O assunto é antigo, mas um fato recente me trouxe a idéia de comentá-lo aqui: o nível técnico de muitas concessionárias e os efeitos disso no veículo do cliente.
Temos na família um Fiat Brava ELX, modelo 2000, que há tempos vinha apresentando dificuldade de partida a frio -- e apenas a frio. Fosse o caso de repetir o antigo procedimento de largada da
famosa prova 24 Horas de Le Mans, em que os pilotos corriam aos automóveis, ligavam-nos e arrancavam, suponho que nosso Brava perderia a disputa para um velho Gordini.
Ato contínuo, levamos-no à única concessionária Fiat de Pindamonhangaba, SP, onde residimos. Na primeira vez o atendente relatou: "Havia falhas de bobina e de imobilizador (Fiat Code), mas nós as apagamos. Se o defeito voltar, nos procure."
Apagar as falhas? O que eles haviam apagado eram as indicações de erro do módulo eletrônico. É como jogar fora o termômetro que constatou que a criança está com febre. Você esperaria alguma melhora?
Eu não -- e não houve mesmo. Dias depois retornamos à concessionária, onde o carro ficou até o dia seguinte para que a partida fosse dada com o motor totalmente frio. "Está normal", garantiu pela manhã o mesmo atendente, a quem pedi que aguardasse algumas horas, pois eu gostaria de ver pessoalmente o misterioso desaparecimento do defeito por si só.
À tarde fui até lá e constatei: partida normal. Mas só durou até a próxima tentativa a frio. Seria a "síndrome do jaleco branco", aquela que os médicos atribuem aos pacientes que saram ao vê-los?
Retiramos o carro e convivemos com o defeito por algum tempo, até que optei por procurar um mecânico de confiança. Feito o diagnóstico, recomendou substituir o sensor de temperatura do motor. Não é difícil perceber como ficava inadequada a mistura ar-combustível, no momento da partida, sempre que o sensor informava uma temperatura incorreta ao módulo de injeção.
A peça custou R$ 15,00. Feita a troca, estamos há dias com partidas imediatas.
Com certeza há autorizadas que efetuam excelentes serviços, assim
como mecânicos independentes que cometem erros ou mostram-se
incapazes de sanar um defeito simples. Mas casos como este mostram que, para manter o cliente, as concessionárias precisam evoluir muito.
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