Um Carol 600 de quatro portas foi o milionésimo carro da Mazda, mas em 1972 o modelo dava lugar ao Chantez (embaixo), de dois volumes

Em 1989 o Carol ressurgia sob a marca Autozam (em cima), que vendia também o pequeno sedã Revue ou Mazda 121, fiel ao modelo original

As últimas gerações trocaram as linhas arredondadas por outras mais retas: de cima para baixo, os modelos de 1995, 1998 e 2007

Seu minúsculo motor traseiro de quatro cilindros em linha, todo feito em alumínio, refrigerado a água e com comando de válvulas no bloco, deslocava 358 cm³ com 46 mm de diâmetro por 54 mm de curso — um dos menores quatro-cilindros de uso automotivo da história. Só o de 356 cm³ com duplo comando no cabeçote do utilitário Honda T360 o superava, por pouco, nesse aspecto. O Carol P360 produzia a potência de 18 cv e o torque máximo de 2,1 m.kgf. O câmbio manual tinha quatro marchas e a tração era traseira.
 
Independente nas quatro rodinhas revestidas por pneus 5,20-10, a suspensão também inovava. Na frente e atrás havia barras de torção de borracha e braços arrastados. A direção era por pinhão e cremalheira. O sedãzinho custava 395 mil ienes e cada litro de gasolina nele durava, em média, 14,7 quilômetros. Cabiam meros 20 litros no tanque. Em maio de 1962 foi lançada a versão Deluxe, mais sofisticada, com pintura em duas cores e motor com 2 cv adicionais. Em outubro chegava o Carol 600, com cilindrada aumentada para 586 cm³. O modelo estava um pouco mais longo (3,20 m) e largo (1,32 m).
 
Isso abriu caminho para a versão de quatro portas, lançada em novembro de 1963. As portas extras eram novidade no segmento. Assim como era conhecido como Mazda 360 ou P360 no exterior, o novo motor rendeu ao Carol o nome de Mazda 600, P600 ou N600 para exportação. Mesmo com mais concorrentes, a empresa liderava o mercado de minicarros, com 67% de participação em 1962, 62% em 1963 e 56% in 1964. A experiência do Carol serviu de referência para desenvolver o Familia, lançado em 1964. Isso foi um pouco depois de a Mazda produzir seu milionésimo carro, um Carol 600 pintado de ouro metálico.
 
Foram necessários 29 anos e quatro meses para o fabricante concluir as primeiras 500 mil unidades, mas só dois anos e dois meses para alcançar o dobro. Era o efeito de seus preciosos "kei jidosha". Com pequenas alterações de estilo, como na dianteira, o Carol duraria até 1972. Foi quando o Chantez de dois volumes passou a representar a marca no segmento, que o fabricante abandonaria em 1977. O nome Carol se manteria um capítulo bem-sucedido da história pregressa da Mazda até que, no Salão de Tóquio de 1989, fosse resgatado para identificar o novo minihatch da marca.
 
Era a volta da Mazda aos carros K, dessa vez com fabricação da Suzuki, especialista em minicarros. A plataforma com 2,33 m de entre-eixos vinha do Suzuki Alto, mas o moderno e gracioso desenho arredondado prenunciava o apogeu do estilo da Mazda nos anos 90. A placa dianteira situada à esquerda da grade e o teto opcional de lona, preso às colunas, lhe conferiam personalidade própria. O modelo foi batizado de Autozam Carol. Na virada dos anos 80 para os 90, a Mazda criara com a Autozam uma divisão para seus minicarros no Japão, em que o destaque era o esportivo AZ-1, com suas portas asa-de-gaivota.

O Carol podia ter tração dianteira ou nas quatro rodas, este um recurso frequente nos carros japoneses. O motor de três cilindros com comando no cabeçote e 547 cm³ (o governo havia autorizado cilindrada máxima de 550 cm³ para os carros K em 1976) fornecia 40 cv e 4,3 m.kgf. Eram valores suficientes para um hatch de apenas 3,19 m de comprimento, 1,39 m de largura, 1,41 m de altura e 580 kg. O Carol acelerava com agilidade e chegava a 125 km/h. Mas já em 1990, quatro meses após ser apresentado, esse motor foi trocado por um de 657 cm³ para aproveitar o novo limite permitido pelo programa do kei jidosha, 660 cm³). Alimentado com carburador rendia 52 cv, e com injeção, 55 cv. Em 1991 ganhou até versão com turbocompressor, capaz de 61 cv a 6.000 rpm. Havia câmbios manuais de quatro ou cinco marchas ou automático de três. Atingia de 130 a 145 km/h.
 
Paralelo a isso, a marca desenvolvia o minisedã Autozam Revue (Mazda 121 em outros mercados), lançado em 1991. Com seu estilo cheio de carisma e opção de teto de lona, ele vinha nas versões de 1.139 cm³ e 56 cv ou 1.324 cm³ e 72 cv. Se não tinha o nome, o Revue/121 mantinha a alma do Carol original. Em 1995, o Autozam Carol 660 ganhou reestilização com faróis aprofundados e teto mais alongado na traseira. Este estilo e o Revue/121 durariam até 1998. Para a linha 1999, o Carol voltava a ser um Mazda mesmo no Japão.
 
Com estilo mais discreto e formal, tornava-se um hatch de cinco portas. Era, na realidade, o Suzuki Alto com acabamento Mazda e contava também com um motor atualizado de duplo comando de 658 cm³, que rendia 45 cv e 5,8 m.kgf ou 53 cv e 6,3 m.kgf, conforme a versão. Outros produtos da Mazda usaram a mesma plataforma, como o AZ-Offroad (clone do Suzuki Jimny) e o AZ-Wagon (clone do Wagon R), lançados em paralelo. Um pequeno retoque de estilo e variador do tempo de abertura de válvulas no motor deram um fôlego extra ao modelo.
 
A geração atual, de 2004, é ainda um Suzuki Alto com detalhes da Mazda. Os traços são quase todos retos e, além de tração nas quatro rodas e bolsas infláveis, ele conta com sistema antitravamento (ABS) nos freios. Ainda que longe da originalidade e exclusividade dos kei jidosha da Mazda nos anos 60 e no início dos 90, hoje o modelo mantém viva uma história de apreço da marca pela ousadia. O Carol ainda ecoa acordes antigos, capazes de estimular o melhor da inventividade japonesa rumo ao topo do "hit parade" mundial dos minicarros.

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