
O vigor que faltava ao XR vinha
ao GLX e ao Ghia em 2005: o motor Duratec 2,0 com 140 cv para caixa
automática e 147 cv para manual

Bons resultados: o Zetec Rocam
flexível chegava a 113 cv com álcool


Levou quatro anos para a segunda
geração chegar ao Brasil, mas ela veio renovada em estilo; por enquanto
oferece só motor 2,0 a gasolina |
O
sedã GLX manteve o 1,8 16V só por mais alguns meses, até receber o 1,6,
enquanto o 2,0 16V permanecia disponível para hatch e sedã GLX e Ghia.
Mas havia um fato intrigante: desde o lançamento do EcoSport, em 2003, a Ford brasileira vinha usando
na versão de topo deste utilitário o motor Duratec 2,0 16V importado do México, uma
unidade mais moderna que o Zetec, com bloco de alumínio e outros
aprimoramentos. Adaptá-lo ao Focus seria uma boa forma de competir com a
renovada concorrência — e foi o que a Ford providenciou em uma
combinação inédita no mundo, pois na Europa o Duratec só foi adotado na
segunda geração.
Em junho de 2005 o Zetec dava lugar ao novo motor nas versões GLX
e Ghia, que ganhavam tempero esportivo. A potência passava a 140
cv quando dotado de câmbio automático e 147 cv com caixa manual — a
diferença vinha da calibração da central eletrônica, que no primeiro
caso favorecia o torque em baixa rotação —, enquanto o torque era o
mesmo nos dois casos, 19 m.kgf. O câmbio passava a ser o feito em
Taubaté e a suspensão era recalibrada. Na aparência, poucas novidades:
apenas o logotipo 2.0 16V na traseira e nova grafia nos
instrumentos do painel.
Abandonado
Daquele período em
diante o Focus, que já não era privilegiado pela estratégia de marketing
da Ford, entrou praticamente no esquecimento. O segmento de sedãs médios
apresentava grande renovação, com lançamentos como Vectra, Civic, Mégane
e Jetta, mas o modelo argentino deixava de acompanhar esse ritmo. Até
mesmo o motor 1,6 flexível, que a Ford usava no Fiesta desde 2004,
demorou três anos para chegar ao Focus — apareceu em maio de 2007 com
113 cv e 15,1 m.kgf ao usar álcool, ótimos resultados para um motor de
duas válvulas por cilindro. E suas linhas continuavam intocadas, pois
pesquisas indicavam baixa aceitação pelos brasileiros da reforma parcial
lançada em 2005 nos Estados Unidos.
Em setembro de 2008, quatro anos depois do lançamento europeu, o Focus
de segunda geração começava a ser feito na Argentina — ao menos, atualizado com a
recente remodelação da Europa.
Sedã e hatch vinham ao Brasil nas versões GLX e Ghia, apenas com o motor
Duratec HE 2,0 16V a gasolina (o flexível ficou para mais tarde), que
teve a potência ajustada para 145 cv e o torque em 18,9 m.kgf, tanto com
caixa manual quanto com automática.
Além do desenho atraente e do ganho em espaço interno trazido pelas
maiores dimensões, o novo Focus mostrava detalhes interessantes na
versão Ghia, como partida do motor por botão (a chave podia permanecer
no bolso), ar-condicionado automático com duas zonas de ajuste, canal
para mudanças manuais sequenciais no câmbio automático e comando de voz
para áudio, ar-condicionado e telefone. O GLX ganhava computador de
bordo e ambos tinham rodas de 16 pol. A geração anterior foi mantida com
motor 1,6 flexível, nos acabamentos GL (inédito para o sedã) e GLX, este
com detalhes externos iguais aos do antigo Ghia.
Em 10 anos de produção o Focus assumiu e perdeu a liderança mundial de
vendas (que manteve em 2001 e 2002), viu a versão norte-americana seguir
outro caminho e a sul-americana se desatualizar e retomar a modernidade.
Mas conclui esse período como um dos mais bem-sucedidos modelos da
história moderna da Ford — mais de 5,5 milhões de unidades fabricadas só
na Europa — e o carro mais vendido da Inglaterra, ano após ano, desde o
lançamento. Pelo carisma que seu nome conquistou em vários mercados, não
será surpresa vê-lo estampado na traseira de muitas e muitas gerações,
como aconteceu com seu antecessor Escort.
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