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Em vez de aviões, triciclos

Os pequenos Messerschmitts salvaram o ex-fabricante de
aeronaves da bancarrota e ainda provocam curiosidade

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: Fabrício Samahá (abertura) e divulgação

Fritz Fend era engenheiro aeronáutico e fabricante de máquinas na Alemanha, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Produzia em pequena escala motos, motonetas e veículos para portadores de deficiência física -- como pilotos da Luftwaffe, a Força Aérea Alemã, aposentados por invalidez --, de início movidos pelo movimento de puxar e empurrar o guidão, depois por um pequeno motor. A partir deles desenvolveria os triciclos Fend Flitzer, de um só lugar, nos modelos Type 1, Type 2 e FK 150 Kabinenroller (patinete com cabine em alemão).

O avião de caça Me-109, o mais famoso da empresa, e um modelo KR 200 (ao lado) com sua curiosa capota, quase toda de material plástico, que se erguia para o acesso dos dois ocupantes. Na foto superior, um raro Messerschmitt em encontro de antigos em Araxá, MG

Em 1952 Fend propunha uma parceria à empresa de Willy Messerschmitt, conhecida por seus aviões utilizados no conflito -- dos quais o mais famoso fora o caça Me-109 -- e na qual trabalhara àquele tempo: produzir os veículos de três rodas na fábrica de Regensburg, que fora impedida pelas Forças Aliadas de produzir aeronaves e estava inativa.

Veículos de pequeno porte eram uma solução para a Europa devastada pela guerra, já que aliavam a economia do escasso combustível a uma maior proteção contra o inverno rigoroso. O mesmo princípio havia levado a Iso italiana a conceber o Isetta (leia história). Para o ex-fabricante de aviões, era a oportunidade de voltar à atividade. Assim, em 1953 surgia o Messerschmitt Kabinenroller 175, ou KR 175.

O curioso Fend Flitzer, à direita, de um único lugar, serviu de inspiração para o
KR 175, o primeiro modelo da empresa, inativa com a proibição de fabricar aviões

Era um veículo dos mais curiosos: parecia uma motoneta com carroceria de aço, três rodas (duas à frente), dois pequenos assentos um atrás do outro (posição tandem, até hoje usada em aviões militares, que favorece em muito a aerodinâmica devido à pequena área frontal) e uma cobertura quase toda de plástico transparente, similar ao policarbonato, que se erguia para o lado para o acesso dos usuários. A cobertura era própria do triciclo e não uma sobra da produção de aviões, como alguns acreditam.

A aparência era no mínimo inusitada, com os faróis lembrando olhos montados no topo do capô frontal, os pára-lamas dianteiros salientes e a traseira afilada como a de uma motoneta. Media 2,8 metros de comprimento, 1,2 metro de largura e o mesmo em altura, e pesava apenas 210 kg, menos que uma moto de grande cilindrada. Atrás dos assentos havia um pequeno espaço para bagagem.

A bem-feita miniatura da Revell permite observar detalhes interessantes
do Messerschmitt KR 200. A inversão do motor permitia quatro marchas à ré!

O volante (ou guidão?), que parecia um manche de avião, tinha ligação direta com as rodas e bastava 3/4 de volta para girá-lo de batente a batente. A não ser pela pouca largura, que gerava receio em alguns motoristas, era um veículo fácil e seguro de dirigir, graças à boa distribuição de peso entre os eixos. Os pneus eram 4,40 em rodas de 8 pol de aro. Continua

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Data de publicação deste artigo: 3/12/02

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