Mondeo GLX

Opção da Ford traz amplo espaço, mecânica moderna
e bom comportamento dinâmico num segmento disputado

Texto e fotos: Fabrício Samahá

Novo motor para o Vectra, reestilização do Toyota Corona e do Honda Accord, a chegada do novo Passat: o segmento dos médios-grandes tem estado agitado como nunca no Brasil. Para analisar as chances de competição da Ford neste segmento avaliamos um Mondeo GLX, versão mais luxuosa do sedã que também oferece o acabamento CLX, mais simples, e logo receberá um motor V6 de 2,5 litros (clique aqui para ler a avaliação).

Com 2,70 metros entre eixos, o Mondeo pertence claramente ao segmento D do mercado. Está portanto um degrau acima do Marea, Civic e outros médios, aos quais algumas publicações insistem em compará-lo. Resultado de um projeto vultuoso de seis milhões de dólares, foi lançado na Europa em 1993 e três anos depois assumiu as formas atuais, integradas ao New Edge Design que a Ford vem propondo em toda a linha, do Ka ao Taurus. A versão GLX, com o mesmo motor Zetec de 2 litros e 16 válvulas da CLX, custa R$ 38.684 com câmbio manual. O único opcional é câmbio automático de quatro marchas. Todo o resto vem de série, com destaque para duas bolsas infláveis, freios antitravamento (ABS), teto solar elétrico e controle automático de temperatura do ar-condicionado (clique para ver a lista de equipamentos e opcionais).

A remodelação em 1997 deu-lhe linhas arrojadas, como nos faróis e lanternas que avançam nos pára-lamas


As linhas sóbrias e algo anônimas do primeiro Mondeo -- dizia-se à época que pareciam a fusão entre diversos modelos japoneses -- deram lugar a traços mais fortes e agressivos. Faróis alongados e enormes lanternas traseiras, que avançam pelos pára-lamas, detalhes cromados na grade e na moldura de placa traseira, a saída de ar no pára-choque posterior: tudo concorre para um ar de grande personalidade. As opiniões se dividem: há quem goste e quem deteste -- difícil é ficar indiferente.

Mais tradicional é o interior do Mondeo, bem-acabado como de tradição na Ford. Modificações sutis foram feitas na remodelação da linha '97, apenas nas saídas de ar. Disso resulta certo desacordo entre a aparência antiga do painel e volante e o arrojo das linhas externas. Mas as críticas param por aí. O espaço interno, efetivamente amplo, permite acomodar cinco adultos com conforto. O velho meio de comparação funciona bem neste caso: ajuste o banco do motorista a seu porte físico e sente-se atrás. O resultado estará entre os melhores da categoria. O banco traseiro oferece encosto de cabeça e cinto de três pontos também para o passageiro central.

Encontrar a posição de dirigir ideal torna-se fácil com os ajustes de altura do banco (elétrico, apenas esta função) e de altura e profundidade do volante. Este possui quatro raios e revestimento em couro, com ótima empunhadura, e traz integrados os comandos do controlador de velocidade. Um item de série, cabe destacar, e não vinculado ao câmbio automático como no Vectra CD. Os comandos ficam todos à mão e há farto espaço para objetos, como um compartimento no console central que aloja fitas-cassete, CDs e ainda serve de porta-copos para os ocupantes do banco traseiro. Até porta-caneta foi previsto para evitar seu transporte no bolso, perigoso num acidente. O ar-condicionado se liga quando a ventilação é dirigida ao pára-brisa, evitando perigosos embaçamentos. Os instrumentos básicos têm fácil leitura e o mostrador de combustível permanece sempre ligado, conveniência típica Ford que permite saber quanto há no tanque logo que se entra no veículo.

No interior tradicional, volante perfeito e com dupla regulagem, ar-condicionado automático e controle de velocidade


Embora mostre boas soluções como a parte subabdominal dos cintos dianteiros integrada ao banco (mantêm-se em posição ideal, independente do ajuste em distância), espelho retrovisor esquerdo convexo (aumenta o campo de visão) e limpador de pára-brisa com intervalo regulável, o Mondeo fica devendo alguns recursos. Só há espelho, e sem iluminação, no pára-sol direito; os controles elétricos de vidros não trazem temporizador e o sistema um-toque fica restrito à descida da janela do motorista (no Vectra todos sobem e descem a um toque, com antiesmagamento); e faltam cortina pára-sol no vidro traseiro, espelho interno fotocrômico, pára-brisa degradê e mesmo luzes de leitura.

As maçanetas internas iluminam-se com as lanternas acesas, mas poderiam ter aspecto mais requintado que plástico fosco. O banco traseiro destrava-se apenas pelo porta-malas, o que seria uma boa solução paro entregar o carro a manobristas -- se houvesse uma chave adicional para esses fins que não abrisse o porta-malas... E o extintor de incêndio, não-obrigatório lá fora e por isso aplicado aqui, fica pouco acessível à frente dos pés do passageiro.

Mecanicamente o Mondeo não inova, mas reúne um conjunto equilibrado e eficiente. O motor Zetec utiliza bloco de aço, e não alumínio como a versão SE de 1,4 litro do Fiesta, mas tem o cárter estrutural em alumínio e adota a mesma injeção EEC-V, de funcionamento impecável. Apesar do valor máximo mediano (17,9 mkgf a 3.700 rpm), o torque disponível em baixa rotação é satisfatório e permite um dirigir tranquilo no trânsito. O Zetec demonstra outras qualidades, como ótimo nível de ruídos e vibrações -- apenas se nota um ronco agradável sob aceleração total -- e desempenho bastante adequado à proposta do modelo. O controle de velocidade mantém o ponteiro imóvel mesmo em aclives e declives médios: prático e seguro para não superar a velocidade estabelecida em viagens. O câmbio é suave e preciso, a embreagem tem comando hidráulico e a ré não impõe travas adicionais, apenas traz um "freio" interno que evita arranhadas em engate rápido.

A carroceria inclina-se nas curvas, mas com atitude neutra e previsível; ótimos freios


Apesar da procedência européia (Bélgica), o sedã da Ford revela alguma tendência norte-americana na calibragem de suspensão, bastante macia, que permite certa inclinação em curvas. De resto, só elogios: atitude neutra em curvas, bom comportamento em piso irregular e baixo nível de ruído. Curioso que o automóvel utiliza esquema de suspensão traseira mais simples que a perua da linha, dotada de multibraço. Os freios dispõem de discos apenas na dianteira, o que pode surpreender alguns pelo padrão do modelo, mas revelaram grande eficiência na avaliação. Até mesmo a regulagem do antitravamento é correta, no sentido de não liberar os freios em demasia sobre estrada ondulada.

Tudo somado, o Mondeo GLX aparece como grande alternativa no segmento. Conta com ampla assistência técnica, demonstra ótima qualidade de construção e reúne os requisitos mais desejáveis num carro médio-grande. Uma opção a considerar.

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