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Um estilo que se foi

Topo de linha da Buick, o Roadmaster passou por diversas
gerações e ressurgiu nos anos 1990 sem personalidade

Texto: Rodrigo Fonseca - Fotos: divulgação

O Roadmaster sempre foi o topo da linha Buick, representando o que a marca oferecia de melhor. Estava apenas um degrau abaixo dos Cadillacs e possuí-lo significava prestígio e sucesso.

A história do Roadmaster data do fim da Segunda Guerra Mundial. O modelo dessa época, como todos os outros Buicks, trazia apenas novas versões dos veículos pré-guerra. Os motores datavam de 1936 e a plataforma de 1933. Apesar disso, devido ao bonito desenho feito por Harley Earl, o carro vendeu bem.

O primeiro Roadmaster surgiu após a Segunda Guerra: motor de 1936, plataforma de 1933 e o belo desenho de Harley Earl

Em 1949, no entanto, é que surgia um Roadmaster totalmente novo, concebido com base nas idéias de Earl, com desenho inspirado na aeronáutica e projetado por Ned Nickles, usando a nova plataforma C da GM. Essa plataforma era compartilhada com o Cadillac Series 62 e com o Oldsmobile 98, mas apesar disso o Buick conseguia um desenho único que lhe conferia personalidade própria.

O estilo esguio e imponente, com a nova grade dianteira -- cromada, como não poderia deixar de ser -- com 25 dentes, fez sucesso. Contava ainda com diversos adereços cromados na carroceria e pequenas saídas de ar falsas nas laterais do capô. Enquanto os outros Buicks possuíam apenas três saídas, o Roadmaster possuía quatro para simbolizar sua posição dentro da linha Buick.

Em 1949 chegava um modelo totalmente novo (ao lado e no alto um modelo '50). O motor de 8 cilindros em linha oferecia 150 cv brutos

Conta-se que muitos proprietários de modelos inferiores mandavam furar as laterais do capô para adotar a quarta saída, simulando um Roadmaster. Outro fato curioso é que as saídas de ar, de início abertas, foram fechadas depois que um diretor de escola reclamou que seus alunos as utilizavam para aliviar seus desejos sexuais.

O Roadmaster usava um motor de 320 polegadas cúbicas, cerca de 5,3 litros, e oito cilindros em linha. Embora não fosse moderno, gerava bons 150 cv de potência bruta, capazes de levar o carro a uma velocidade máxima de 160 km/h e acelerar de 0 a 60 milhas por hora (96 km/h) em 17 s. O consumo ficava em torno de 7 km/l.

O Roadie, como o chamam seus fãs, era equipado opcionalmente com o novo câmbio automático Dynaflow de três marchas. Tinha também uma versão perua, com colunas e porta traseira em madeira. O belo painel de linhas art déco tinha o velocímetro bem no centro do motorista, sendo por isso chamado de pilot centered.

A versão perua usava madeira nas colunas e porta traseira. A grade cromada tinha 25 "dentes", característicos da Buick

Em 1953 recebia pequenas alterações estéticas, mas a grande estrela era o motor V8. No mesmo ano tornavam-se itens de série a direção assistida e o Dynaflow. O sucesso do V8 foi tanto que ele passou a equipar 50% de todos os Buicks. Em 1955 uma grande reestilização alterava o desenho do Roadmaster: a grade de barras verticais era substituída por uma lisa cromada, mas os ornamentos no capô e as saídas de ar falsas permaneciam.

O público aprovou e foram vendidos cerca de 800 mil Roadies, colocando a Buick, que neste ano comemorava a produção de oito milhões de automóveis, como terceira maior fabricante do país. Em 1957 chegava um Roadmaster totalmente novo. A mudança, contudo, tirava do carro aquilo que lhe conferia charme -- o estilo diferenciado, a individualidade. O novo carro se parecia com qualquer outro americano do período.

O Roadmaster conversível de 1954: com o motor V8 lançado no ano anterior, direção assistida e câmbio automático Dinaflow de série

Incorporava as tendências do desenho americano dos anos 50 -- enormes barbatanas ou "rabos de peixe", cromados por toda parte, pára-choques imitando turbinas de avião e pára-brisa curvado, como a imitar o cockpit de uma aeronave. As tomadas de ar falsas, marca registrada do modelo, continuavam lá. O novo Roadmaster tinha 5,46 metros de comprimento e 1,83 metro de largura.

O motor também foi substituído por um novo V8, de 5,9 litros, que gerava cerca de 300 cv brutos e o levava a 180 km/h, fazendo de 0 a 60 milhas em cerca de 10 s. A transmissão era automática Dynaflow de duas marchas e o consumo ficava em torno de 4,2 km/l.

Apesar das mudanças, o novo Roadmaster não agradou ao público e, embora nesse ano a Buick comemorasse o carro nove milhões, as vendas caíram 24%, deixando-a em quarto lugar na indústria. Devido ao pouco sucesso dessa versão, a Buick aposentou o modelo no ano seguinte.

Depois de 33 anos a Buick relançava o nome Roadmaster em um modelo "primo" do
Chevrolet Caprice (aqui uma perua de 1996), que só sacrificou a glória do antigo modelo

Após um hiato de 33 anos, a Buick relançou o Roadmaster em 1991, mas o novo carro era não mais do que uma sombra do que fora no passado. Grande, pesado, pouco atraente e com enorme semelhança com outros modelos da GM, o Roadie perdera seus atrativos e personalidade. O motor era um V8 de 5,0 litros com injeção eletrônica, compartilhado com o Chevrolet Caprice assim como sua plataforma.

O carro continuava luxuoso, agora um sedã de quatro portas bem equipado. Era oferecida também uma versão perua -- e nem seria preciso dizer que as clássicas tomadas de ar nas laterais foram abandonadas. A GM sacrificou em um modelo sem carisma o famoso e glorioso nome Roadmaster.

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