Em 1979, venceu dois GPs e mostrou talento em disputa com Arnoux

De Ferrari 312 T5 em 1980, ano em que sofreu um acidente a 280 km/h

Em 1981, aplaudido após completar o GP do Canadá sem o aerofólio

Em 1982 e no último GP, na Bélgica (embaixo), no trágico 8 de maio

Pilotos de F-1 do quilate de James Hunt, Jean-Pierre Jarier, Riccardo Patrese, Patrick Depailler e Jacques Laffite foram convidados a correr no circuito de rua de Trois-Rivières. Gilles não se intimidou com a presença deles: deixou todos para trás até seu carro quebrar por problemas mecânicos. Sagrou-se campeão da categoria com o March da equipe Canadá. No ano seguinte foi convidado por Ron Denis para pilotar um March 762 de Fórmula 2, com motor Hart, no Circuito de Pau, na França. Enfrentaria pilotos profissionais de Fórmula 1 que também participavam desse importante campeonato europeu, como os franceses René Arnoux, Patrick Tambay e Jacques Laffite e o americano Eddie Cheever. Por um superaquecimento no motor não completou a prova.

Em 1977 continuava na Atlantic quando outra vez foi chamado por Ron Dennis e Teddy Mayer para pilotar o terceiro carro da equipe McLaren. Disputaria a Fórmula 1 por uma equipe importante a partir da 10ª prova, a inglesa em Silverstone. Não foi bem no GP, que James Hunt ganhou com um McLaren-Ford, mas chamou a atenção de um dos personagens mais importantes de todos os tempos da F-1. O patrão da Ferrari, o comendador Enzo, gostou muito de seu modo ousado de pilotar, que o fez lembrar Tazio Nuvolari e Stirling Moss. Levou-o para Fiorano para um teste e logo o aprovou.

Gilles seria companheiro de Carlos Reutemann, já que Niki Lauda saíra da equipe italiana por insatisfação. Nesse ano havia estreado o Lotus 78, com seu efeito asa fazendo revolução na categoria. Na F-1 da época era importante falar diversas línguas e, vindo de um país bilíngue, Gilles sabia muito bem o inglês e o francês. Em sua segunda prova, uma grande infelicidade o marcaria: ao tentar ultrapassar o Tyrrel P34 de Ronnie Peterson, perdeu o controle do Ferrari 312T, que literalmente levantou voo e caiu sobre dois espectadores, que morreram na hora. Dias depois, após analises dos diretores de prova, Gilles foi inocentado.

Na última prova da temporada de 1978, o GP do Canadá na Ilha de Notre Dame, em Montreal, Villeneuve chegava em primeiro em uma vitória muito especial para um piloto que rumava para o sucesso. A tranquilidade financeira começava para a família, que passava por inúmeras dificuldades. O ano seguinte seria marcante na carreira de Gilles: venceria com o modelo 312 T3 as provas em Kyalami, na África do Sul, e Long Beach, Estados Unidos, onde deu um show. Mas o espetáculo maior foi em Dijon, na França, onde duelou com René Arnoux em seu Renault Turbo RS01 pela segunda posição. As três últimas voltas foram das mais disputadas da história da Fórmula 1. Revezaram-se de posição, tocaram rodas, saíram de traseira e — não tirando o mérito do francês — Gilles mostrou ao mundo que era um acrobata dentro de um carro. O público vibrou.

O outro piloto da Renault, Jean-Pierre Jabouille, ganhou a prova, mas Gilles ficou em segundo nesta e no campeonato. Seu companheiro de equipe, o sul-africano Jody Scheckter, ficou com o título da temporada. No GP da Holanda, em Zandvoort, o monoposto do canadense teve o pneu esquerdo traseiro estourado e saiu da pista. Para espanto de todos, Gilles andou rápido em três rodas. O que restava do pneu e da roda foi se acabando no caminho até a chegada nos boxes, onde os técnicos o convenceram a abandonar a prova pelo estado em que ficara a suspensão. Em 1980 Gilles era muito admirado na equipe italiana e tratado com carinho especial pelo comendador, já com 82 anos, que o via como um filho. Mas foi um ano muito fraco para a Ferrari. O modelo 312 T5 era problemático em termos de mecânica e chassi, o novo 126 C ainda não estava pronto e, para piorar, o canadense sofreu um acidente com estouro de pneu a 280 km/h em Ímola, na Itália.

Villeneuve teria como companheiro de equipe em 1981 o francês Didier Pironi, também talentoso e ousado. A Ferrari seguia o exemplo da Renault construindo seu motor turbo. O 126 C foi bem-sucedido em Monte Carlo, onde Gilles brilhou em primeiro lugar, e na prova seguinte em Jarama, Espanha. No Canadá, sob uma tempestade, ele bateu o carro e danificou o aerofólio dianteiro, mas não foi aos boxes. A corrida foi vencida por Laffite e o homem-espetáculo ficou em terceiro lugar, sendo fortemente aplaudido.

Em 1982 era clara a rivalidade nas pistas entre Pironi e Villeneuve, mas fora da F-1 eram cúmplices e amigos. Outra demonstração de pilotagem fora do comum era dada por ambos no GP de San Marino, em Ímola. Numa temporada que a Ferrari não havia começado bem, apesar do carro bem projetado por Harvey Postlethwaite, Gilles estava em primeiro seguido por Pironi quando ambos receberam ordem dos boxes para diminuir o ritmo. Já estavam com a dobradinha garantida e o consumo do Ferrari era alto. A escuderia queria vencer com tranquilidade. Só que houve uma confusão na cabeça dos pilotos: começaram um duelo fantástico e pouco amistoso depois que ultrapassaram Alain Prost, que teve o motor estourado. O público vibrou, mas a amizade acabou. Pironi venceu a prova e não recebeu os cumprimentos de Gilles.

Acirrada a disputa, nos treinos de qualificação para a prova seguinte — em Zolder, na Bélgica — o grande Gilles Villeneuve fez uma ultrapassagem mal feita sobre Jochen Mass, sofreu um grave acidente e morreu. Era um sábado, 8 de maio de 1982. Ele, que sempre dizia à família ao sair "esperem por mim, não vou demorar", desta vez não voltou. Causou grande comoção em Joann, Jacques e Melanie, na equipe Ferrari e em todo circo da Fórmula 1. O comendador Enzo manteve até sua morte, em Maranello, em 14 de agosto de 1988, uma foto do canadense sobre sua mesa. Há também uma estatua em bronze na pista de testes e o circuito de Fórmula 1 do Canadá leva seu nome.

Gilles foi muito popular, simpático, sincero e um dos mais hábeis pilotos de todas as gerações da categoria maior do automobilismo mundial. O Príncipe, como era também conhecido, nos deu de presente um conto de fadas em alta velocidade.

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