Bem-observado,
Francisco: o BCWS escreve “pilha a combustível” e não “célula
de combustível”, como a quase totalidade das publicações brasileiras.
Devemos uma explicação ao leitor, para que não pense que estamos
escrevendo errado a maneira de obter energia elétrica num futuro bem
mais próximo do que se imagina.
O termo "célula de combustível” vem do inglês fuel cell, que as
comunidades jornalística e científica brasileiras simplesmente
traduziram por "célula de combustível". Na verdade, cell nesse
contexto de energia significa pilha, exatamente o que ela é.
Para
entender melhor: cell é sinônimo, em inglês, de battery,
que por sua vez é uma pilha seca (dry cell), como as de
lanterna. Seca porque o eletrólito (condutor) é uma pasta (cloreto de
amônia) entre dois terminais, o negativo (zinco), que é o corpo da
pilha, e o positivo (dióxido de manganês). Enquanto a pilha estiver
carregada ela gera energia, geralmente de 1,5 volt. Juntando-se mais
pilhas em série (positivo com negativo) obtém-se a voltagem que se
quer. Por exemplo, quatro pilhas interligadas produzem 6 volts.
Já a fuel cell (como no estudo Necar da Mercedes-Benz, na
ilustração) é uma pilha que funciona com um combustível, que tem de
ser reposto — no caso, o hidrogênio pronto ou obtido por um
“reformador” que usa gasolina, gás natural ou metanol para produzir o
hidrogênio. Este, num processo de reação química com o oxigênio do ar,
gera a corrente elétrica, deixando como resíduo apenas vapor d’água e
calor.
Cada pilha gera 0,6 volt, precisando-se juntar tantas quantas
necessárias numa “chaminé” para obter a voltagem desejada, como nas
pilhas de lanterna. Essa corrente é que fará funcionar os motores
elétricos dos veículos. A massificação das pilhas a combustível deve
começar a ocorrer por volta de 2020. Mas a NASA, a administração
nacional de espaço e aeronáutica dos Estados Unidos, utiliza as pilhas
a combustível em suas naves espaciais há mais de 30 anos.
Portanto, a fuel cell é uma pilha, só que a combustível. Não é
por acaso que os franceses chamam-na de pile a combustible. E o
BCWS também.
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