Consultório Técnico
Coletor de admissão longo traz
torque aos 16V
Qual a explicação científica
(física) para os diferentes tamanhos de coletores de admissão
com relação ao torque em altas e baixas rotações? Como
funciona um coletor longo aliado ao motor 16V?
Fred Salomão da Mota Machado
fsalomao@triang.com.br
Uberlândia,
MG
É uma questão de inércia do volume de ar que está sendo
admitido, Fred. Um coletor de admissão com dutos mais longos
imprime velocidade a um volume maior de ar, pois todo o ar
contido no duto está se deslocando para a válvula na velocidade
de admissão, enquanto o ar atmosférico mantém-se praticamente
parado. Com isso, a inércia do volume de ar que se desloca é
maior do que em um duto mais curto, que possui um volume menor.
Como a inércia é maior, o ar demora a parar e há tempo para a
válvula abrir-se novamente para a admissão do próximo ciclo. A
velocidade de deslocamento do ar em direção à válvula não
fica prejudicada, o que auxilia o enchimento dos cilindros,
aumentando portanto o torque e a potência. O contrário ocorre
em dutos curtos: como existe um pequeno volume de ar se
deslocando em direção à válvula, este é facilmente freado
quando a válvula se fecha, pois tem uma menor inércia, e tem de
ser reacelerado quando a válvula reabre, o que reduz a
eficiência volumétrica do motor.
O maior comprimento do duto de admissão, porém, passa a ser
prejudicial em alta rotação. O ar admitido já está em alta
velocidade e não é preciso um volume elevado de ar para
garantir a inércia. Um duto longo, então, oferece maior
resistência ao deslocamento do ar e passa a prejudicar o
desempenho do motor, reduzindo o enchimento dos cilindros.
Efeito semelhante ocorre com o aumento da área de admissão, mas
aqui não é o volume de ar que está em jogo e sim a velocidade
com que é admitido. No caso de válvulas maiores ou maior
número de válvulas, ou mesmo de dutos de admissão mais largos,
a área de entrada nos cilindros é maior e o volume dos
cilindros é o mesmo, logo o ar se desloca com menor velocidade,
o que reduz a inércia do volume a ser admitido e prejudica o
torque em baixas rotações. Em altos regimes, com a velocidade
de admissão já garantida, a maior área de admissão e menor
resistência à passagem do ar otimizam o rendimento
volumétrico, o torque e a potência.
A combinação de área mais ampla de admissão, como em um motor
de quatro válvulas por cilindro, com coletor de dutos longos
visa a encontrar um equilíbrio entre o comportamento no motor em
alta e em baixa rotação. Exemplo deste acerto é o motor de 1,6
litro e 16 válvulas do Palio, que recorre a dutos longos para
obter uma curva de torque mais plana. Outros motores utilizam um
coletor de admissão de comprimento variável, que trabalha com
duas configurações conforme o regime de giros: em baixa, dutos
longos e estreitos; em alta, dutos mais curtos e mais largos. É
a melhor forma de conciliar virtudes às vezes antagônicas como
potência em alta, torque em baixa, economia e baixas emissões.
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