A primeira incursão da Porsche no mundo do automobilismo se deu
com um dos 50 cupês de alumínio fabricados em Gmünd, o de número
2. Era 1951 e o esportivo (na foto) foi modificado para que um
campeão fosse criado. O tanque de combustível foi movido para
frente, de forma a envolver o estepe, e sua capacidade aumentou
para 78 litros.

Para agilizar o
reabastecimento, o bocal do tanque ficava na tampa do capô,
próximo ao pára-brisa. Os pára-lamas ganharam saias — que o
deixavam parecido com um cavalo de batalha medieval... — e a
janela lateral traseira foi substituída por uma persiana na cor do
carro. Na cor prata, tinha aspecto futurista. Foi batizado de 356
SL.
A estréia foi em grande estilo na 24 Horas de Le Mans. Ao volante
estava o importador da marca na França, Auguste Veuillet, e
Edmonde Mouche fez a vez de co-piloto. Com uma velocidade média de
140 km/h, o cupê de alumínio já mostrava qual seria o futuro da
Porsche nas pistas: foi o vencedor na classe de 1.100 cm³. Mas era
só o começo. |
No árduo tour Lüttich-Rom-Lüttich outra vibrante vitória.
Em Montthéry, ainda no mesmo ano, outro cupê de Gmünd, este com
motor 1,5 de 70 cv, participou de uma corrida que durou 72 horas e
11 mil quilômetros, numa média de 152,35 km/h. Tudo por um recorde
mundial. Era a prova da rapidez e da credibilidade da marca.
Um outro cupê 356 de alumínio, com motor 1,5 e pára-brisa
integral, fez história nos ralis por toda a Europa em meados dos
anos 1950. Ganhou em sua classe em Monza em 1952. Em seguida,
entre várias outras conquistas, venceria também no rali de
Sestriere, no GP de Belgrado e no Alpine Rally de 1953, no rali de
longa distância Liège-Rome-Liège em 1954 e na corrida do gelo em
Zell am See em 1955.
Outra curiosidade foram as marcantes participações da piloto belga
Gilberte Thirion, rara presença feminina nesses eventos. No
Porsche, ela chegou em primeiro no 5º. Tour da Bélgica em 1953,
com Gonzague Olivier, e foi a primeira em sua classe no Rallye
Feminino Paris-St. Raphaël de 1954. Nessa época a Porsche já havia
criado outro mito das pistas: o 550 Spyder, primeiro Porsche
desenvolvido exclusivamente para as pistas. Ainda assim, o 356 se
manteria na ativa até os anos 1960, com destaque especial para o
Speedster.
No Brasil alguns 356 competiram nos anos 1950 e 1960, como o
modelo 1100 do paulista Oswaldo Fanucchi e o 1600 SC de Chico
Landi e Marivaldo Fernandes, que chegaram a vencer diversas
provas. |