Consultório de Preparação
por Iran Cartaxo
Gol 1.000 16V com turbo
anda perto do GTI 16V!
Tenho um Gol Mi 16V. Como fazer o
mapeamento da injeção para melhorar sua arrancada? É melhor
trocar o chip original por um esportivo? Já limpei o
catalisador, troquei o coletor e a ponteira. Vocês estão de
parabéns. É a primeira vez que entro no site e já tirei muitas
dúvidas e enviei outras. Já sou um fã.
Maslow Beloni C. Leal
maslow@tecsat.com.br
Taubaté, SP
Gostaria de saber quais as melhores alternativas para
aumentar significativamente a potência do Gol 1.0 16V, desde uma
preparação moderada a algo mais pesado (mais de 80% de
aumento), e que mudanças deveria fazer para manter a segurança
do veículo (freios, pneus). O turbo danifica o motor? Vale a
pena tal modificação? Quanto custaria?
Pedro S. Welker
pedrosap@uol.com.br
São Paulo, SP
Gostaria de parabenizá-lo pela página, principalmente pela
riqueza dos detalhes oferecidos. Tenho um Gol 1.0 16V e vou
turbiná-lo. Já há kits disponíveis no mercado? Qual a
pressão indicada para não afetar muito a durabilidade? Lembro
que a VW estava testando uma Parati 16V turbo com 0,7 bar, que
não era viável devido ao alto custo. Creio que um pouquinho a
mais não seria "doloroso", como 1 bar.
Walter Mantovani Bernardi
walera@tecsat.com.br
São José dos Campos, SP
Gostaria de saber se há alguma dificuldade extra em turbinar
um motor Volks 1.0 16V e ter uma melhor noção sobre o
desempenho e manutenção. Fica alguma marca no motor que possa
denunciar que o turbo tenha sido utilizado?
Heber Gomes de Oliveira
hgolivei@prolan.com.br
Brasília, DF
Por ser um motor relativamente novo no mercado, é de se esperar
certa dificuldade para preparar o Gol Mi 16V. Os preparadores
ainda não adquiriram o grau de experiência ideal com este motor
e não foram desenvolvidas muitas opções de veneno. Mas em
contrapartida conhece-se muito bem a filosofia de mecânica da
VW, e há um interesse muito grande em receitas para motores
1.000, que representam cerca de dois terços do mercado do
automóveis.
Por ser um motor de baixa cilindrada e grande desenvolvimento na
parte aspirada, quase 70 cv/l de potência específica, qualquer
preparação que não envolva sobrealimentação está fadada a
obter pouco sucesso ou a prejudicar em muito a dirigibilidade,
pela redução do torque. A única opção razoável nesta área
é um pequeno preparo e regulagem, para deixar o motor um pouco
mais esperto a baixo custo.
As curvas de potência (as mais altas) e de torque estimadas para o Gol Mi 16V original (em azul), com remapeamento e coletor dimensionado (em rosa), com turbo a 0,4 kg/cm2 (em verde) e com turbo a 1 kg/cm2 (em vermelho)
Clique aqui para ver as curvas de potência e torque ampliadas
A troca do coletor de escapamento por um dimensionado é boa
opção, mas deve-se ter muito cuidado, pois coletores
mal-projetados ou fabricados com baixa qualidade, com soldas
salientes, rebarbas ou dobras, podem até reduzir a potência e
prejudicar bastante o torque. A "limpeza" do
catalisador, ou seja, a retirada de seu miolo deixando-o oco,
não aumenta a potência produzida pelo motor. A medida visa a
reduzir a contrapressão oferecida pelo sistema de escapamento,
mas não obtém sucesso porque o catalizador oco acaba sendo
fonte de turbulência para os gases, o que se traduz em
resistência do mesmo modo.
Melhor nesse sentido seria substituir o catalisador por um cano
do mesmo diâmetro do resto do escapamento, ou introduzir um cano
desse diâmetro para guiar o escoamento pelo interior do
catalisador oco. Entretanto, recomendamos que o equipamento seja
mantido em qualquer preparação, como ocorre em motores
envenenados no Primeiro Mundo. A ponteira de escapamento está
distante demais das fontes principais de resistência aos gases
para influênciar a potência de forma significativa.
Vale lembrar que todas estas medidas de otimização do
escapamento só terão resultado satisfatório se o sistema de
injeção for regulado para o novo modo de funcionamento do
motor. Pode-se lançar mão de um remapeamento específico, onde
o programador analisará o motor e definirá a melhor regulagem
para ele, fazendo testes e reajustando os parâmetros de
injeção. Um chip já reprogramado, ou "esportivo",
surtiria pouco efeito em um caso como este, pois não seria capaz
de aproveitar as modificações feitas no escapamento.
O turbo é realmente a melhor opção para um carro como o Gol
1.000 Mi 16V: pode aumentar consideravelmente a potência e o
torque, tornando o carro rápido e fácil de guiar, e sua
adaptação não chega a ser complexa. Já há lojas trabalhando
com kits turbo para este motor e outras estão desenvolvendo os
seus.
O maior problema para o uso do turbo neste carro é sua alta taxa
de compressão, 10,8:1. É quase o limite para uso de rua com a
gasolina comum brasileira, o que limita a pressão que se pode
usar com turbo e a taxa original. Na maioria dos carros nacionais
chega-se a 0,6 kg/cm² com a taxa original, bastando reajustar a
injeção e ignição com uma caixa de gerenciamento adicional ou
remapamento. Mas no Gol 16V, 0,4 kg/cm² é o limite para a
maioria dos preparadores. A vantagem da alta taxa de compressão
é que se pode optar pelo álcool como combustível, para
pressões mais altas, e não ficar com um carro fraco em baixas
rotações, antes da entrada do turbo em funcionamento.
Simulamos as seguintes preparações:
- aspirada leve, com remapeamento e coletor de
escape dimensionado;
- turbo com
pressão de 0,4 kg/cm² e intercooler;
- turbo com pressão de 1 kg/cm², intercooler e
álcool como combustível.
Observe o desempenho estimado:
Original | Aspirado leve | Turbo a 0,4 kg/cm2 | Turbo e álcool | |
Potência máxima | 69 cv | 73 cv | 101 cv | 142 cv |
Rotação de potência máxima | 5750 rpm | 5900 rpm | 5750 rpm | 5650 rpm |
Velocidade máxima | 157 km/h | 159 km/h | 177 km/h | 199 km/h |
Rotação à velocidade máxima | 5620 rpm | 5730 rpm | 6350 rpm | 7140 rpm |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 17,6 s | 16,6 s | 12,2 s | 9,6 s |
Torque máximo | 9,4 mkgf | 9,9 mkgf | 13,5 mkgf | 19,3 mkgf |
Rotação de torque máximo | 4500 rpm | 4650 rpm | 4500 rpm | 4400 rpm |
Alteração recomendada na relação de transmissão | - | 3,1
% mais curto |
10,4
% mais longo |
26,4
% mais longo |
Aumento recomendado na injeção de combustível | - | - | 33,3 % | 83,3 % |
Aceleração longitudinal no interior do veículo | 0,35 g | 0,37 g | 0,51 g | 0,72 g |
A margem de erro é de 5% (para cima ou para baixo), considerando-se instalação bem-feita. Calculamos a aceleração de 0 a 100 km/h e a aceleração longitudinal máxima (sentida no interior do automóvel) a partir da eficiência de transmissão de potência ao solo do carro original. Para atingir os resultados estimados pode ser necessária a recalibragem da suspensão, reforços no monobloco e/ou o emprego de pneus mais largos. A velocidade máxima estimada só será atingida com o ajuste recomendado da relação final de transmissão. Os resultados de velocidade são para velocidade real, sem considerar eventual erro do velocímetro. A rotação à velocidade máxima é calculada considerando a relação atual de transmissão. |
Algoritmo de
simulação de preparação de motores desenvolvido pelo
consultor Iran Cartaxo, de Brasília, DF. |
A preparação aspirada permite manter os pneus e freios
originais com segurança. Com turbo a 0,4 kg/cm² é
recomendável utilizar rodas de 14 pol. e pneus 185/60, se o
carro ainda não os possuir (são opcionais no 16V), além de
pastilhas de freio mais macias. Já o veneno mais pesado, capaz
de aproximá-lo do desempenho de um Gol GTI 16V -- com o dobro da
cilindrada! --, exige um conjunto mecânico à altura: freios
dianteiros a disco ventilado e amortecedores de carga alta
tornam-se imprescindíveis. A adoção de freios traseiros a
disco, molas mais firmes, rodas de 15 pol. e pneus 195/50 é
recomendável, mas não essencial. Como o perfil muito baixo
destes pneus os sujeita a danos mais frequentes, preferimos
deixar a critério do usuário a substituição ou não dos
185/60 R 14 H, medida mínima para esta preparação.
Qualquer boa oficina pode reverter a instalação de um turbo por
completo, sem deixar vestígios, mas aconselhamos ao
proprietário informar o comprador sobre a exigências a que o
carro foi submetido. O turbo em si não danifica o motor, mas
submete seus componentes a uma maior carga. Todo desgaste,
porém, depende muito do uso dado ao carro: há diversos cuidados
que podem reduzir este desgaste e prolongar a vida útil do
turbo, do motor e do veículo como um todo. Para saber mais leia
outras consultas de carros turbo no Consultório de
Preparação.
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