À
medida em que os câmbios automáticos conquistam espaço no mercado,
surgem mais dúvidas sobre a melhor maneira de operá-los, pois
constituem novidade para muitos motoristas. É o caso dos programas
esportivo (em geral identificado pela letra S, de sport) e de
inverno (ao qual corresponde o símbolo de neve), disponíveis em
caixas como as da General Motors, Peugeot, Citroën e Fiat.
O programa esportivo destina-se a aumentar a agilidade do carro em
uso vigoroso. As trocas ascendentes de marcha são feitas em rotação
mais alta e, quando se tira o pé do acelerador, há maior tendência
em reter a marcha (em vez de passar a uma superior) de modo a
produzir efeito de freio-motor. O intuito é ajudar a reduzir a
velocidade, como em uma aproximação de curva, e também manter a
caixa em marcha adequada para rápida retomada (em saídas da curva ou
após uma lombada, por exemplo) sem que seja preciso comandar
redução, seja por meio de comando manual, seja pela pressão no
acelerador. Vale notar que tal programa não afeta
— e nem
poderia —
as relações de marcha do câmbio, como alguns imaginam.
Por sua vez, o programa de inverno busca uma aceleração mais suave,
ideal para pisos de baixa aderência como neve, gelo ou, no caso
brasileiro, lama e grama molhada. Para isso a caixa recorre a uma
marcha mais alta (segunda ou terceira). Assim como o modo esportivo,
esta função pode ser ativada e desativada com marcha engatada e a
qualquer velocidade, sendo seu uso apontado por uma luz-piloto no
painel ou próxima à alavanca.
As trocas de marcha manuais, entre as posições da alavanca seletora,
são uma operação prevista no projeto e podem ser feitas sem riscos à
durabilidade do câmbio. Isso permite, por exemplo, selecionar marcha
inferior em uma descida de serra (para obter freio-motor e poupar os
freios do carro) ou momentos antes de ultrapassar, de modo a ganhar
rotações antes mesmo de iniciar a manobra. O mesmo vale para o
comando de sobremarcha (overdrive) por botão na alavanca, disponível
em modelos como Corolla e os da Ford. Ao tirar a sobremarcha de ação
(o que acende a indicação O/D off no painel), o câmbio de
quatro marchas passa a operar só com as três primeiras.
Quanto às acelerações, sim, é possível ganhar agilidade com um
procedimento simples. Consiste em manter o carro freado com o pé
esquerdo e acelerar com o direito, já com o câmbio engatado (seja em
D, drive, ou em primeira marcha quando disponível), até atingir a
chamada rotação de estol, a mais alta que a caixa permite
—
em geral entre
2.000 e 3.000 rpm. Então, basta liberar o freio para obter a máxima
aceleração. No caso de câmbio com operação manual, a exemplo das
linhas Peugeot e Citroën, é interessante selecionar a primeira
marcha antes de qualquer aceleração rápida: é que algumas caixas
fazem a saída em segunda e só reduzem para primeira depois que o
acelerador é pressionado a fundo, causando certa hesitação.
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