Existem importantes
diferenças entre os combustíveis, Marcelo, que explicam o que você
percebeu e o que pode ocorrer com o motor a persistir essa mistura. A
gasolina tem maior poder calorífico (gera mais energia na queima),
mas oferece menor octanagem (entra em combustão mais facilmente, daí
a facilidade de partida a frio) do que o álcool -- o álcool na
verdade não possui octanas, mas é possível estabelecer um índice
de comparação.
O resultado é que o motor a álcool tem taxa de compressão mais
elevada, pois a tendência à detonação
é menor, mas trabalha com uma mistura ar-combustível mais
"rica", com menos ar do que no motor a gasolina. A curva de
ignição também é mais avançada nos motores a álcool, tanto o
avanço de ignição inicial quanto o final.
Utilizar uma parcela de gasolina no carro a álcool tende a produzir
os seguintes efeitos:
> A taxa de compressão mais elevada e a curva de ignição
mais avançada do motor a álcool permitem melhor aproveitamento do
combustível do que se fosse utilizada a mesma mistura num motor a
gasolina. No entanto, são um convite à detonação,
que pode danificar seriamente o motor. Caso sejam ouvidos
"grilos" no motor que lembram bolas de gude num copo de
vidro, alivie a aceleração e procure usar uma marcha mais curta.
> Por trabalhar com mistura mais "rica" é que o
motor a álcool tem maior consumo que o movido a gasolina. Neste caso,
seu combustível atual está "sobrando" em termos de poder
calorífico, resultando em excesso de combustível na mistura -- o que
pode ajudar a afastar a detonação. O
efeito pode ser o comprometimento do catalisador.
Como se vê, a mistura pode trazer problemas de certa gravidade e que
talvez não sejam percebidos a tempo pelo usuário. Por isso,
recomendamos uma criteriosa revisão no motor, para evitar perdas e
falhas que possam prejudicar seu funcionamento, ao lado do retorno ao
uso exclusivo de álcool.
|