

A traseira do conversível
tornava-se semelhante à do hatch; no interior modernizado do esportivo,
as opções de bancos Recaro e equalizador


Além de motor e câmbio, o Escort
tinha novas suspensões com eixo de torção traseiro; o XR3 1995 (fotos)
ganhava outras rodas e frisos pretos

Mesmo nas versões mais simples,
como a GL, o médio da Ford estava beneficiado por evoluções mecânicas e
pelo ganho em espaço interno |
O
motor 1,6 da Ford era mantido e o VW 1,8 a gasolina trazia carburador
com controle eletrônico de marcha-lenta. O câmbio
—
projeto da VW alemã, mas fabricado na Argentina
—
adotava comando por cabos flexíveis em vez de varão, pela primeira vez
no País. Também eram novas as suspensões, a dianteira aperfeiçoada e a
traseira com eixo de torção, não mais um conceito independente, mas
simples e eficaz. Os amortecedores eletrônicos desapareciam. Na direção
não assistida, inovação com a relação variável, mais rápida na região
central, forma de torná-la mais leve em manobras.
O XR3 era atração à parte. Sua frente trazia faróis de
duplo refletor, em que o facho alto
substituía os antigos faróis de longo alcance, e unidades de neblina no
para-choque, junto às luzes de direção. O desenho dispensava
grade: a admissão de ar para o motor era feita pelo vão no para-choque.
O interior mostrava opções sofisticadas como
bancos dianteiros Recaro com ajuste lombar em dois níveis (em ambos) e
de altura (no do motorista), abertura e fechamento dos vidros pela
fechadura da porta, alarme com proteção por ultrassom e sistema de áudio
com equalizador gráfico digital e amplificador.
O conversível acompanhava as mudanças e, pela primeira vez,
compartilhava o desenho da traseira com o hatch, incluindo as lanternas
— elas não mais impediam que o vão de acesso do porta-malas
chegasse ao para-choque. Ambos os XR3
recebiam o motor VW de 2,0 litros a gasolina do Gol GTi, com injeção
multiponto LE-Jetronic, 115,5 cv e 17,6
m.kgf, o que não dispensava o catalisador. Câmbio com relações
próximas entre si, freios a disco nas quatro rodas e calibração bem mais
firme da suspensão eram peculiaridades do esportivo. O Ghia logo seria
oferecido com o mesmo motor, mas sem injeção.
Confrontado pela revista Autoesporte ao Gol GTi e ao Kadett GSi —
todos com motores de 2,0 litros e injeção —, o XR3 foi elogiado pelo
desenho mais moderno entre os três, o melhor espaço no banco traseiro e
os engates do câmbio, mas mereceu críticas pela suspensão muito dura. Em
desempenho, obteve a maior velocidade máxima e o segundo lugar nas
provas de aceleração (de 0 a 100 km/h em 10,4 s) e retomadas, perdendo
para o mais leve Gol. "O Kadett talvez forme o melhor conjunto, mas o
Escort é superior em termos de design", concluiu a revista.
O governo federal criava o programa do carro popular em 1993, com a
quase eliminação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para
incentivar o mercado. Enquanto esperava que a VW lhe "emprestasse" o
novo Gol a ser lançado no ano seguinte — o que jamais aconteceu —, a
Ford adaptou ao Hobby o motor AE de 1,0 litro e 50 cv do Gol 1000, num
bom trabalho de engenharia que conseguia mascarar seu peso elevado,
recorrendo a um câmbio bem escalonado e à aerodinâmica eficiente. Nessa
versão apenas o nome Hobby aparecia na traseira, sem o logotipo Escort.
Na linha 1994 era renovado o Verona, dessa vez com as mesmas linhas do
Orion europeu, suas quatro portas e banco traseiro rebatível. Em versões
LX, GLX (ambas 1,8) e Ghia (2,0), tinha frente
quase igual à do Escort, salvo pelos vãos da grade, e traseira com
as lanternas do hatch. Havia boas novidades como o motor
2,0-litros a injeção do Ghia, que oferecia também conveniências
internas típicas do XR3, como rádio/toca-CDs com equalizador, mas o
modelo — talvez pelo estilo pacato demais — não obteve êxito no Brasil.
O belo desenho típico de importados, por outro lado, era o destaque dos
VW Logus e Pointer, derivados da mesma plataforma (leia boxe).
Nas versões superiores da linha — Escort XR3 e Verona Ghia —, a
veterana injeção analógica LE-Jetronic era substituída em maio de 1994
pela mais moderna FIC (Ford Indústria e Comércio, fábrica de eletrônicos
do grupo), digital e dotada de sensor de
oxigênio no escapamento. Os motores de 1,6 e 1,8 litro também
adotavam injeção FIC, mas monoponto e estendida às versões a álcool,
opção que o de 2,0 litros teria pela primeira vez no fim do ano, com
122,4 cv e 18,4 m.kgf.
Ainda na linha 1995, o XR3 ganhava rodas de cinco
raios, frisos externos pretos em vez de vermelhos e ajuste do volante
em altura — a
combinação dessa regulagem à de distância era outra primazia entre os
nacionais. A versão 2.0i S assumia o topo da linha Verona, com itens do XR3 como grade, faróis e para-choques,
volante e painel; vinha também com bancos Recaro.
Continua
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