Novo motor para o Vectra, reestilização do Toyota Corona e do Honda Accord, a chegada do
novo Passat: o segmento dos médios-grandes tem estado agitado como nunca no Brasil. Para
analisar as chances de competição da Ford neste segmento avaliamos um Mondeo GLX,
versão mais luxuosa do sedã que também oferece o acabamento CLX, mais simples, e logo
receberá um motor V6 de 2,5 litros (clique aqui para ler a
avaliação).
Com 2,70 metros entre eixos, o Mondeo pertence claramente ao segmento D do mercado. Está
portanto um degrau acima do Marea, Civic e outros médios, aos quais algumas publicações
insistem em compará-lo. Resultado de um projeto vultuoso de seis milhões de dólares, foi
lançado na Europa em 1993 e três anos depois assumiu as formas atuais, integradas ao New
Edge Design que a Ford vem propondo em toda a linha, do Ka ao Taurus. A versão GLX,
com o mesmo motor Zetec de 2 litros e 16 válvulas da CLX, custa R$ 38.684 com câmbio
manual. O único opcional é câmbio automático de quatro marchas. Todo o resto vem de
série, com destaque para duas bolsas infláveis, freios antitravamento (ABS), teto solar
elétrico e controle automático de temperatura do ar-condicionado (clique
para ver a lista de equipamentos e opcionais).
A
remodelação em 1997 deu-lhe linhas arrojadas, como nos faróis e lanternas que avançam
nos pára-lamas
As linhas sóbrias e algo anônimas do primeiro Mondeo -- dizia-se à época que pareciam
a fusão entre diversos modelos japoneses -- deram lugar a traços mais fortes e
agressivos. Faróis alongados e enormes lanternas traseiras, que avançam pelos
pára-lamas, detalhes cromados na grade e na moldura de placa traseira, a saída de ar no
pára-choque posterior: tudo concorre para um ar de grande personalidade. As opiniões se
dividem: há quem goste e quem deteste -- difícil é ficar indiferente.
Mais tradicional é o interior do Mondeo, bem-acabado como de tradição na Ford.
Modificações sutis foram feitas na remodelação da linha '97, apenas nas saídas de ar.
Disso resulta certo desacordo entre a aparência antiga do painel e volante e o arrojo das
linhas externas. Mas as críticas param por aí. O espaço interno, efetivamente amplo,
permite acomodar cinco adultos com conforto. O velho meio de comparação funciona bem
neste caso: ajuste o banco do motorista a seu porte físico e sente-se atrás. O resultado
estará entre os melhores da categoria. O banco traseiro oferece encosto de cabeça e
cinto de três pontos também para o passageiro central.
Encontrar a posição de dirigir ideal torna-se fácil com os ajustes de altura do banco
(elétrico, apenas esta função) e de altura e profundidade do volante. Este possui
quatro raios e revestimento em couro, com ótima empunhadura, e traz integrados os
comandos do controlador de velocidade. Um item de série, cabe destacar, e não vinculado
ao câmbio automático como no Vectra CD. Os comandos ficam todos à mão e há farto
espaço para objetos, como um compartimento no console central que aloja fitas-cassete,
CDs e ainda serve de porta-copos para os ocupantes do banco traseiro. Até porta-caneta
foi previsto para evitar seu transporte no bolso, perigoso num acidente. O ar-condicionado
se liga quando a ventilação é dirigida ao pára-brisa, evitando perigosos
embaçamentos. Os instrumentos básicos têm fácil leitura e o mostrador de combustível
permanece sempre ligado, conveniência típica Ford que permite saber quanto há no tanque
logo que se entra no veículo.
No
interior tradicional, volante perfeito e com dupla regulagem, ar-condicionado automático
e controle de velocidade
Embora mostre boas soluções como a parte subabdominal dos cintos dianteiros integrada ao
banco (mantêm-se em posição ideal, independente do ajuste em distância), espelho
retrovisor esquerdo convexo (aumenta o campo de visão) e limpador de pára-brisa com
intervalo regulável, o Mondeo fica devendo alguns recursos. Só há espelho, e sem
iluminação, no pára-sol direito; os controles elétricos de vidros não trazem
temporizador e o sistema um-toque fica restrito à descida da janela do motorista (no
Vectra todos sobem e descem a um toque, com antiesmagamento); e faltam cortina pára-sol
no vidro traseiro, espelho interno fotocrômico, pára-brisa degradê e mesmo luzes de
leitura.
As maçanetas internas iluminam-se com as lanternas acesas, mas poderiam ter aspecto mais
requintado que plástico fosco. O banco traseiro destrava-se apenas pelo porta-malas, o
que seria uma boa solução paro entregar o carro a manobristas -- se houvesse uma chave
adicional para esses fins que não abrisse o porta-malas... E o extintor de incêndio,
não-obrigatório lá fora e por isso aplicado aqui, fica pouco acessível à frente dos
pés do passageiro.
Mecanicamente o Mondeo não inova, mas reúne um conjunto equilibrado e eficiente. O motor
Zetec utiliza bloco de aço, e não alumínio como a versão SE de 1,4 litro do Fiesta,
mas tem o cárter estrutural em alumínio e adota a mesma injeção EEC-V, de
funcionamento impecável. Apesar do valor máximo mediano (17,9 mkgf a 3.700 rpm), o
torque disponível em baixa rotação é satisfatório e permite um dirigir tranquilo no
trânsito. O Zetec demonstra outras qualidades, como ótimo nível de ruídos e
vibrações -- apenas se nota um ronco agradável sob aceleração total -- e desempenho
bastante adequado à proposta do modelo. O controle de velocidade mantém o ponteiro
imóvel mesmo em aclives e declives médios: prático e seguro para não superar a
velocidade estabelecida em viagens. O câmbio é suave e preciso, a embreagem tem comando
hidráulico e a ré não impõe travas adicionais, apenas traz um "freio"
interno que evita arranhadas em engate rápido.
A
carroceria inclina-se nas curvas, mas com atitude neutra e previsível; ótimos freios
Apesar da procedência européia (Bélgica), o sedã da Ford revela alguma tendência
norte-americana na calibragem de suspensão, bastante macia, que permite certa
inclinação em curvas. De resto, só elogios: atitude neutra em curvas, bom comportamento
em piso irregular e baixo nível de ruído. Curioso que o automóvel utiliza esquema de
suspensão traseira mais simples que a perua da linha, dotada de multibraço. Os freios
dispõem de discos apenas na dianteira, o que pode surpreender alguns pelo padrão do
modelo, mas revelaram grande eficiência na avaliação. Até mesmo a regulagem do
antitravamento é correta, no sentido de não liberar os freios em demasia sobre estrada
ondulada.
Tudo somado, o Mondeo GLX aparece como grande alternativa no segmento. Conta com ampla
assistência técnica, demonstra ótima qualidade de construção e reúne os requisitos
mais desejáveis num carro médio-grande. Uma opção a considerar.
EQUIPAMENTOS
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FRENTE À CONCORRÊNCIA -
FICHA TÉCNICA
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