Consultório
Técnico
Como trabalhar com a taxa de
compressão?
Em várias consultas de preparação é
aconselhada a alteração da taxa de compressão. Nas
preparações em que são feitas modificações para se aumentar
ou diminuir essa taxa, como se faz a medida dos seus novos
valores? Há uma forma de se fazer a medida real do novo valor
rotineiramente ou existem valores-padrões pré-fixados (ex.:
retirar x milímetros do cabeçote de um motor específico
resulta em aumento de y pontos na taxa de compressão)? Quais
são as modificações usadas para aumentar e para diminuir a
taxa de compressão?
Fernando Assis Silva
fassis@dedalus.lcc.ufmg.br
Belo Horizonte, MG
A taxa de compressão pode ser obtida pela seguinte fórmula,
Fernando:
taxa = |
(volume
de admissão + volume da câmara de combustão)
______________________________________________________
volume da câmara de combustão
|
O volume da câmara de combustão é o volume restante ocupado
pela mistura quando o cilindro está em sua posição superior
(ponto morto superior ou PMS). E o volume de admissão é o de
deslocamento do cilindro do PMS até a posição inferior (PMI),
sendo dado pela fórmula:
volume de
admissão = |
3,1416
x (diâmetro do cilindro)² x curso do pistão
_______________________________________________
4
|
Considera-se sempre um único cilindro. Para um carro de 2.000
cm3 e 4 cilindros, a cilindrada unitária, ou volume de
admissão, será de 500 cm3. Com a fórmula pode-se calcular o
volume da câmara de combustão de um carro do qual se conhece a
taxa, ou calcular o volume de câmara necessário para atingir
determinada taxa. Para se saber como ficará a taxa de
compressão depois do rebaixamento do cabeçote, é necessário
conhecer o novo volume da câmara de combustão. O ideal é
retirar o cabeçote e medir o volume que restou enchendo a
câmara com água ou outro líquido, não se esquecendo de
considerar eventuais concavidades ou abaulamentos na cabeça do
cilindro, ou o volume proporcionado pela junta. Recorre-se aos
líquidos porque a câmara tem forma côncava e irregular, o que
dificulta o cálculo -- não é como obter a cilindrada,
operação em que se utilizam valores fixos de diâmetro dos
cilindros e curso dos pistões.
Rebaixar o
cabeçote é a maneira mais usual de aumentar a taxa de
compressão, recurso comum em preparação de motores
Calcular a redução no volume da câmara de combustão através
de fórmula, portanto, só é possível por aproximação. Para
grandes rebaixamentos pode-se usar a fórmula do volume de uma
calota, e para pequenos rebaixamentos é possível tomá-la como
um cilindro e desprezar a concavidade.
O rebaixamento do cabeçote é a forma mais usual de aumentar a
taxa de compressão. A redução pode ser obtida por um cabeçote
mais alto, usinagem da câmara de combustão ou, até certo
ponto, por uma junta de cabeçote mais espessa. Esta última
modificação é freqüente nas conversões mais baratas de
álcool para gasolina, mas o resultado é limitado. Outra maneira
de retrabalhar a taxa, comum na produção de um mesmo motor para
uso de diferentes combustíveis, é o emprego de pistões de
perfil diverso. Seu topo pode ganhar forma plana, côncava ou
mesmo convexa -- os chamados pistões "cabeçudos".
Quanto mais "cabeçudos" os pistões, maior será a
taxa, considerado um mesmo motor.
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