

Os irmãos Marcel, Louis e
Fernand (a partir da esquerda) e um anúncio inicial da Renault Frères;
no alto, o modelo CB Coupé de Ville de 1912

No modelo A ou Voiturette
(carrinho), primeiro automóvel de Renault, o motor de 1,75 cv vinha
associado a uma caixa de câmbio inovadora |
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O francês Louis Renault é conhecido como o industrial criador da marca
de carros que leva seu sobrenome, uma das maiores corporações
industriais de todos os tempos, e um dos pioneiros da indústria
automobilística mundial. Infelizmente seu nome também é lembrado por uma
das maiores injustiças que o governo da França cometeu no século XX.
Ele nasceu em 12 de fevereiro de 1877, em Paris. Era o quarto dos seis
filhos dos ricos fabricantes de têxteis e botões Alfred e Berthe
Renault. Louis, fascinado por engenharia e mecânica desde pequeno,
passava horas observando o carro a vapor Serpollet e os motores Panhard
no barracão da segunda casa da família, em Billancourt. Aos 22 anos, em
1899, ele construiu seu primeiro carro, o tipo A. Contratou um par de
operários para transformar um triciclo usado De Dion-Bouton, com motor
refrigerado a ar e potência de 1,75 cv, em um veículo leve com capota.
Capaz de alcançar 35 km/h, o tipo A contava com cardã articulado e caixa
de câmbio com três marchas e ré. A terceira marcha era direta, em
sistema que ele patenteou um ano depois, e já havia volante de direção,
outro avanço em uma época em que quase todos os carros usavam uma barra
de leme. Renault chamou seu carro de Voiturette, ou carrinho. Em 24 de
dezembro de 1898, ele ganhou uma aposta com seus amigos de que sua
invenção poderia bater um carro com corrente de transmissão até o
aclive da Rue Lepic, em Montmartre — bairro alto de Paris, onde fica a
Basílica de Notre-Dame.
Com a vitória, Renault recebeu 13 encomendas para o veículo. Vendo o
potencial comercial, juntou-se a dois irmãos mais velhos, Marcel e
Fernand, que tinham experiência de trabalhar em negócios empresariais
com seu pai. Eles formaram a Renault Frères (irmãos Renault) em 25 de
fevereiro de 1899. Embora no período a maioria dos carros usasse
transmissão por corrente, como nas motos e bicicletas, Renault se negava
a empregar esse sistema e produziu todos os seus carros com cardã. No
entanto, os primeiros carros feitos em série substituíram o volante pela
barra de leme.
Logo no primeiro ano, Louis e Marcel conseguiram sucesso nas competições
ao conquistar o primeiro e o segundo lugares (na ordem) na corrida
Paris-Trouville. Louis ainda venceu, no mesmo ano, em sua categoria na
Paris-Ostend. As competições automobilísticas sempre foram uma excelente
estratégia publicitária para a marca durante o período de Louis. Em 1900
os irmãos já haviam produzido 179 carros, iniciando as vendas no Reino
Unido, feitas com a marca M.C.C. Triumph. A administração da fábrica foi
entregue inteiramente aos irmãos mais velhos, com Louis se dedicando ao
projeto e desenvolvimento. Fernand cuidava da expansão da rede de
vendas, não só na Europa, como também nos Estados Unidos.
Em 1901 a marca obteve vitória na corrida Paris-Berlim. Um ano depois,
Louis criava o modelo de freio a tambor que viria a ser usado em carros
por todo o mundo. No mesmo ano era produzido o primeiro Renault com
motor próprio, um quatro-cilindros de 3,8 litros com cabeçote em "L" e
válvulas laterais — até então os motores eram fabricados pela De Dion e
pela Aster. Mas um dos irmãos não ficaria muito tempo na sociedade:
Marcel morreu em 1903, na corrida Paris-Madri, em acidente com um carro
de motor de 6,3 litros. Três anos depois, um Renault com motor de 13
litros vencia o 1º Grande Prêmio da França.
Continua
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