por Iran Cartaxo De Tomaso Pantera: 0 a 100 em 2,6 segundos
Paulo Menezes de Souza Hoje, o lado mais interessante do carro não advém de seu razoável sucesso como esportivo, mas de seu superdimensionamento original e da posição central do motor, que permitem muitas preparações -- inclusive com troca de motor -- sem que a estabilidade, durabilidade ou distribuição de peso sejam afetadas consideravelmente. |
As curvas de potência (as mais altas) e de torque estimadas para o De Tomaso Pantera original (em azul), com preparação aspirada (em verde) e com preparação turbo (em vermelho) |
O paraíso deste carro --
e não poderia ser outro -- é o estado da Califórnia,
nos EUA. Lá se encontram Panteras com relativa
facilidade, com diversas configurações e
motorizações, partindo do Ford original de 5,7 litros e
chegando aos 427 (polegadas cúbicas, ou 7 litros) da
mesma marca. Sem falar em propulsores de outros
fabricantes, com turbo, biturbo e preparações aspiradas
das mais diversas. Com US$ 60.000 se pode comprar lá um
carro destes, extensamente preparado e adaptado, pronto a
atingir os 1.000 cv desejados. Para sua época, um desenho muito aerodinâmico -- e que permanece agressivo e atraente até hoje O visual é também bastante agressivo e não requer muito trabalho para fazer juz a qualquer desempenho. A ficha técnica original deste carro impressiona. O modelo 1970, por exemplo, tinha motor Ford V8 de 5,7 litros, com taxa de compressão de 11:1, potência máxima de 330 cv a 5.400 rpm e torque máximo de 45 kgf.m a 3.600 rpm. Atingia 222 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 5,8 s. Os pneus eram 215/40 R 17 na frente e 335/35 R 17 atrás; o peso era de apenas 1.382 kg. Voltando às posibilidades de veneno, pode-se observar que o V8 norte-americano recebia preparação antes de equipar o Pantera. Dispondo de bom desenvolvimento, com taxa de compressão elevada -- por isso só rodava com gasolina de alta octanagem --, apresentava potência específica de quase 58 cv/l. Vale lembrar que se trata de potência líquida e não de potência bruta, como é comum encontrar em fichas técnicas de antigos V8 americanos. Essa potência específica é normal para os padrões de hoje, mas era algo incomum na época, principalmente num V8. Mesmo assim há uma grande margem para preparação, mesmo que aspirada. Isso porque há torque de sobra para empurrar seus 1.382 kg. Pode-se encontrar este carro à venda nos EUA beirando 100 cv/l, e ainda podendo ser tranquilamente usado em rua. |
As curvas de potência (as mais altas) e de torque estimadas para o De Tomaso Pantera equipado com motor 427 (em azul), com preparação aspirada (em verde) e com preparação turbo (em vermelho) |
Outra possibilidade muito
apreciada pelos norte-americanos é a troca do motor por
outro de maior cilindrada. Como eles costumam dizer,
"não há substituto para polegadas cúbicas".
Por uniformidade costuma-se usar o Ford 427, de 7 litros,
mas podem ser encontrados também Panteras com motores GM
ou outros. Por se tratar de um carro europeu, há também
os puristas que preferem trabalhá-los com turbo
(preparação que segue a filosofia européia de aumentar
a potência específica) ou até com biturbo. Mas nada impede que se recorra a tudo isso: preparação aspirada combinada com biturbo e com a troca do motor. E são essas feras que chegam a 1.000 cv e ainda podem ser usados em rua -- desde que de forma contida, é claro. Não é difícil encontrar nos EUA preparações bem cuidadas, como este Pantera com motor Ford 351 biturbo todo cromado, compondo um belo visual Selecionamos duas preparações para o motor original do Pantera, uma aspirada e outra turbo, comumente encontradas em carros a venda nos EUA: - Preparação aspirada: comando com duração de abertura de válvulas de 295° e levantamento de 12,5 mm, válvulas de admissão 3 mm maiores, carburador de 750 cfm, coletor de admissão apropriado, coletor de escapamento dimensionado 4x2, escapamento de diâmetro apropriado. A taxa de compressão se mantém, pois já é elevada. - Preparação turbo: duas turbinas monofluxo (biturbo), dois intercoolers, conversão para metanol, mantendo a taxa de compressão, e pressão de 1,4 kg/cm². Observe o desempenho simulado para ambas as preparações: |
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Caso 820 cv ainda não
tenham sido suficientes, apesar de proverem uma
aceleração de 0 a 100 km/h em tempo de supercarro,
deve-se então pensar em uma troca de motor, para manter
suavidade de funcionamento que permita uso em rua. Uma
boa sugestão é procurar um equipado com o motor Ford
427, que pode ser encontrado com essa configuração:
taxa de compressão de 11,5:1, potência máxima de 410
cv a 6.000 rpm e torque máximo de 66,4 kgf.m a 3.700
rpm. Neste motor ainda se aplicam preparações, e selecionamos duas semelhantes às anteriores: - Preparação aspirada: comando com duração de abertura de válvulas de 295° e levantamento de 12,5 mm, válvulas de admissão 4 mm maiores, carburador de 850 cfm, coletor de admissão apropriado, coletor de escapamento dimensionado 4x2, escapamento de diâmetro apropriado; taxa de compressão mantida. - Preparação turbo: duas turbinas monofluxo, dois intercoolers, conversão para metanol, mantendo a taxa de compressão, e pressão de 1,4 kg/cm². Observe o desempenho simulado para ambas as preparações: |
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Rompendo a barreira dos
1.000 cv em um carro destes, não há quem não fique
satisfeito. A velocidade final, 324 km/h, lembra um
supercarro -- o Ferrari F40! Mas a aceleração será
feita em tempo de dragster: não será surpresa
se este carro fizer de 0 a 200 km/h em menos de 8 s,
quando a maioria dos carros ainda nem chegou a 100 km/h. As preparações no Pantera são feitas, em quase todos os casos, por apaixonados, não havendo portanto preocupação com câmbio, suspensão, freios e estrutura, pois tudo é redimensionado e adequado. Neste caso, as únicas preocupações serão não cavar buracos no asfalto, com os 164,9 kgf.m de torque, e manter os órgãos internos no lugar durante as acelerações, pois serão 2,38 g a comprimir seu corpo contra o banco... |
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