

O sedanet de duas portas de
1946, em cinza, e o anúncio do câmbio Dynaflow, considerado com exagero
"uma nova era de motorização"
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Um Roadmaster 1955 tem
participação especial na vida do apresentador americano Jay Leno,
um entusiasta por automóveis de alto desempenho. Seu carro
pessoal nos anos 70, o Roadie o levou ao primeiro encontro com
sua esposa e ao primeiro programa Tonight Show, em 1977.
Assim, o carro foi escolhido para ser transformado em um street
rod, como se chamam nos Estados Unidos os modelos antigos
altamente preparados para uso em rua.
O imenso motor V8 de 572 pol3 (9,4 litros!) resulta em potência
de 620 cv e torque de 89,8 m.kgf. Muitos dos componentes são
forjados para suportar o nível de solicitação. De resto, o Buick
foi todo restaurado com fidelidade às linhas originais. O
cuidado chegou aos cubos de roda, refeitos para se encaixar nas
novas rodas bem mais largas com efeito visual similar ao dos que
equipavam o carro. As suspensões, no entanto, são de Corvette.
Conta Jay que o carro voltou a ser um de seus prediletos, mas
agora por outras razões. "Eu adoro ver a cara de um sujeito
dirigindo um Porsche que me vê chegando perto dele", provoca.
"Ele pensa, 'como pode esse Buick velho fazer isso comigo?'" |
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O Roadmaster agora chegava a 165 km/h e acelerava de 0 a 96 km/h em
pouco mais de 11 segundos. Se era bom no desempenho, seus donos
precisariam de doses extras de aspirina por conta da dor-de-cabeça que
viria junto a tanta força. Os anéis e as paredes dos cilindros não se
entendiam, as velas não funcionavam bem e, mesmo com o redesenho dos
pistões, "batidas de pino" eram uma constante. O "carburador composto"
só aumentou ainda mais a fome do motor pela gasolina. Com a chegada da
Segunda Guerra Mundial e o racionamento de gasolina (limitada a quatro
galões, ou 15,4 litros, semanais), muitos proprietários desativaram um
dos carburadores em busca de economia.
Em
1942 o Buick mudava novamente, assumindo linhas bastante comuns à época,
mas nem por isso menos elegantes. Estava mais longo, baixo, largo e
espaçoso que antes, com ajuda do entre-eixos 7 cm mais longo. Uma das
características principais era a grade frontal de barras verticais
cromadas, acabamento que se repetia nos parachoques, nas molduras dos
faróis (únicos e circulares em cada lado), nas laterais e na traseira. O
parabrisa era bipartido, o capô era alto e os paralamas, cujo desenho
alcançava os de trás, estavam mais integrados ao conjunto. Pneus de
faixa branca davam o toque de elegância. O lado mecânico não mudava;
apenas eram resolvidos os problemas dos modelos anteriores, o que já
estava de bom tamanho.
Com o ataque japonês a Pearl Harbor e a entrada dos EUA na guerra, a
produção da Buick caiu drasticamente — assim como a de toda a indústria.
Modelos só eram vendidos a pessoas realmente envolvidas nos esforços de
guerra e que precisavam de um veículo. Muitos Roadmasters saíram de
fábrica sem os tradicionais cromados externos — os conhecidos blackout.
Logo a produção era definitivamente encerrada. A fábrica agora produzia
armamento pesado. Um desses veículos, o Hellcat, foi a base do conversor
de torque do famoso câmbio automático Dynaflow.
Novo
carro não tão novo
Tão logo a guerra
terminou, a Buick recomeçava a produção de automóveis já em 1945, com os
mesmos desenhos de 1942 relançados como modelos 1946. Os cromados retornavam e um
ornamento inspirado no tema da guerra, uma espécie de mira com um míssil
estilizado, era aplicado acima da grade. A inflação do pós-guerra não
ajudou: o Roadmaster sedã, por exemplo, custava pouco mais de U$S 2 mil,
bem mais que os U$S 1.365 de 1942.
O aço em folha valia uma fortuna e a Buick decidiu então concentrar a
produção em seus carros maiores e mais caros, por conta da maior margem
de lucro. Já o carburador composto era abandonado e a taxa de compressão
caía novamente. A potência desceu de 167 para 146 cv, com torque de 38
m.kgf. Isso não afetou a imagem do carro, já que seus motores ainda
estavam muito bem situados diante da concorrência. O flathead (cabeçote
plano) de oito cilindros da Chrysler, por exemplo, entregava 136 cv e 37
m.kgf.
O ano de 1948 marcou a estréia do câmbio Dynaflow, o primeiro equipado
com conversor de torque para a indústria de carros de passageiros. Com
duas marchas e ré, ele não era capaz de efetuar mudanças automáticas,
mas o deslizamento do conversor era tão grande que, da imobilidade à
velocidade máxima, o carro usava apenas a segunda marcha, chamada de
Direct Drive. A primeira, ou Low, era engatada pelo motorista apenas
quando ele desejasse maior aceleração e podia chegar a 65 km/h.
O Dynaflow era um opcional muito popular, mas o deslizamento do
conversor — que
reduzia em muito sua eficiência na transmissão de potência —
levou os consumidores a apelidá-lo de "Dyna-lama".
No ano seguinte o
câmbio em questão tornava-se item de série no Roadmaster e um discreto
aumento na taxa de compressão permitia 152 cv, o suficiente para 160 km/h de máxima.
Também em 1949 a carroceria era remodelada, algo inédito desde o fim
do conflito. Semelhante à do modelo anterior, estava mais encorpada
graças aos paralamas frontais mais integrados.Continua
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