A nuvem de prata sobre rodas

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As três séries do Silver Cloud, produzidas de 1955
a 1966, reafirmaram o caráter nobre dos Rolls-Royces

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

No começo da década de 50, a mais famosa fábrica de automóveis britânica, a Rolls-Royce Ltd., tinha uma linha de carros antiquada e pouco atraente, apesar do charme, elegância e confiabilidade. Nesta época, a empresa situada em Crewe, a 300 quilômetros de Londres, produzia o Silver Dawn (madrugada de prata) e o Silver Wraith (espectro de prata). Seus fundadores, Frederic Henry Royce e Sir Charles Stuart Rolls, já haviam falecido e não tiveram a felicidade de ver a continuidade de sua obra.

Em 1955 era lançado um novo modelo nobre: o Silver Cloud I ou nuvem de prata. Era mais um autêntico Rolls, desenhado por J. P. Blatchley. Pomposo, bonito, imponente, mas com estilo muito tradicional, no princípio não emocionou muito o público. Tinha as mesmas linhas que seu futuro irmão, o Bentley S-Type. Esta empresa de destaque fora absorvida pela RR em 1931.

A primeira e a segunda séries eram praticamente iguais no estilo, com faróis circulares, linhas alongadas, traseira curta e baixa

Com três volumes e quatro portas, pesava 2.100 kg e media 5,34 metros. Suas linhas eram curvas e bem dimensionadas sendo que, visto de lado, a traseira era bem mais baixa que a frente, tendência já abandonada por muitas marcas no final da década de 40. A carroceria era fabricada pela Mulliner, parceira tradicional da RR. E ficava mais bela ainda quando era pintada em dois tons, sendo que o superior estava acima da linha das janelas laterais. Não incluía os pára-lamas — só capô, capota e contornos do porta-malas.

Os retrovisores para o mercado inglês ficavam no meio dos pára-lamas dianteiros, e para os externos, em posição normal. O chassi tinha vigas de aço com reforço central em "X". A sofisticada grade do radiador, com a escultura Spirit of Ecstasy — "espírito do êxtase" — fundida em legitima prata, no topo, era ladeada por faróis circulares. Havia dois auxiliares menores abaixo. O mascote era preso por fios de aço para intimidar os amigos do alheio.

No interior, sofisticado como sempre, painel em madeira-de-lei, bancos de couro Connolly e o enorme volante, que destoava do conjunto

Sob o capô, que mantinha a dupla abertura, vinha um motor de seis cilindros em linha e 4.887 cm³, com cabeçote em alumínio. Como é tradição da fábrica, a potência era anunciada como "suficiente". As válvulas de admissão vinham no cabeçote e as de escapamento no bloco, a alimentação era feita por dois carburadores da marca SU e a taxa de compressão era de 6:1. A caixa automática de quatro marchas era fabricada sob licença da General Motors americana, com alavanca na coluna de direção e tração traseira.

Por dentro era muito requintado. Acomodava com muito conforto cinco passageiros. Na época dizia-se que era o primeiro Rolls que poderia ser dirigido pelo dono. Estava mais para um saloon, como os ingleses chamam os sedãs, que para uma limusine. Continua

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Data de publicação: 30/9/03

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