por Bob Sharp

A separação do álcool e da
gasolina e os motores flexíveis


Muitos anos atrás eu me lembro que algumas pessoas já se utilizavam da idéia do "rabo-de-galo" no tanque de combustível, isso ainda na época dos carros carburados. Um leitor encaminhou uma pergunta para uma revista especializada, e a resposta foi no sentido de que a mistura seria prejudicial ao motor pelos seguintes motivos: além das diferenças na taxa de compressão, pesava o fato de o álcool combustível é hidratado (ao contrário do anidro, atualmente misturado à gasolina).

Segundo as leis da físico-química, a gasolina não se mistura à água, da mesma maneira que esta não se mistura com o óleo. O que se obtém, nesses casos, é uma "mistura" em duas fases distintas, na qual o líquido menos denso permanece na superfície. Pois bem, ao se misturar o álcool hidratado à gasolina, a água contida no primeiro irá inevitavelmente se separar, e quando a bomba de combustível a sugasse, o motor inevitavelmente morreria. Era esse o sentido da resposta da revista, com o qual concordo de acordo com minhas memórias escolares. Como se evita esse tipo de problema hoje em dia, se é que de fato o mesmo ocorre?

Luiz Fernando A. Pereira Jr.
Curitiba, PR - lfer@bol.com.br

Realmente existe o risco de a água se separar do álcool, indo este se juntar à gasolina. Por isso é que o álcool adicionado à gasolina é anidro (praticamente sem água, só 0,5%), ao contrário do álcool de bomba dos postos, que contém 7% de água. Entretanto, a indústria automobilística considerou o problema ao decidir lançar os carros flexíveis em combustível e foi a fundo na questão. Descobriu que, para haver separação, o líquido no tanque de um automóvel tem de estar "um bom tempo" parado e a temperatura precisa estar de 10 graus abaixo de zero para menos, os dois fatores associados. No Brasil, pode ser esquecido.

Fora isso, a indústria do petróleo diz que as novas gasolinas, mesmo as daqui, possuem características físico-químicas que tornam praticamente impossível ocorrer a separação da água do álcool. Por esse motivo os carros flexíveis puderam ser lançados com a certeza de que o proprietário nunca terá esse problema. Nem mesmo os que gostam do "rabo de galo". Mas nos reservatórios de gasolina das distribuidoras pode haver separação devido ao enorme volume e ao tempo de armazenamento bem longo, normalmente meses, além de ficar o liquido parado todo esse tempo. Por isso nesse caso o álcool de adição à gasolina é anidro.

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Foto: Luís Perez - Data de publicação: 28/2/04

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