Best Cars Web Site Consultório Técnico


Motor de combustível flexível: o
desempenho com taxa baixa


Tenho uma dúvida sobre os motores bicombustível que estão chegando agora ao mercado: quando comparamos os motores movidos somente a álcool e somente a gasolina, os primeiros possuem maior potência devido à utilização de uma maior taxa de compressão, já que o álcool possui maior poder antidetonante que a gasolina, apesar de ter menor poder calorífico. Mas se nos motores flex-fuel a taxa de compressão é a mesma para os dois combustíveis (normalmente a mesma de carros a gasolina), por que estes atingem maior potência usando álcool puro, se o poder calorífico deste é menor? Não deveria ser o contrário?

Obrigado por sua atenção e até a próxima dúvida. O site é excelente. Ao meu ver só tem um ponto a corrigir: falta aos teste algum tipo de medição de desempenho e consumo, pois os números fornecidos pelos fabricantes, quando fornecidos, são 'otimistas' demais, principalmente os de consumo.

Rodrigo Tavares
Belo Horizonte, MG
guabiroba@hotmail.com

Antes de passar à resposta propriamente dita, permita-nos o leitor explicar que bicombustível e combustível flexível são coisas distintas. O primeiro refere-se aos motores que podem funcionar com um ou outro combustível, armazenado em reservatórios diferentes, como ocorre com a maioria dos carros a gás natural. Já o segundo é aquele que tem flexibilidade para usar um ou outro combustível no mesmo tanque, puros ou em qualquer proporção de mistura entre eles.

O poder calorífico não influi na potência, como o leitor mesmo diz, mas influi no volume de combustível consumido. É a razão de carros a álcool consumirem mais do que os a gasolina, sendo os motores de mesma cilindrada e geração. No caso do novo produto Volkswagen, a idéia de flexibilidade em combustível foi definida como um bom carro a gasolina que pudesse funcionar com álcool sem decepcionar.

Isso fica claro na adoção de taxa de compressão de 10:1 (no Gol 1,6 a gasolina somente é de 9,8:1) em vez de 13:1 do carro apenas a álcool. É óbvio que com álcool o motor do Total Flex não tem o torque e a potência que poderia ter, caso as propriedades físico-químicas do álcool fossem aproveitadas plenamente.

Saiba que se pegássemos dois motores exatamente iguais, até em taxa de compressão, e apenas os calibrássemos para funcionar um com álcool, outro com gasolina, com o combustível vegetal a potência seria entre 2% e 3% maior. Isso ocorre porque o álcool, ao se vaporizar, retira mais calor do ambiente devido ao maior calor latente de vaporização em relação à gasolina (quase o dobro), e disso resulta uma massa de ar mais densa no interior dos cilindros. É por isso que o motor do Gol Total Flex desenvolve 97 cv com gasolina e 99 cv com álcool.

Resta saber, e isso só o tempo dirá, se a opção da VW corresponde mesmo ao que o consumidor pretende. Como o álcool permanece cerca de oito meses por ano com preço vantajoso em relação à gasolina (tornando-se similar, em custo por quilômetro, no período da entre-safra ou... quando os usineiros bem entendem que devem subir seu preço), o mais provável é que os donos do TotalFlex -- e de outros que surgirão em breve -- passe a maior parte do tempo, ou mesmo todo ele, rodando a álcool e obtendo menor rendimento do que seria possível.

Quanto a medições, o BCWS pretende passar a efetuá-las quando o custo dos equipamentos necessários estiver acessível a um site de acesso gratuito como este. Enquanto isso não ocorre, oferecemos as exclusivas simulações de desempenho e consumo, que aferem com certa precisão os dados dos fabricantes.

Página principal - e-mail

Data de publicação: 15/4/03

© Copyright - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados