Desde que os motores flexíveis tomaram conta do mercado, têm surgido
dúvidas e também lendas sobre seu funcionamento. Muito do que se
aconselha por aí não tem fundamento. É o caso da recomendação de
misturar os combustíveis ou de nunca fazê-lo: na verdade, o trunfo
do flexível é justamente poder trabalhar com gasolina e álcool,
puros ou misturados em qualquer proporção, podendo a mistura ser
feita quantas vezes se desejar.
Portanto, não é necessário usar sempre um dos combustíveis, cabendo
essa escolha ao usuário. Abastecer só com álcool ou só com gasolina,
por algum tempo ou por toda a vida do motor, tende a fazer pouca
diferença em termos de durabilidade. Uma pequena vantagem para o
álcool é não contaminar o óleo lubrificante, o que ocorre mais em
pequenos percursos com o motor frio.
Sobre rodar muito ou pouco, há apenas um fator a considerar: a
gasolina degrada-se com o tempo de armazenagem, perdendo suas
propriedades em cerca de seis meses e podendo causar a formação de
resíduos quando for utilizada no motor. Em um carro "de garagem",
sujeito a ficar vários meses sem renovar por inteiro o conteúdo do
tanque, é preferível usar álcool para evitar esse risco. Caso se
prefira gasolina, recomenda-se a opção pela Podium da Petrobrás, que
tem durabilidade de um ano.
A mesma atenção cabe ao reservatório de gasolina para partida a
frio, tanto nos carros a álcool quanto nos flexíveis: conforme as
condições climáticas do local (em regiões quentes o sistema de
partida a frio raramente é acionado) ou o uso de gasolina no próprio
tanque, o conteúdo do reservatório pode se degradar. Por isso, é
preferível mantê-lo com nível baixo ou usar a Podium. A Honda
definiu em seus flexíveis que o sistema sempre injete pequena
quantidade de gasolina, mesmo que desnecessária, a fim de consumir o
reservatório de 700 ml periodicamente.
Uma última observação aplica-se a quando se pretende trocar de
combustível (abastecendo com álcool o carro que estava com gasolina
ou vice-versa) e o tanque está com nível baixo. Nessa condição,
procure rodar cerca de 10 quilômetros após o abastecimento, de modo
a esgotar o líquido do sistema de alimentação e dar tempo à central
eletrônica de reconhecer o "novo" combustível. Se isso não for
feito, existe o risco de o motor não conseguir dar a próxima partida
a frio, pois a central estará trabalhando com uma mistura
ar-combustível inadequada ao que está no tanque.
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