As linhas lançadas para 1942, com faróis nos paralamas e sem estepes laterais, foram mantidas quando a produção recomeçou em 1946 (ao lado um sedã 1948 com ligeiras alterações)

O sedanet de duas portas de 1946, em cinza, e o anúncio do câmbio Dynaflow, considerado com exagero "uma nova era de motorização"

 
O especial

Um Roadmaster 1955 tem participação especial na vida do apresentador americano Jay Leno, um entusiasta por automóveis de alto desempenho. Seu carro pessoal nos anos 70, o Roadie o levou ao primeiro encontro com sua esposa e ao primeiro programa Tonight Show, em 1977. Assim, o carro foi escolhido para ser transformado em um street rod, como se chamam nos Estados Unidos os modelos antigos altamente preparados para uso em rua.

O imenso motor V8 de 572 pol3 (9,4 litros!) resulta em potência de 620 cv e torque de 89,8 m.kgf. Muitos dos componentes são forjados para suportar o nível de solicitação. De resto, o Buick foi todo restaurado com fidelidade às linhas originais. O cuidado chegou aos cubos de roda, refeitos para se encaixar nas novas rodas bem mais largas com efeito visual similar ao dos que equipavam o carro. As suspensões, no entanto, são de Corvette.

Conta Jay que o carro voltou a ser um de seus prediletos, mas agora por outras razões. "Eu adoro ver a cara de um sujeito dirigindo um Porsche que me vê chegando perto dele", provoca. "Ele pensa, 'como pode esse Buick velho fazer isso comigo?'"

O Roadmaster agora chegava a 165 km/h e acelerava de 0 a 96 km/h em pouco mais de 11 segundos. Se era bom no desempenho, seus donos precisariam de doses extras de aspirina por conta da dor-de-cabeça que viria junto a tanta força. Os anéis e as paredes dos cilindros não se entendiam, as velas não funcionavam bem e, mesmo com o redesenho dos pistões, "batidas de pino" eram uma constante. O "carburador composto" só aumentou ainda mais a fome do motor pela gasolina. Com a chegada da Segunda Guerra Mundial e o racionamento de gasolina (limitada a quatro galões, ou 15,4 litros, semanais), muitos proprietários desativaram um dos carburadores em busca de economia.

Em 1942 o Buick mudava novamente, assumindo linhas bastante comuns à época, mas nem por isso menos elegantes. Estava mais longo, baixo, largo e espaçoso que antes, com ajuda do entre-eixos 7 cm mais longo. Uma das características principais era a grade frontal de barras verticais cromadas, acabamento que se repetia nos parachoques, nas molduras dos faróis (únicos e circulares em cada lado), nas laterais e na traseira. O parabrisa era bipartido, o capô era alto e os paralamas, cujo desenho alcançava os de trás, estavam mais integrados ao conjunto. Pneus de faixa branca davam o toque de elegância. O lado mecânico não mudava; apenas eram resolvidos os problemas dos modelos anteriores, o que já estava de bom tamanho.

Com o ataque japonês a Pearl Harbor e a entrada dos EUA na guerra, a produção da Buick caiu drasticamente — assim como a de toda a indústria. Modelos só eram vendidos a pessoas realmente envolvidas nos esforços de guerra e que precisavam de um veículo. Muitos Roadmasters saíram de fábrica sem os tradicionais cromados externos — os conhecidos blackout. Logo a produção era definitivamente encerrada. A fábrica agora produzia armamento pesado. Um desses veículos, o Hellcat, foi a base do conversor de torque do famoso câmbio automático Dynaflow.

Novo carro não tão novo   Tão logo a guerra terminou, a Buick recomeçava a produção de automóveis já em 1945, com os mesmos desenhos de 1942 relançados como modelos 1946. Os cromados retornavam e um ornamento inspirado no tema da guerra, uma espécie de mira com um míssil estilizado, era aplicado acima da grade. A inflação do pós-guerra não ajudou: o Roadmaster sedã, por exemplo, custava pouco mais de U$S 2 mil, bem mais que os U$S 1.365 de 1942.

O aço em folha valia uma fortuna e a Buick decidiu então concentrar a produção em seus carros maiores e mais caros, por conta da maior margem de lucro. Já o carburador composto era abandonado e a taxa de compressão caía novamente. A potência desceu de 167 para 146 cv, com torque de 38 m.kgf. Isso não afetou a imagem do carro, já que seus motores ainda estavam muito bem situados diante da concorrência. O flathead (cabeçote plano) de oito cilindros da Chrysler, por exemplo, entregava 136 cv e 37 m.kgf.

O ano de 1948 marcou a estréia do câmbio Dynaflow, o primeiro equipado com conversor de torque para a indústria de carros de passageiros. Com duas marchas e ré, ele não era capaz de efetuar mudanças automáticas, mas o deslizamento do conversor era tão grande que, da imobilidade à velocidade máxima, o carro usava apenas a segunda marcha, chamada de Direct Drive. A primeira, ou Low, era engatada pelo motorista apenas quando ele desejasse maior aceleração e podia chegar a 65 km/h. O Dynaflow era um opcional muito popular, mas o deslizamento do conversor
— que reduzia em muito sua eficiência na transmissão de potência — levou os consumidores a apelidá-lo de "Dyna-lama".

No ano seguinte o câmbio em questão tornava-se item de série no Roadmaster e um discreto aumento na taxa de compressão permitia 152 cv, o suficiente para 160 km/h de máxima. Também em 1949 a carroceria era remodelada, algo inédito desde o fim do conflito. Semelhante à do modelo anterior, estava mais encorpada graças aos paralamas frontais mais integrados.Continua

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