por Fabrício Samahá 

Por que não se usam tanques
maiores nos carros atuais


Parabéns pelo excelente trabalho. Por que os carros atuais não vêm, mesmo em modelos grandes, com um tanque de combustível capaz de propiciar autonomia superior? Será que muito poucos motoristas se incomodam com isso? Eu me incomodo bastante. Ou será algum problema de incentivos econômicos, já que aumentos de 30 l nos tanques conduziriam a maioria dos carros a autonomias de até 850 km? A limitação do espaço físico e a localização do tanque constituem problema nesse sentido?

Marcelo Cop
São Paulo, SP

O leitor tem razão: na década de 1980 e em parte da de 1990, nossos carros de segmentos médio e grande tinham tanques bem maiores, como os de 75 litros do Tempra, 70 do Santana, 65 do Escort e até 93 do Opala em seus últimos anos de produção. Isso para não falar nos 100 litros do Alfa Romeo 2300 (foto) e 107 do Galaxie/Landau, que refletiam o período de postos fechados à noite e nos fins de semana durante a crise do petróleo dos anos 70.

Hoje, no entanto, raros são os modelos que chegam a 60 litros, apesar de o consumo médio dos automóveis pouco ter evoluído (sobretudo pelo aumento de peso) e o álcool estar de volta com força, por causa dos motores flexíveis (o rendimento com álcool em km/l é cerca de 30% menor que com gasolina). Um de nossos carros mais gastadores hoje, o Vectra de 2,4 litros com câmbio automático, foi lançado em 2005 com tanque de só 52 litros, ampliado um ano depois para ainda modestos 58 l.

Os fabricantes têm usado tanques menores por vários motivos. Um, a evidente redução de custo com um reservatório menor. Outro, a diferença de peso, sobretudo com o tanque abastecido. Mais 30 litros de gasolina representam algo como 25 kg adicionais (fora o aumento de peso do próprio tanque), que precisam ser considerados no projeto do carro, até mesmo em testes de colisão. Há ainda a questão de espaço disponível sob o veículo, pois a maioria dos modelos hoje tem o reservatório à frente do eixo traseiro — talvez fosse preciso elevar o assoalho nessa região, com prejuízo ao conforto, ou complicar o percurso da tubulação de escapamento. Em alguns casos a situação é ainda mais complexa, como no Honda Fit, com o tanque abaixo dos bancos dianteiros. De resto, não há interesse da indústria em usar tanques diferentes entre versões a gasolina e flexíveis ou entre as opções de motorização em um mesmo modelo. Acaba-se, portanto, padronizando por baixo.

Pode-se argumentar que, em nome da segurança, uma viagem deveria ser interrompida a cada duas horas, em média, para descanso do motorista — e os tanques de hoje rendem o suficiente para cumprir esse trajeto. Mas também é verdade que, no atual cenário de baixa confiabilidade dos combustíveis de postos desconhecidos, seria ideal poder terminar a viagem sem precisar reabastecer no caminho.

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Foto: divulgação - Data de publicação: 2/10/07

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