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por Iran Cartaxo 

Acelerador eletrônico traz
dificuldades com turbo nos VW


Tenho um Polo 1.6 em que pretendo instalar turbo, mas ouvi de vários preparadores que não se pode mexer nesse carro por causa do acelerador eletrônico. Eles dizem terem tido problemas com carros assim equipados, pois o sistema não "entende" as novas condições de trabalho do motor. É verdade? O que fazer?

Fernando Salles
São Paulo, SP
fs3@uol.com.br

O acelerador eletrônico pode dificultar ou não a preparação do motor -- depende das variáveis usadas no sistema. Esses aceleradores não percebem simplesmente o quanto o motorista pressiona o pedal e transformam em abertura de borboleta. Se fosse assim, não haveria problema com a preparação, pois o sistema seria insensível a ela.

Mas um acelerador eletrônico assim seria o mesmo que um acelerador comandado a cabo. Seu uso se justifica justamente por adicionar controle ao ato de acelerar. Assim, para calcular o quanto abrir a borboleta, esse sistema usa informações como depressão (ou pressão no caso de motor turboalimentado) no coletor, rotação do motor, etc. Tudo isso busca calcular a abertura da borboleta ideal para evitar falhas, respostas abruptas e consumo desnecessário e, ainda assim, atender à solicitação de potência feita pelo motorista através do pedal.

Ao considerar pressão no coletor, o sistema pode incorrer em erro, já que se passa a ter pressão positiva no coletor, o que não estava previsto na programação. Podem ocorrer três situações diferentes dependendo da programação:

1) O sistema pode não ser sensível à pressão positiva, o sensor não consegue medir e a programação então assume, como sinal máximo, as pressões positivas do turbo. Neste caso o resultado seria bom, pois ela trabalharia como se o motor fosse de aspiração natural. Qualquer adaptação às condições do turbo pode ser feita pelo sistema usado para adaptar injeção e ignição.

2) O sistema pode não ser sensível à pressão positiva, o sensor não consegue medir e a programação então assume erro de sensor, por perceber que o sinal do sensor saiu de escala. Neste caso o resultado seria indesejado. Em geral a injeção entra no modo "voltar para casa", ou seja, emergencial, reduzindo a alimentação e a ignição a patamares pré-ajustados, que servem somente para manter o carro funcionando -- ainda que com falhas e baixo desempenho.

Isso impede a correta atuação do sistema usado para adaptar a injeção e ignição, ocorrendo em falha por volta de 8 a 10 segundos após a entrada do turbo. Neste caso deve ser usado mais um artifício eletrônico, para impedir que seja informado para a central que o sensor de pressão no coletor saiu de escala.

Este é o caso de seu Polo e de outros VW com esse recurso, como Golf 1,6 (desde meados de 2001), Golf 2,0 (desde o modelo 2002), Polo 2,0 e Gol 1,0 de oito e 16 válvulas (desde o modelo 2002). No entanto, o mercado de preparação já tem desenvolvidas soluções em programação para o problema.

3) O sistema é parcialmente sensível à pressão positiva, mas a programação não prevê pressões tão altas. Nesta caso pode haver um erro no cálculo da abertura da borboleta mas, como todo sistema de controle de automóveis, este também não possui total liberdade. Com isso, não haverá ocasiões em que a borboleta abrirá pela metade, sendo que o motorista pressionou completamente o pedal.

O sistema atua em margens estreitas em torno do comandado pelo motorista. Assim, mesmo incorrendo em erro, esse erro não é sensível pelo motorista, ou seja, não afeta sensivelmente o consumo e desempenho. Claro que a adaptação perfeita incluiria reprojetar o sistema de acelerador eletrônico, mas isso é financeiramente inviável numa preparação assim.

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Data de publicação: 18/3/03

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