Um Snipe com algo mais

Mantendo o desenho do modelo básico, o Humber Super
Snipe adicionava potência para agradar à classe média

Texto: Thiago Mariz - Fotos: divulgação

O Super Snipe chegou ao mercado em outubro de 1938 pelas mãos da inglesa Humber, que iniciou suas atividades fabris em 1868 com bicicletas, triciclos e motocicletas — aliás, uma origem comum a boa parte das marcas automobilísticas. Se hoje poucos se lembram dela, em 1913 a fabricante era a segunda maior marca do setor no Reino Unido.

O nome Snipe, que designa uma ave de bico longo, comum na América do Sul e bastante recorrente no Brasil com outros nomes — como corta-vento e maçarico-d'água-doce —, já fazia parte da linha Humber. Com a adição do prefixo Super, o modelo era resultado da união do motor de seis cilindros em linha e 4,1 litros do Humber Pullman ao chassi e à carroceria do Snipe, carro que usava um propulsor de 3,0 litros. A marca conseguiu assim um veículo de porte médio e maior desempenho: alcançava 127 km/h de velocidade máxima, bom número naquele tempo, e acelerava com alguma desenvoltura, mesmo pesando 1.535 kg.

O desenho do Super Snipe lançado antes da guerra, com formas arredondadas e pára-lamas salientes, foi recolocado no mercado em 1946

A empresa fundada por Thomas Humber já ostentava renome por conta da qualidade de construção e do acabamento esmerado de seus modelos. Com o Super Snipe não era diferente. Seu desenho seguia a escola da época, sobretudo a dos Estados Unidos. Com grandes dimensões, trazia conforto com os 2,89 metros de entreeixos e comprimento total de 4,44 m. Os faróis eram montados nos pára-lamas, que eram separados da carroceria, e o capô mais alto dava ao conjunto a robustez típica da década. O motor de 4.086 cm³ usava o antigo recurso de válvulas laterais e fornecia potência de 100 cv. A suspensão seguia a receita habitual naquele tempo: independente com molas helicoidais à frente, eixo rígido com molas semi-elíticas atrás. A tração era traseira.

De início o Super vinha em versão sedã de quatro portas e também cupê, mas em 1945 surgiria a perua e, em 1958, uma limusine, ano em que o cupê deixaria de ser produzido. O mercado que o novo modelo da Humber almejava incluía gerentes, profissionais liberais e funcionários do governo, um resumo da classe média naqueles dias. Semelhante a modelos americanos em conceito e visual, o Super Snipe tinha um preço relativamente baixo para seu tamanho e desempenho, o que dava a ele uma boa relação custo-benefício para quem procurava um carro confortável com leve dose de esportividade.

O Mark II de 1948 e o Mark III, dois anos depois, traziam mudanças apenas em detalhes; o motor permanecia o de seis cilindros, 4,1 litros e 100 cv

Apenas um ano após sua entrada em produção, porém, eclodia a Segunda Guerra Mundial, o que fatalmente destinava qualquer fábrica que utilizasse aço em seus produtos para unir esforços e matéria-prima na construção de maquinário bélico. A Humber continuou em atividade com um modelo militar e ainda apresentou um veículo leve de reconhecimento, o Humber Light Reconnaissance Car. Continua

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Data de publicação: 27/11/07

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