Capô, grade e faróis mais baixos, janelas sem quebra-ventos, novo retrovisor: alterações de estilo da linha 1974, que também ganhava motores mais potentes

As lanternas traseiras estriadas, favoráveis à visibilidade ao rodar por estradas poeirentas, surgiram no modelo e se estenderam pela marca

O motor 2,2 a gasolina passava a 2,3 litros, e a versão a diesel, a 2,4, o que trazia mais potência e torque a esses Mercedes de quatro cilindros

 
Nos Estados Unidos
Há muitas décadas um mercado relevante para a Mercedes-Benz, os Estados Unidos receberam a linha "barra-oito" já no ano do lançamento europeu. Havia menos opções de motores, mas unidades a diesel faziam parte do catálogo — e foram especialmente apreciadas depois da primeira crise do petróleo, de 1973, quando sua economia passou a ser vista como convidativa apesar do baixo desempenho.

Havia diferenças visuais entre os modelos do mercado europeu e do norte-americano: estes ganhavam faróis do tipo selado (sealed beam), obrigatórios nos EUA, o que alterava um pouco o aspecto frontal. Os para-choques eram também diversos e, em 1974, se tornaram bem maiores para atender a novas normas de resistência, que exigiam que se mantivessem íntegros após um impacto a 5 milhas por hora (8 km/h).

Na mecânica, o uso de caixa automática era bem mais frequente que na Europa, chegando a se tornar a única disponível para o 300 D — nome local do 240 D 3.0.

O seis-em-linha era tão bom, argumentava, que faria a Mercedes ser novamente levada a sério do ponto de vista técnico, em que seus lançamentos anteriores vinham decepcionando. "Além de excelente distribuição de potência, ele possui a virtude de boa dirigibilidade (...) e um ar de refinamento e qualidade. Quando gira alto, parece uma turbina em som e sensação. (...). Embora o câmbio seja escalonado para ótimo desempenho, suas capacidades de cruzar em alta velocidade não são prejudicadas. Efetivos 160 km/h podem ser mantidos indefinidamente, em grande conforto e notável silêncio, o motor sendo escassamente audível acima do moderado nível de ruído de vento", descreviam os britânicos.

Diesel de cinco cilindros   Retoques visuais à linha W114/W115 vinham no Salão de Paris como linha 1974: capô e grade mais baixos, faróis em posição inferior, colunas dianteiras com aletas — para evitar que filetes de água corressem pelas janelas laterais —, portas da frente sem quebra-ventos, novo retrovisor e lanternas traseiras. Estas traziam estrias horizontais, pela primeira vez na marca, que ajudavam a manter certa transmissão de luz após rodar por estradas poeirentas, já que a turbulência de ar fazia a poeira se depositar apenas nas faixas salientes. Os para-choques de lâmina dupla, porém, desapareciam. O interior ganhava volante acolchoado com quatro raios e almofada para buzina, cintos de segurança retráteis, controle interno dos retrovisores e encostos de cabeça dianteiros de série.

Também chegavam novos motores. O 220 a gasolina cedia espaço ao 230.4, assim chamado por ter quatro cilindros e não seis como o 230 já existente (agora denominado 230.6). Com o M115 aumentado para 2,3 litros, conseguia 110 cv e 19 m.kgf. Na gama a diesel estreava o motor OM616 de quatro cilindros e 2,4 litros, com 65 cv e 13,9 m.kgf, oferecido na versão 240 D e na variação Lang. Nesse tipo de motor a Mercedes manteve-se sempre, através da história, entre as empresas com técnicas mais avançadas.

Um pioneirismo que prosseguia em julho de 1974 com o 240 D 3.0: seu cinco-cilindros em linha — o primeiro nessa configuração em um automóvel — de 3,0 litros, de código OM617, acrescentava um cilindro ao de 2,4 litros para trazer 80 cv e 17,5 m.kgf. Embora o desempenho ainda fosse modesto se comparado ao das versões a gasolina, com máxima de 148 km/h e 0 a 100 em 20 segundos, era o bastante para fazer dele o automóvel a diesel mais rápido de seu tempo. Além disso, partida e parada do motor eram feitas pela chave, como nos carros de hoje, sem necessidade de uma alavanca de partida.

A Auto Motor und Sport  escreveu que "em operação prática o 'grande' diesel distingue-se dos modelos de quatro cilindros por seu funcionamento notavelmente mais refinado. Além de aceleração bem  melhor, sobretudo em rotações médias e altas, beneficia-se do menor intervalo entre as explosões que resulta do maior número de cilindros. Há ainda a impressão de efeitos de alteração de carga bastante reduzidos entre acelerar e desacelerar o motor". Continua

Nas telas
Novos ou muito velhos, em plena ação ou em papéis pacatos no transporte de pessoas de classe, esses Mercedes garantiram forte presença no cinema desde a época de sua produção.

Um sedã cinza claro aparece em 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (The Man with the Golden Gun, 1974) e um branco está no drama francês La Femme Infidèle (1969). Também da época é o drama polonês Frankenstein '80 (1972), em que se vê um modelo preto. Da mesma cor é o 230 de The Wilby Conspiracy (1975), drama feito na Inglaterra. Em Les Suspects (1974), filme policial franco-italiano, aparece um azul e outro está na comédia francesa Holiday Hotel (Hôtel de la Plage, 1978). Um 240 D branco é visto em George and Mildred (1980), inglês.

Os robustos Mercedes participaram também de filmes posteriores, como o terror italiano Tatort - Miriam, feito para TV em 1983, com um sedã preto, e Vida e Morte de Peter Sellers (The Life and Death of Peter Sellers, 2004), drama inglês e norte-americano que mostra um azul. Outros pretos estão em Konsul (1989), filme polonês de ação; na comédia francesa Quatre Garçons Pleins D'Avenir (1997) e no filme policial alemão Esconderijo Perfeito (Perfect Hideout, 2008). Uma versão norte-americana em prata é vista em Horas de Desespero (Desperate Hours, 1990).

Os modelos alongados têm boa presença. Estão em Meninos do Brasil (The Boys from Brazil, 1978), drama feito por EUA e Inglaterra; na comédia A Vingança da Pantera Cor-de-Rosa (Revenge of the Pink Panther, 1978), feita pelos mesmos países; na comédia italiana Scusi, Lei è Normale? (1979) e nas francesas L'Aile Ou La Cuisse (1976) e Le Nouveau Jean-Claude (2002). Um 280 Lang em versão norte-americana é visto em Double Nickels (1977).

Cupês são mais raros, mas é possível vê-los na tela. Há um 280 CE dourado em Mensch, Ärgere Dich Nicht (1972), comédia alemã, e um 250 CE bege em The Damned United (2009), drama feito por Inglaterra e EUA.

As ambulâncias — transformação a que esses Mercedes serviram em grande quantidade — aparecem em 20 10 90 (1974), em vermelho, e em O Amigo Americano (Der Amerikanische Freund), na cor mais comum, branca.

Não poderiam faltar alguns exemplares em péssimo estado em comédias. Dois deles, ambos brancos, estão nos filmes Smazalnia Story (Polônia, 1984) e Tu la Conosci Claudia? (Itália, 2004).
007 Vida e Morte de Peter Sellers
The Damned United George and Mildred
Meninos do Brasil O Amigo Americano
Tu la Conosci Claudia? Vingança da Pantera Cor-de-Rosa

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