Gato selvagem

Munido de saudáveis V8, o Wildcat trouxe um pouco de
emoção esportiva aos carros grandes da tradicional Buick

Texto: Fabrício Samahá e Fabiano Pereira - Fotos: divulgação

Além de todo o rebuliço político, social e cultural que tomou de assalto as ruas nos Estados Unidos, a década de 1960 também é lembrada como um tempo de motores superpotentes nos carros americanos. Era uma época de gasolina barata, consumidores sedentos por desempenho e seguradoras que ainda não os penalizavam por essa predileção. Essa contagiante mania acabou atingindo até a tradicionalmente pacata Buick, que lançou o Wildcat para 1962, modelo que resgatava o nome usado em três belos carros-conceitos conversíveis apresentados pela marca entre 1953 e 1955.

A Buick foi fundada em 1903, cinco anos antes de se tornar uma divisão da General Motors. No leque de marcas do maior fabricante de automóveis do mundo, a marca sempre ofereceu modelos com luxo e conforto bem ao gosto americano, mas sem a imagem elitizada — e os preços salgados — de um Cadillac. A fórmula deu certo e, embora essa divisão da GM seja estigmatizada como marca de "carros de pai" ou "caretas", nos anos 60 ela acabou se rendendo à febre dos cavalos que assolou Detroit.

O Wildcat de 1962, seu ano de lançamento: um amplo cupê com linhas sóbrias, levemente esportivas, e motor V8 de 6,6 litros com potência bruta de 325 cv

Um dos representantes da Buick naquela época de ouro foi o Wildcat, lançado como parte da linha Invicta de plataforma grande — a maior da marca, aliás. Era um amplo e elegante cupê, com quatro faróis circulares, linhas alongadas e decoração típica do tempo, como o teto em branco e a fartura de cromados. Os "rabos de peixe" já estavam em decadência e isso se notava em seus pára-lamas traseiros, com aletas muito discretas. Vendido apenas na configuração hardtop, o Wildcat Sport Coupe custava 3.927 dólares.

Em relação ao Invicta, ele vinha com bancos dianteiros individuais, console central e conta-giros no painel. Para um comportamento mais esportivo, a suspensão (independente à frente e com eixo rígido atrás) ganhava molas mais duras e os freios (ainda a tambor) eram maiores, de 255 mm. Apesar do apelo esportivo e do nome sugestivo — wildcat significa gato selvagem —, o Buick não causou grande sensação e vendeu apenas duas mil unidades. Mas, tampouco, o novo modelo era um gato manso.

Um ano depois, pequenas novidades no estilo e mais duas versões -- hardtop de quatro portas e conversível -- que se somavam ao cupê

O único motor disponível era o V8 de 401 pol³ (6,6 litros), com comando de válvulas no bloco, potência bruta de 325 cv a 4.400 rpm e torque máximo de 61,5 m.kgf a 2.800 rpm, que também podia vir no Invicta. Medidas generosas para lidar com um carro grande e pesado: 5,55 metros de comprimento, 1,98 m de largura, 3,12 m de distância entre eixos, peso de 1.870 kg. Havia duas opções de relação para o eixo traseiro: mais curta para os adeptos de arrancadas, mais longa para uso rodoviário com menor rotação. O câmbio era automático de três marchas, e a tração, traseira.

Já no ano seguinte a oferta era ampliada com duas novas versões de carroceria: um hardtop de quatro portas, com estilo ainda esportivo, e o conversível. A primeira acabaria assumindo a liderança em vendas por boa margem. Havia também pequenas alterações estéticas, como a grade e as lanternas do pára-choque dianteiro, mas não na mecânica. A razão de tornar o Wildcat um carro um pouco mais "família" — e com uma família de versões — era que a linha 1963 da Buick apresentava o celebrado Riviera, esse sim um cupê capaz de catapultar o nome da divisão ao olimpo dos carros mais desejados da América na época. Continua

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Data de publicação: 30/8/05

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