
A versão R/T chegava com o motor
440 e suspensão mais esportiva; o anúncio o chama de ramrod, a vareta
usada para carregar um canhão



O Daytona era a versão de
competição com frente alongada e imenso aerofólio; em 1970 a grade e o
para-choque vinham em uma única peça |
O clássico
O ano de
1968 marcou a primeira reestilização do Charger, que agora contava com
um desenho equilibrado e atraente. As linhas estavam um pouco mais
arredondadas e a traseira agora integrada ao desenho. O destaque era o
estilo "garrafa de Coca-Cola" que criava uma onda na lateral. Sem dúvida
é a série de maior prestígio entre os fãs. Na frente a grade ainda
escondia os faróis, mas agora o sistema escamoteável era a vácuo em vez
do elétrico anterior. Os para-choques cromados estavam mais rentes à
carroceria e, nas laterais quase lisas, somente dois vincos nas portas
quebravam a paisagem. Na traseira a lanterna única e horizontal saía de
cena em favor de unidades circulares. Por dentro a esportividade era
evidenciada pelo grande console que separava os bancos dianteiros e a
farta instrumentação à frente do motorista, mas na versão de entrada
vinha um banco inteiriço. Essa série é considerada uma das mais belas da
era dos carros musculosos.
E a marca sabia contar sua história: "Esse não é um carro dos sonhos. É
um automóvel real do tipo
'leve-me-pra-casa-e-deixe-me-agitar-um-pouco-as-coisas'". A Motor
Trend foi só elogios ao interior do Charger nesse ano. Segundo a
publicação, tudo foi feito para agradar ao motorista: "Depois de afundar
em bancos macios de vinil que se assemelham no tato e no visual a couro,
você olha ao redor e vê um metal tímido, onde sombras acalmam o sol e
transformam o carro num abraço quase protetor. As portas mostram
elegância com os novos porta-mapas e as cores misturadas no revestimento
serão difíceis de serem superadas por qualquer fabricante neste ano."
Outro destaque junto às linhas era a nova versão R/T (Road and Track,
estrada e pista) equipada com o V8 Magnum, suspensão e freios revistos e
o câmbio automático Torqueflite 727 de três marchas — ou o manual de
quatro como opção. Um seis-cilindros em linha de 225 pol³ (3,7 litros)
com carburador simples, 111 cv e 25,6 m.kgf, o Slant Six (seis
inclinado, o mesmo dos irmãos Polara e
Coronado), também podia equipar o modelo.
Enquanto a grade mudava nos anos seguintes (o modelo 1969 recebia uma
divisão cromada no centro), duas novidades chegavam: o Charger 500 e o
Charger Daytona. O 500 possuía vidro traseiro mais arredondado e recebia
os motores 440 e 426. Já o Daytona, embora oferecesse os mesmos
propulsores, era muito diferente no desenho. Para começar, um
prolongamento em forma de cunha na frente o deixava exageradamente
longo. Se não bastasse, o aerofólio traseiro ficava mais alto que o teto
do carro. Ele era apoiado nas laterais da carroceria e não na tampa do
porta-malas, pois ela não suportava a pressão do ar em alta velocidade e
se amassava. Assim, a altura permitia a abertura da tampa por baixo do
equipamento, que se tornou ícone no modelo. Essas modificações criaram
sustentação negativa que mantinha o
carro sob controle nas pistas ovais da Nascar, o campeonato mais popular
nos EUA. O resultado não demorou e o Charger consagrou-se como campeão
já em 1971 (leia boxe abaixo).
Os modelos "civis" emprestavam um pouco da exclusividade dos carros da
pista com o uso de lanternas retangulares atrás e luzes de posição nas
laterais. A versão SE (Special Edition) era mais luxuosa, com apliques
em madeira, bancos esportivos em posição baixa e novas rodas, pacote que
podia ser aplicado a todos os Chargers. O conjunto Six Pack de três
carburadores de corpo duplo chegava ao motor 440 para o levar a 390 cv.
Esse propulsor tornou-se notório por rivalizar com o Hemi nas ruas
quando equipava o Dodge Super Bee e o Plymouth
Road Runner. Em 1970 poucas novidades apareciam no Charger. A mais
visível estava no para-choque e na moldura da grade frontal em uma só
peça cromada, sem a divisão na grade implantada no ano-modelo anterior. Cores fortes, como rosa, amarelo e laranja, queriam chamar a
atenção. Por dentro novos bancos e painéis de portas criavam um ambiente
mais sofisticado. O Charger 500 voltava às linhas de produção.
Continua
|