Na Mille Miglia de 1931, de Mercedes SSKL, a primeira vitória de um estrangeiro; embaixo, a prova de 1932 com Caracciola já na Alfa Romeo

De volta à Mercedes em 1934, o alemão vencia a Klausen Pass nos Alpes de W25; embaixo, outra vitória na prova de Eifel um ano depois

Rudolf no GP da Hungria de 1936, em disputa com o Auto Union de Rosemeyer (em cima), e ao lado de Lang após o GP da Itália de 1937

Brilhante também nos recordes de velocidade: em Avus em 1937 e no ano seguinte (embaixo) na autoestrada Frankfurt-Darmstadt -- 432 km/h!

Foram 16 horas de volante entre Bréscia e Roma, ida e volta, com média superior a 100 km/h. O Mercedes superou os Alfas 8C 2300, que estreavam na prova com Tazio Nuvolari. No mesmo ano, Caracciola ganhava o GP da Alemanha em Nürburgring, também sob chuva, e provas como a de Avus, a de Eifel (disputada em Nürburgring, mas que mantinha o nome dos tempos em que eram usadas estradas nas montanhas Eifel, no oeste alemão) e as subidas de montanha de Tatra, Monte Ventoux, Drei Hotter e Königsaal-Jilowischt. Foi campeão europeu nessa modalidade. Quando a Mercedes decidiu sair das competições, ele passou à Alfa Romeo, pela qual venceu em 1932 os GPs da Alemanha e da Itália, em Monza, e a prova de Eifel. Foi segundo no GP de Mônaco, concluindo-o muito perto do vencedor Nuvolari, e mais uma vez campeão europeu de subidas de montanha. Na Mille Miglia não pôde repetir a vitória por causa de um problema no motor do 8C 2300.

Em 1933 era a Alfa quem abandonava a equipe oficial de automobilismo. Em parceria com o amigo monegasco Louis Chiron, Rudolf então começava a Scuderia C.C. — as iniciais dos sobrenomes de ambos —, uma equipe independente dos grandes construtores, com três Alfas 8C que haviam adquirido. Mas não foi um ano fácil para ele: nos treinos para o GP de Mônaco sofreu um grave acidente, quando três rodas ficaram sem freios e, entre cair no mar e acertar uma árvore, teve de optar pelo segundo. A colisão deixou-o com várias fraturas no fêmur e o afastou das pistas até o fim da temporada — os médicos tinham dúvidas se ele voltaria a correr. Meses depois perdia a esposa, vítima de uma avalanche nos Alpes suíços. Com a perna em recuperação (que ficaria 5 cm menor que a outra) e a dor da perda de Charlotte, pensou em abandonar de vez as pistas, mas Chiron o convenceu a voltar.

Caracciola e a Mercedes, patrocinada pelo Partido Nazista, estavam juntos de novo em 1934. Ele pilotava o W25 com pintura prateada, conhecido como o primeiro Silver Arrow ou "flecha de prata" — apelido atribuído tanto aos Mercedes de corrida da época quanto a seus adversários da Auto Union, as duas marcas que dominaram as corridas de Grande Prêmio dos anos 30. No GP da Itália o alemão estava na liderança quando as dores na perna o obrigaram a ceder o volante a Luigi Fagioli, que levou o carro até o fim em primeiro lugar. Foi segundo colocado na corrida da Espanha, venceu a prova International Klausen Pass nos Alpes suíços e o GP alemão de subida de montanha, além de firmar recordes de velocidade em Avus e na Hungria. Na temporada de 1935, já plenamente recuperado, ganhava as corridas de Trípoli, Eifel e os GPs da França, Bélgica, Suíça e Espanha, além de ser o segundo no GP de Barcelona e terceiro no da Alemanha. Fez-se campeão alemão e europeu, sempre com o W25. A Mercedes venceu nove das 14 provas do ano, sendo seis a cargo do alemão.

Mônaco abriu a temporada de 1936 com nova demonstração de talento do "mestre" na chuva, dessa vez com um W25 de menor distância entre eixos. A vitória se repetiu no GP de Túnis, mas o desempenho caiu dali em diante: segundo em Barcelona, quarto em Trípoli, quinto no GP da Alemanha. O W25, superado em relação ao Auto Union, não mostrava o desempenho e a confiabilidade necessários, a ponto do diretor Neubauer abandonar a equipe no meio da temporada. O título europeu foi para Bernd Rosemeyer, da marca adversária, mas Rudolf bateu recordes nas autoestradas Frankfurt-Heidelberg e Frankfurt-Darmstadt. E voltou em plena forma no ano seguinte com o Mercedes W125 de oito cilindros, 5,6 litros e 650 cv, com compressor, na classe de 750 kg de peso. Venceu os GPs da Alemanha, Suíça e Itália (em Livorno) e outra prova em Berna, Suíça; obteve o segundo lugar na corrida de Eifel, no GP de Mônaco e no de Donington (Inglaterra) e a terceira posição na subida de montanha alemã. A série de grandes resultados lhe deu o segundo Campeonato Europeu e o título alemão. Venceu ainda a corrida de Avus, à frente de Rosemeyer, com um W25 de linhas aerodinâmicas e média de 250 km/h! Naquele ano casava-se com Alice Hoffmann.

O novo regulamento de Grandes Prêmios para 1938 limitava a cilindrada a 3,0 litros para motores com superalimentação e 4,5 litros com aspiração natural. A Mercedes optou pela primeira categoria e desenvolveu o W154, cujo V12 com compressor desenvolvia mais de 450 cv. Naquele ano Caracciola ganhou o GP da Suíça e a Copa Acerbo, foi segundo colocado nos GPs de Pau (França), da Alemanha e da França e terceiro nas provas de Trípoli e Itália. Assim veio o terceiro Campeonato Europeu. Continuava empenhado em bater recordes de velocidade nas autoestradas. Seus recordes anteriores, como o de 312 km/h em 1935, já haviam sido superados por pilotos da Auto Union. Dessa vez, em um quilômetro lançado na rodovia A5 entre Frankfurt e Darmstadt, obteve a marca mais alta jamais registrada oficialmente em uma via pública: 432,7 km/h. Todavia, o amigo e rival Rosemeyer morria em um acidente justamente quando tentava bater o recorde de Rudolf. Um vento forte quanto estava a 400 km/h fez o Auto Union capotar duas vezes.

A Mercedes estreava em Trípoli em 1939 o modelo W165 com motor V8 de apenas 1,5 litro, com o qual Caracciola foi segundo colocado, atrás de Hermann Lang com um carro igual. Depois dessa dobradinha, Rudolf venceu o GP da Alemanha com um W154 redesenhado e foi o campeão alemão de corridas de estrada — o próprio Lang, que Rudolf acreditava estar sendo favorecido pela Mercedes, faturou o título europeu daquele ano. Bateu mais um recorde na autoestrada de Dessau e foi segundo colocado no GP de Trípoli e no da Suíça. Com o início da Segunda Guerra Mundial, o automobilismo foi suspenso e houve racionamento de combustível. Rudolf mudou-se com Alice para a Suíça e, terminado o conflito, sua intenção era passar a competir nos Estados Unidos, mas antes disso sofreu um acidente no treino para a 500 Milhas de Indianápolis de 1946. Um objeto — talvez um pássaro — o acertou na cabeça e ele bateu em um muro. Com grave concussão cerebral, passou dias em coma e manteve-se fora da atividade por mais de cinco anos. Ao retornar, em 1952, conseguiu o quarto lugar na Mille Miglia com um Mercedes 300 SL/W194, mas sua carreira não durou muito mais. No GP de Berna do mesmo ano, uma roda traseira de seu SL se soltou e o carro bateu contra uma árvore. Com a perna esquerda fraturada, passou a usar cadeira de rodas e abandonou as competições para sempre.

Rudolf Caracciola morreu aos 58 anos em 28 de setembro de 1959 de insuficiência hepática. Ao lado de Nuvolari e Rosemeyer, é considerado um dos maiores pilotos da era dos Grandes Prêmios, a categoria que precedeu a Fórmula 1. Para o diretor Neubauer, foi "o maior dos anos 20 e 30. Combinava, de forma extraordinária, determinação com concentração, força física com inteligência. Não perdia para ninguém na habilidade de triunfar sobre as deficiências". Suas seis vitórias no GP da Alemanha constituem um recorde não igualado até hoje. Em sua homenagem foi feito um monumento em Remagen em 2001, ano do centenário de seu nascimento, e uma das curvas do circuito de Nürburgring recebeu seu nome.

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