Consultório de Preparação
por Iran Cartaxo
Jipe JPX com intercooler e
mais pressão no turbo
Conheço a "revista" há
pouco tempo, mas já sou fã incondicional, já li tudo de
"cabo-a-rabo". VOCÊS ESTÃO DE PARABÉNS! Tenho um
jipe JPX. 1) Qual o ganho de potência se eu colocar um
intercooler? Quando dirijo com "pé embaixo" esquenta
tanto que é necessário tirar o pé; com o intercooler isto vai
melhorar? Li que o intercooler também serve para manter a
compressão do motor turbo, que é alta (23:1), a mesma do motor
aspirado; é verdade? 2) O turbo entra em 2.800 rpm; há como
fazê-lo entrar antes, por exemplo a 1.800 rpm? Com isso a vida
útil diminui? 3) Falaram que aumentar a pressão do turbo
diminui a vida útil do mesmo; é verdade?
Sandro Silva Campos
sandro@bsb.politec.com.br
Brasília, DF
A preparação de um motor turbodiesel pelo aumento da pressão
de sobrealimentação ou pela adição de intercooler não
apresenta complicadores, Sandro. Basta que seja bem-feita e que
se tomem cuidados para evitar a quebra do motor, para obter
ótimos resultados (clique aqui para saber
mais).
O intercooler é o acessório perfeito para aumentar o rendimento
de seu motor e contornar os problemas de aquecimento em uso mais
severo. Quando o turbo comprime o ar, este se aquece e pode
chegar a temperaturas de mais de 100°. Este ar aquecido, quando
admitido pelo motor, pode facilitar o superaquecimento. A
função do intercooler é resfriar o ar comprimido pelo turbo,
assim mais frio o ar torna-se mais denso, o que aumenta a
potência -- permite uma melhor queima do combustível, já que
existirá mais oxigênio para tal. Como a admissão é realizada
a uma temperatura menor, minimiza-se a tendência a
superaquecimento.
As curvas de potência (as mais altas) e de torque estimadas para o jipe JPX turbodiesel original (em azul), com intercooler (em verde) e com aumento de pressão e intercooler (em vermelho)
Clique aqui para ver as curvas de potência e torque ampliadas
A taxa de compressão dos motores diesel é realmente alta, pois
o ciclo de queima do motor é diferente dos motores de ciclo Otto
(gasolina e álcool). No diesel a ignição se dá pelo aumento
de pressão e temperatura na câmara de combustão, e não pela
centelha produzida pela vela. Daí não existir risco de
detonação ("batida de pino"), pois como se costuma
dizer, o motor diesel já nasce detonando. Nestas condições, o
intercooler perde a função de proteção do motor contra
detonação, não havendo também a necessidade de reduzir a taxa
de compressão para evitar este problema. Por isso o motor
turbodiesel possui taxa similar à do aspirado sem problemas. O
artigo que você leu, Sandro, provavelmente se referia a motores
de ciclo Otto; se fosse para diesel a reportagem estaria
enganada.
Para que o turbo entre em operação mais cedo, a única opção
seria a troca da turbina por uma de menor inércia. Isso pode ser
difícil, pois a marca de turbo usada em seu jipe já é
conhecida por produzir equipamentos de baixa inércia. A opção
será um turbo menor, que pode apresentar problemas (como
reduzida vida útil do turbo) quando aplicado a seu motor. O fato
de o turbo entrar em operação mais cedo não deve reduzir a
vida útil do motor, mas deve-se lembrar que, caso esta
alteração seja efetuada, será preciso reajustar o sistema de
injeção para que aumente o débito de combustível em
rotações menores, a fim de evitar que a mistura fique pobre
nestes regimes.
O aumento da pressão do turbo pode encurtar a vida útil, mas
isso depende do modo como o motorista conduz o veículo. Pode-se
utilizar uma pressão maior sem deixar o motor sofrer com os
esforços a que é submetido, através de uma condução
equilibrada, sem acelerações em vazio ou fortes trancos quando
o motor estiver despejando potências mais elevadas. Em casos de
motores diesel este problema é ainda menor, pois são
tradicionalmente construídos com muita folga de resistência. E
cabe lembrar que o maior torque em baixa rotação facilita a
condução no trânsito urbano e nas trilhas, pelo que você
terá de recorrer menos às marchas mais curtas para obter um
desempenho satisfatório.
Simulamos o JPX apenas com a adição de intercooler, e com
aumento na pressão de operação do turbo para 1,2 kg/cm²
associado à adição de intercooler. Este é o desempenho
esperado:
Original | Intercooler | Intercooler e maior pressão | |
Potência máxima | 91 cv | 95 cv | 125 cv |
Rotação de potência máxima | 4000 rpm | 4000 rpm | 4000 rpm |
Velocidade máxima | 119 km/h | 121 km/h | 133 km/h |
Rotação à velocidade máxima | 2840 rpm | 2880 rpm | 3165 rpm |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 32,8 s | 31,3 s | 23,7 s |
Torque máximo | 17,7 mkgf | 18,5 mkgf | 24,5 mkgf |
Rotação de torque máximo | 2250 rpm | 2250 rpm | 2250 rpm |
Encurtamento recomendado na relação de transmissão |
- | 27,9 % | 20,9 % |
Aumento recomendado na injeção de combustível |
- | 1,1 % | 41,7 % |
Aceleração longitudinal no interior do veículo |
0,19 g | 0,20 g | 0,26 g |
A margem de erro é de 5% (para cima ou para baixo), considerando-se instalação bem-feita. Calculamos a aceleração de 0 a 100 km/h e a aceleração longitudinal máxima (sentida no interior do veículo) a partir da eficiência de transmissão de potência ao solo do carro original. Para atingir os resultados estimados pode ser necessária a recalibragem da suspensão, reforços no monobloco e/ou o emprego de pneus mais largos. A velocidade máxima estimada só será atingida com o ajuste recomendado da relação final de transmissão. Os resultados de velocidade são para velocidade real, sem considerar eventual erro do velocímetro. A rotação à velocidade máxima é calculada considerando a relação atual de transmissão. |
Algoritmo de
simulação de preparação de motores desenvolvido pelo
consultor Iran Cartaxo, de Brasília, DF. |
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