônico, dispensa o cabo. As rodas (de aro 15 pol. e em
alumínio como opcional) têm medidas curiosas: mais estreitas na
frente, com pneus 155/60, e quase esportivas na traseira, com
pneus 175/55.
O interior do Smart é bem interessante. São tantas inovações
estilísticas que descobrir todas elas requer tempo. Mas os
destaques ficam por conta dos revestimentos coloridos e dos
instrumentos com algumas funções analógicas e outras digitais.
Conta-giros e relógio ficam no centro do painel e são assinados
pela Swatch. Os demais instrumentos ficam em uma meia-lua em
frente ao motorista. Outro detalhe interessante é que a
ignição fica atrás da alavanca do câmbio. Assim como as
portas, as janelas são bem grandes, garantindo ótima
visibilidade. A qualidade de alguns plásticos, porém, lembra a
de miniaturas de montar e deixa dúvidas quanto à resistência
à ação do sol.
Três são as versões iniciais. Smart & Pure é a
básica, com motor de 45 cv; a Smart & Pulse traz
motor de 55 cv, teto de vidro transparente e oferece as opções
de câmbio SoftTouch, ar-condicionado e interior em couro. Uma
série limitada de 7.500 unidades, Smart Limited/1, traz
esses itens e as rodas de alumínio de série. Para 1999 está
prevista a chegada de versão turbodiesel, também com motor
Mercedes.
Duas opções de motores e três de
acabamento, sempre com câmbio semi-automático: proposta urbana
O Smart será vendido em 110 Smart Centers, lojas
especiais com arquitetura em comum (como franquias), na
concepcão de um mini-prédio, sendo compostas de um elevador de
veículos bem visível, uma zona circular destinada às vendas e
aos escritórios, e uma oficina de forma retangular. Serão
quatro tipos de lojas de acordo com a expectativa de vendas -- de
400 a 1.500 unidades/ano. Na Holanda, onde se planejam vender
cerca de 5.000 carros por ano, já há quatro Smart Centers. Nos
EUA, graças à fusão Daimler-Chrysler, ele será vendido nas
concessionárias Chrysler.
O tempo de produção de cada carro é pequeno, entre quatro e
cinco horas, e a estimativa de produção chega a 200.000
unidades por ano. As principais peças já vem pré-montadas dos
fornecedores e são ajuntadas na unidade central, em Hambach,
França. A quem duvida da proposta do Smart, Nicholas Hayek,
presidente da SMH, desafia: "Diziam que nós venderíamos 10
mil relógios Swatch. Já vendemos mais de 240 milhões."
Ele pode estar certo.
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