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leitor tem razão: na década de 1980 e em parte da de 1990, nossos
carros de segmentos médio e grande tinham tanques bem maiores, como
os de 75 litros do Tempra, 70 do Santana, 65 do Escort e até 93 do
Opala em seus últimos anos de produção. Isso para não falar nos 100
litros do Alfa Romeo 2300 (foto) e 107 do Galaxie/Landau, que
refletiam o período de postos fechados à noite e nos fins de semana
durante a crise do petróleo dos anos 70.
Hoje, no entanto, raros são os modelos que chegam a 60 litros,
apesar de o consumo médio dos automóveis pouco ter evoluído
(sobretudo pelo aumento de peso) e o álcool estar de volta com
força, por causa dos motores flexíveis (o rendimento com álcool em
km/l é cerca de 30% menor que com gasolina). Um de nossos carros
mais gastadores hoje, o Vectra de 2,4 litros com câmbio automático,
foi lançado em 2005 com tanque de só 52 litros, ampliado um ano
depois para ainda modestos 58 l.
Os fabricantes têm usado tanques menores por vários motivos. Um, a
evidente redução de custo com um reservatório menor. Outro, a
diferença de peso, sobretudo com o tanque abastecido. Mais 30 litros
de gasolina representam algo como 25 kg adicionais (fora o aumento
de peso do próprio tanque), que precisam ser considerados no projeto
do carro, até mesmo em testes de colisão. Há ainda a questão de
espaço disponível sob o veículo, pois a maioria dos modelos hoje tem
o reservatório à frente do eixo traseiro — talvez fosse preciso
elevar o assoalho nessa região, com prejuízo ao conforto, ou
complicar o percurso da tubulação de escapamento. Em alguns casos a
situação é ainda mais complexa, como no Honda Fit, com o tanque
abaixo dos bancos dianteiros. De resto, não há interesse da
indústria em usar tanques diferentes entre versões a gasolina e
flexíveis ou entre as opções de motorização em um mesmo modelo.
Acaba-se, portanto, padronizando por baixo.
Pode-se
argumentar que, em nome da segurança, uma viagem deveria ser
interrompida a cada duas horas, em média, para descanso do motorista
— e os tanques de hoje rendem o suficiente para cumprir esse
trajeto. Mas também é verdade que, no atual cenário de baixa
confiabilidade dos combustíveis de postos desconhecidos, seria ideal
poder terminar a viagem sem precisar reabastecer no caminho.
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