Do ar para a terra

Primeiro fabricante de aviões do mundo, a Voisin passou a
automóveis — e fez modelos aerodinâmicos e ousados

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação e reprodução

Gabriel Voisin nasceu em 1880 na cidade de Belleville, no interior da França, perto de Lyon. Seu irmão Charles, dois anos depois. Era a época da revolução industrial. Filho de um fundidor, nasceu cheirando as peças do forno e em meio a máquinas. Fez estudos de Belas Artes e começou, em 1903, a trabalhar na empresa de um dos pioneiros da aeronáutica francesa e mundial. Foi um grande discípulo.

Seus aviões começaram a se destacar pela robustez e eficiência. Foram os inventores do hidroavião e do rifle acoplado à fuselagem, que tinha sincronismo com a hélice, para citar os inventos mais destacáveis. Estes foram os feitos da primeira empresa de aviação do mundo, Les Frères Voisin, fundada em 1906. E Gabriel foi o homem mais jovem a receber, em 1900, uma das maiores condecorações francesas, a Legion d'Honneur.

O pequeno C4, com motor de 1,25 litro e 40 cv (acima), e a pomba com asas para cima, que ornamentava o radiador desse e de outros modelos

Em 1912 seu irmão Charles morria em um acidente de carro. Apesar de muito abalado, manteve a ambição de construir automóveis distintos, o que era um sonho de ambos. Em 1919 começou a produzir carros. A sede da empresa era em Issy-les-Moulineaux, uma pequena cidade perto de Paris. A razão social da nova fábrica era, curiosamente, Avions Voisin. Tinha o objetivo de competir com as três grandes francesas — Peugeot, Renault e Citroën.

Seu primeiro modelo foi o M1, do qual foram construídos 100 exemplares até 1920. A empresa começou a se firmar, realmente, com o pequeno C4. Já vinha com um artefato que se tornaria marcante de todos os modelos: uma pomba cromada, com asas para cima, ornamentada na parte de cima do radiador. Era grande e fazia vista. O motor do C4 não tinha válvulas. Com 1.250 cm³, desenvolvia 40 cv de potência a 4.000 rpm. Motorista e acompanhante viajavam "ao ar" e os dois passageiros, os proprietários, bem acomodados na cabine fechada. Fez sucesso.

O C28 foi o ponto alto da Voisin: um sedã amplo e luxuoso, com carroceria de alumínio e diversas versões, como esta Ambassade, de entreeixos longo

Pouco depois veio o C11, de 1928. Mais encorpado, trazia motor de seis cilindros em linha e 2.360 cm³, com caixa de três marchas. Detalhe interessante eram as malas metálicas para bagagens, que ficavam sobre os pára-lamas dianteiros, e a terceira, mais tradicional, no compartimento traseiro. Os recordes de velocidade em grandes distâncias eram o forte da empresa. Entre 1927 e 1929 bateu o recorde de 10.000 quilômetros rodando à média de 147 km/h. Em 1930, o dos 30.000 km, a 133 km/h, e no final desse ano o dos 50.000 km, a 120 km/h.

O ponto culminante da empresa foi o C28. Apresentado no Salão de Paris em 1935, era uma evolução do belo Aerodyne. Com aparência marcante, era muito imponente. Tinha frente longa, quatro portas, linhas avançadas e muito interessantes. Seu chassi, com quatro longarinas, era rebaixado e a carroceria feita em alumínio. Media 4,785 metros de comprimento e 3,28 m de distância entre eixos. Esse era o modelo básico, chamado Clarière. Um especial e mais luxuoso, denominado Ambassade, era mais longo em 35 centímetros. Também havia o Chancellerie e o Chevalière. Continua

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Data de publicação: 6/9/05

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