


A carroceria da
perua, fabricada por Pininfarina, incluía defletor do tipo Naca
no fim do teto; a versão limusine media 30 cm a mais que o sedã


Em 1989 o Thema
ganhava motores de 16 válvulas (o turbodiesel era também novo),
faróis mais baixos e suspensão com controle eletrônico

As últimas mudanças
vinham em 1992, como as luzes no para-choque e um legítimo motor
italiano, o Alfa Romeo V6 de 3,0 litros, em vez do PRV |
Dois anos
depois do sedã, a Lancia apresentava a perua Thema Station
Wagon, com formas retilíneas e charmosas. Curiosamente, o
estúdio Pininfarina é
que foi encarregado de adaptar a nova traseira, além de produzir
sua carroceria em Borgo San Paolo, também em Turim. Havia nela
um recurso para manter limpo o vidro traseiro, sempre sujeito ao
acúmulo de sujeira em peruas por causa da baixa pressão de ar
atrás do carro em movimento. O teto vinha rebaixado na seção
central traseira e encontrava um defletor que forçava parte do
ar a descer para o vidro, em um método percebido apenas ao se
ver o carro por cima. O esquema é conhecido como tomada de ar
Naca, sigla do órgão governamental norte-americano National
Advisory Committee for Aeronautics, antecessor da Nasa.
Aparecia também em 1986 o mais interessante Thema, o 8.32. A
designação indicava o uso de motor de oito cilindros em "V" e 32
válvulas, cedido por ninguém menos que a Ferrari. Basicamente a
mesma unidade do 308 QV
da época, tinha 2.927 cm³ e algumas diferenças — como
virabrequim, diâmetro de válvulas e ordem de ignição — que
buscavam mais "civilidade", isto é, funcionamento mais suave e
silencioso e entrega de potência gradual. Mesmo assim, seu
desempenho era respeitável: com 215 cv a 6.750 rpm e 29 m.kgf a
4.500 rpm, o sedã cumpria o 0-100 em 6,8 segundos (apenas 0,2 s
a mais que o "primo" de Maranello), apesar do peso de 1.400 kg,
e atingia 240 km/h. Foi por bom tempo um dos carros de tração
dianteira mais potentes do mundo.
Não era difícil reconhecer um 8.32 depois que ele o
ultrapassasse, pois havia um alto aerofólio retrátil que se
erguia sobre a tampa do porta-malas quando desejado,
ocultando-se quando o motorista preferisse. Outras diferenças
visuais da versão eram as rodas Speedline de 15 pol com pneus
205/55, grade de alumínio inspirada em Ferraris dos anos 50,
para-choque dianteiro com maiores tomadas de ar, saias laterais
e dupla ponteira de escapamento. O acabamento interno de alto
padrão incluía revestimento em couro da grife Poltrona Frau até
mesmo no painel, detalhes em madeira legítima (raiz de nogueira)
e teto forrado em camurça sintética. Os bancos dianteiros e
traseiros tinham ajuste elétrico e o ar-condicionado era
automático.
A parte mecânica completava-se com suspensão mais baixa e firme,
direção ZF com controle eletrônico da assistência e freios mais
potentes. Disponível apenas com volante à esquerda, esse sedã
esportivo — que trazia sobre o cabeçote a inscrição "Lancia by
Ferrari" — teve menos de 4.000 unidades fabricadas, das quais 64
saíram em uma edição especial numerada na cor vermelha Ferrari.
Conta-se que uma só 8.32 SW foi construída — para Gianni Agnelli,
presidente da Fiat.
Com a adoção de catalisador, entre 1987 e 1989 conforme a
versão, os motores do Lancia ficavam menos potentes. O 2,0
aspirado caía para 116 cv, o
turbo para 150 cv e o V8 para 205 cv, enquanto o V6 mantinha a
potência, mas perdia torque. Também em 1987 a Lancia passava a
oferecer uma versão limusine, alongada em 30 centímetros entre
os eixos, o que resultava em aspecto algo estranho porque as
portas não mudavam — a adição estava entre as dianteiras e as
traseiras.
A segunda série do Thema era apresentada em outubro de 1988 com
novos faróis (agora com as luzes de direção em uma faixa
inferior), rodas de 15 pol para as versões Turbo e V6, comando
hidráulico de embreagem e suspensão opcional com controle
eletrônico de amortecimento e nivelamento automático de altura
na traseira. Os motores de 2,0 litros ganhavam quatro válvulas
por cilindro, o que impulsionava a potência e o torque para 146
cv e 17,6 m.kgf, no aspirado, e 180 cv e 27,5 m.kgf no turbo —
cujo torque ainda não alcançava o da antiga versão de duas
válvulas sem catalisador. Na versão turbodiesel, nova unidade de 2.499 cm³ trazia aumento para 118 cv.
No Salão de Paris de 1992, para alívio dos fãs, o motor PRV era
substituído pelo Alfa Romeo V6 de 2.959 cm³, duas válvulas por
cilindro, 175 cv e 25,5 m.kgf — similar ao do 164, só que menos
potente para manter a diferenciação entre uma marca de luxo e
outra esportiva. Os propulsores de 2,0 litros estavam mais
vigorosos: 155 cv no aspirado, que adotava
coletor de admissão variável, e
205 cv no turbo, agora capaz de alcançar 230 km/h. O 8.32,
contudo, saía de produção. As alterações estéticas eram poucas:
para-choque dianteiro com luzes de posição e faróis de neblina
em uma faixa de cada lado, tampa traseira de linhas mais limpas,
acabamento Poltrona Frau para a versão LX. Com essas opções a
linha Thema se manteve até 1995, quando abriu caminho ao Kappa,
novo topo de linha da marca. |