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O salão do meio ambiente

Diesel, eletricidade e sistemas híbridos tomam conta do Salão
de Detroit, mas ainda há espaço para carros à moda antiga

por Fabrício Samahá

De um lado, previsões preocupantes sobre o aquecimento global; de outro, aumentos contínuos da cotação do petróleo e do preço da gasolina nos Estados Unidos, onde chegou ao patamar de quatro dólares o galão (pouco mais de um dólar por litro — o que pagamos aqui há anos...) em meados de 2008. No meio dessa turbulência, o consumidor americano, cada vez mais interessado em automóveis com menores consumo e emissões.

O resultado vê-se com clareza no Salão de Detroit, que abriu à imprensa no domingo passado (11) e recebe o público do dia 17 ao 25 deste mês. Mais que em qualquer outra de suas 93 edições, o evento teve como foco a preservação ambiental nos carros-conceito e em boa parte dos modelos de produção apresentados.

Tomem-se como exemplos algumas estrelas do salão. Além de antecipar as formas do sedã esportivo A7, o conceito Sportback da Audi usa motor turbodiesel de 225 cv com sistema AdBlue, que reduz em muito as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx) e atende a todas as normas americanas a esse respeito. O mesmo vale para o BlueSport da Volkswagen, um roadster de motor central com 180 cv, que deve chegar à linha de produção.

Os motores a diesel, tão bem aceitos na Europa, são muito raros em automóveis no mercado americano — Mercedes-Benz e VW estão entre as poucas marcas que os oferecem por lá. Para quem vive nos EUA, rodar de carro a diesel ficou ainda menos provável com os novos e severos limites de emissão de NOx, que obrigaram os fabricantes a adotar sistemas como o AdBlue do grupo VW e o Bluetec da Mercedes.

A maior eficiência desse combustível, porém, reflete-se em menor produção de dióxido de carbono (CO2), gás que contribui para o aquecimento do planeta. Como exemplo, o novo Peugeot 3008 com motor a diesel de 2,0 litros, potência de 150 cv e torque de 34,6 m.kgf emite em média 146 gramas desse gás por quilômetro rodado, contra 176 g/km da versão a gasolina de 1,6 litro, 150 cv e 24,5 m.kgf, ambas com turbocompressor e câmbio manual de seis marchas. É uma razão para se apostar no crescimento do diesel também naquele país.

Fabrício Samahá, editor

Elétricos
Uma alternativa em expansão, e neste caso mais nos EUA que na Europa, é a propulsão híbrida. Depois que o Toyota Prius se tornou sinônimo de consciência ambiental e mais de um milhão deles chegaram às ruas, há crescente interesse pelos carros que associam eletricidade e motor a combustão. O próprio modelo da Toyota chega no salão à terceira geração, capaz de fazer 21 km/l de gasolina em média nos ciclos de medição americanos, enquanto a Honda lança em Detroit a versão final do novo Insight, considerada sua interpretação para o Prius. Também novo é o Lexus HS 250h, primeiro modelo da marca projetado já para esse tipo de mecânica. E a pequena fábrica Fisker, após revelar o sedã Karma (ainda por chegar ao mercado), mostra agora o conversível Karma S como alternativa mais esportiva.

Há também a propulsão elétrica, combinada ou não a um motor a combustão destinado apenas a recarregar as baterias — os chamados elétricos de autonomia estendida, que deixam de depender de uma fonte externa de energia no meio do caminho. A General Motors, que tornou essa solução conhecida com o Chevrolet Volt, mostra no evento o charmoso cupê Cadillac Converj com a mesma tecnologia. A Chrysler recorre a princípio similar no bonito sedã 200C EV, que marca também uma nova tendência de estilo na marca, com linhas fluidas e arredondadas.

Somente elétricos são o Dodge Circuit EV, um Lotus Europa convertido para esse tipo de propulsão; o já conhecido Tesla Roadster, que ganhou versão Sport; e o Toyota FT-EV — o fabricante do Prius marcou para 2012 o lançamento de um elétrico urbano. Mais interessante é a iniciativa da Mercedes-Benz: apresenta três versões da linha BlueZero de carros compactos sem emissões, cada uma com uma tecnologia (apenas elétrica, elétrica de autonomia estendida e pilha a combustível).

E, em meio a tantos carros ambientalmente corretos com pouco ou nenhum ruído, não poderiam faltar em Detroit os modelos com mais de 500 cv — produzidos à moda antiga, pela queima de combustível fóssil — que despertam a emoção dos entusiastas, como o novo Mustang Shelby Cobra GT 500, o Jaguar XFR e a versão V10 do Audi R8. Carros que, como satirizou a Chrysler em um anúncio do Dodge Charger algum tempo atrás, são híbridos... queimam gasolina e borracha. Para quem vê automóvel com paixão, que nos desculpem os ambientalistas, é preciso que essas supermáquinas existam sempre.

Há também a propulsão elétrica, combinada ou não a um motor a combustão destinado apenas a recarregar as baterias — os chamados elétricos de autonomia estendida, que deixam de depender de uma fonte externa de energia no meio do caminho

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Data de publicação: 17/1/09

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