

Por baixo do capô estava o
clássico motor V8, revigorado pelo turbo e agora sem esconder a
potência: 325 cv, que permitiam atingir 225 km/h


Com a separação entre Bentley e
Rolls-Royce, em 2002, o Corniche era descontinuado, deixando para a
história uma tradição de três décadas |
O
Bentley Continental passava pela mesma evolução, mantendo a
nomenclatura. Uma versão especial do Corniche IV, a Anniversary, era
lançada ainda em 1992 para comemorar os 25 anos da versão conversível. Foram
produzidas apenas 25 unidades, todas na cor azul, com detalhes
exclusivos como revestimento em magnólia, mesinhas embutidas atrás dos
bancos dianteiros e compartimentos nas portas que podiam ser trancados e
abrigavam carteiras de couro, garrafas e abridores feitos para o carro.
A produção do IV durou até 1995, em um total de 219 unidades. O
encerramento dos Corniches baseados no Silver Shadow foi com o Corniche
S, do mesmo ano, fabricado em tiragem limitada a 25 unidades. As duas
letras "R" sobre a grade, que por tradição vinham pintadas em preto
desde a morte dos fundadores da empresa, apareciam em vermelho na edição
especial, que também teve o motor equipado com
turbocompressor. O Continental também
saiu de linha em 1995, somando desde seu início 438 unidades, incluídos
os cinco Turbos da série final — com mecânica idêntica à do Corniche S —
e mais três turbos de 1993 construídos sob encomenda para o Sultão de
Brunei, com motor do sedã Bentley Turbo R.
Breve
ressurreição
O nome Corniche
ressurgia em um carro todo novo em janeiro de 2000, dessa vez com
elementos de estilo do Rolls-Royce Silver Seraph, lançado dois anos
antes. No entanto, a base do carro era o Bentley Azure, que havia
surgido em 1995 — foi o único Rolls lançado depois de seu equivalente da
Bentley. Quando de seu lançamento, era o modelo mais caro da Rolls.
O novo conversível vinha ainda maior que o derivado do Silver Shadow:
5,40 m de comprimento, 1,91 m de largura, 1,47 m de altura e 3,06 m de
entre-eixos, com peso de 2.735 kg. Para manter uma boa autonomia, diante
do grande consumo, o tanque de gasolina levava 100 litros. O motor era o
destaque do carro: uma versão alterada do mesmo 6,75-litros com turbo
que produzia 325 cv. A potência, enfim divulgada, era inferior à do
Azure — que tinha 389 cv quando lançado e 406 cv no fim da produção —,
mas o motor era mais suave. A aceleração de 0 a 100 km/h podia ser feita
em 8,5 segundos, com velocidade máxima de 225 km/h. O carro vinha com
freios ABS e câmbio automático de quatro marchas e, à época, era o único
carro da marca com um autêntico motor Rolls-Royce — os demais usavam os
da BMW.
O teste da revista norte-americana Car and Driver apontou como
destaques o conforto de marcha, o agradável odor do revestimento em
couro e "uma dama voadora [o símbolo da Rolls sobre a grade]
que, em termos de celebridade, vale 100 mil dólares ou mais". Os pontos
negativos foram o vigia traseiro em plástico, a vibração do para-brisa
(indicação de uma limitada rigidez estrutural) e o comportamento dinâmico. E, claro, o preço definido como "lunático". Sua produção durou
só até 2002, devido à separação da Rolls e da
Bentley em duas empresas com donos diferentes. Apenas 374 foram produzidos.
O que se viu foi uma situação peculiar. A empresa Rolls-Royce se tornou
uma subsidiária da Volkswagen, que passou a ser dona da fábrica de Crewe,
onde os Rolls eram fabricados. No entanto, a fábrica Rolls-Royce era
proprietária apenas da marca Bentley — a marca Rolls pertencia a
terceiros e era usada sob licença pela empresa. A prestigiosa marca
britânica, assim, acabou sendo comprada de seus proprietários pela BMW,
que começou a produzir o Phantom em
uma nova fábrica.
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