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Novo ou usado, eis a questão

Entre um carro zero-quilômetro mais simples e um
usado superior, pelo mesmo preço, qual é sua escolha?

por Fabrício Samahá

Fabrício Samahá, editor

É sem dúvida uma das questões mais discutidas por quem tem ou vai adquirir um automóvel: compensa comprar um carro zero-quilômetro, ainda que mais simples e menos potente, ou optar por um usado, que pode contar com mais equipamentos e motor superior pelo mesmo preço?

A polêmica tem ficado evidente no Espaço do Leitor do BCWS, onde muitos defendem a compra do usado e outros a do zero — inclui-se entre estes o colunista Bob Sharp, que na seção desta edição cita a conhecida máxima de que "a melhor marca de carro é Novo". Embora pareça ser assunto para um artigo de serviço, abordo-o aqui porque não é um tema em que se possa apontar uma solução conclusiva: cada leitor deve pesar os argumentos da forma que julgar mais adequada.

Os benefícios de optar pelo zero-quilômetro são evidentes. Um carro novo tende a trazer poucos problemas e manutenções nos primeiros anos, desfruta-se todo o período de garantia e pode-se escolher versão, cor, opcionais — pelo menos até certo ponto, já que as concessionárias só costumam ter para pronta entrega o habitual "prata com ar, direção e trio elétrico"... Inexistem dores-de-cabeça com o proprietário anterior, de multas a maus hábitos de uso e manutenção, para não falar nos riscos de comprar um carro acidentado ou mesmo roubado. Você pode — há quem aprecie — manter os bancos forrados com plástico... e até escolher o número da placa.

Só que tudo isso tem preço, e não é pouco. Com a mesma quantia, pode-se comprar um carro usado com mais equipamentos de conforto e segurança e motor mais potente que o zero — por exemplo, uma Palio Weekend ELX 1,25 nova, sem opcionais, sai a preço equivalente ao de uma Adventure 1,8 usada 2004.

Enquanto na compra o preço do zero é bem mais alto, essa diferença diminui bastante após algum tempo. Depois de um ano, aquele comprado novo pode ter-se depreciado em 20% ou mesmo 25%, e o adquirido com um ano de uso, apenas 10% ou 12% — os percentuais variam conforme marca, modelo, versão e estado de conservação, mas a regra é uma perda bem maior para quem optou pelo zero.

A situação piora para quem escolhe o carro novo com muitos opcionais, pois na revenda a tendência é que os itens sejam pouco valorizados. Dentro da mesma ótica, escolher o usado pode trazer vantagens adicionais, como encontrar um carro dotado de acessórios que se instalariam no zero — de itens de personalização a um kit de gás natural —, sem ter de pagar integralmente por eles.

Por tudo isso, sou da opinião de quem o usado merece ser considerado, a não ser que dinheiro não seja problema e se possa comprar, zero-quilômetro, o carro que atenda bem a suas necessidades.

A discussão vai longe, e não é fácil fazer mudar de opinião quem já escolheu um dos caminhos. Mas é bom que seja assim: se todos de repente pensassem da mesma forma, os usados poderiam ser supervalorizados, de um lado, ou muito desvalorizados, de outro, com desequilíbrios para todo o mercado. Ainda não se sabe como revogar a lei da oferta e da procura.

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Data de publicação: 5/2/05

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