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Tenho um Mitsubishi Colt GTi 1995 com injeção remapeada para melhor retomada e aceleração. Gostaria de colocar um compressor como o do Mercedes SLK ou um turbo (já ouvi falar que o kit do Eclipse serve neste motor), em qualquer caso com baixa pressão (máximo 0,5 kg/cm2) para não precisar mexer nas partes internas do motor, manter sua resistência e não comprometer a transmissão. É possível realizar este sonho de maneira viável? Qual a estimativa de ganho de potência e torque? Precisaria buscar peças lá fora (EUA)?

Outras dúvidas: o novo Código de Trânsito permite estas alterações e similares? A gasolina Premium mantém o sistema de injeção realmente limpo? Verifiquei que o desempenho melhora um pouco. E as outras qualidades, quais são, e quais as desvantagens (se houver)?

Fábio Terribeli
fbi-t@usa.net
São Paulo, SP

Adaptar um compressor volumétrico no Colt é difícil, Fábio. É preciso adquirir o kit apropriado ao seu motor que, caso exista, seria importado e provavelmente nada barato. O compressor entra em operação mais cedo que o turbocompressor, mas rouba potência do motor para operar. O turbo pode fornecer mais potência que o compressor usando uma mesma pressão e, com uma instalação bem-feita e a escolha correta da turbina, é possível reduzir bastante o turbo-lag (atraso da entrada do turbo em operação).

As curvas de potência (as mais altas) e de torque estimadas para o Colt do leitor com motor original (em azul), com remapeamento da central de injeção (em verde), com compressor (rosa) e com turbo (vermelho)

Utilizar o turbo do Eclipse é inviável. Mesmo que o coletor de escape servisse, a turbina e a injeção não seriam apropriadas, pois seu motor é de 1,8 e não de 2 litros. Existe um Colt 1,8 16V turbo, mas o custo da importação deste conjunto torna a opção inviável. Em vista disso, sugerimos a instalação de um turbo nacional. Recorrendo a lojas de renome será possível alcançar bons resultados a um custo razoável, sem ter que recorrer à importação de peças.

A maior dificuldade no caso do Colt é obter um coletor de escape para alojar a turbina, mas em São Paulo há especialistas capazes de fabricar um de muito boa qualidade. O chip de injeção e ignição deverá ser novamente remapeado, para se adequar às novas condições de funcionamento do motor. Segundo o Consultor você pode manter a taxa de compressão original para pressão até 0,5 kg/cm2, mas isso depende das condições de utilização e da instalação. O ideal é deixar esse parâmetro a cargo do preparador. A gasolina Premium possui maior octanagem que a comum e a aditivada, o que dificulta a ocorrência de detonação ("batida de pino") na câmara de combustão. Pode ser uma boa opção para seu motor após a montagem do turbo.

Obtivemos a seguinte simulação para as modificações sugeridas:

	Chip remapeado	Compressor a 0,5 kg/cm2	Turbo a 0,5 kg/cm2
Potência máxima	146 cv	209 cv	217 cv
Rotação de potência máxima	6600 rpm	6500 rpm	6500 rpm
Velocidade máxima	200 km/h	225 km/h	228 km/h
Rotação à velocidade máxima	7290 rpm	8230 rpm	8330 rpm
Aceleração de 0 a 100 km/h	7,9 s	5,5 s	5,3 s
Torque máximo	17,7 mkgf	25,4 mkgf	26,4 mkgf
Rotação de torque máximo	5600 rpm	5500 rpm	5500 rpm
Alongamento recomendado na relação de transmissão	10,0 %	26,8 %	28,2 %
Aumento recomendado na injeção de combustível	--	41,7 %	41,7 %
Aceleração no interior do veículo	0,79 g	1,13 g	1,18 g

A margem de erro é de 5% (para cima ou para baixo), considerando-se instalação bem-feita. Calculamos a aceleração de 0 a 100 km/h e a aceleração longitudinal máxima (sentida no interior do automóvel) a partir da eficiência de transmissão de potência ao solo do carro original. Para atingir os resultados estimados pode ser necessária a recalibragem da suspensão e/ou o emprego de pneus mais largos. Caso o aumento de potência não seja muito grande, pode-se mantê-los originais e contar com resultados pouco piores. A velocidade máxima estimada só será atingida com o ajuste recomendado da relação final de transmissão. Os resultados de velocidade são para velocidade real, sem considerar eventual erro do velocímetro. A rotação à velocidade máxima é calculada considerando a relação atual de transmissão.

Algoritmo de simulação de preparação de motores desenvolvido pelo consultor
Iran Cartaxo, de Brasília, DF.

O novo Código de Trânsito traz uma má notícia aos que gostam de carros preparados ou modificados: é proibida toda alteração nas características originais do veículo sem prévia autorização da autoridade competente – uma permissão bastante improvável de se obter. Na prática pode haver alguma tolerância da fiscalização em itens que não afetem a segurança, mas não há como garantir que seu Colt turbo circule sem problemas de ordem legal.

Quanto à gasolina Premium, sua única vantagem está na maior octanagem. Se o fenômeno da detonação ocorre em seu carro – às vezes é possível ouvi-lo, mesmo que haja sensor –, vale a pena usá-la. O poder de limpeza é o mesmo da aditivada, e ambas são consideradas eficazes em manter limpo o sistema de injeção. Mas nos testes da imprensa, com carros nacionais e importados, foi verificado pouco ou nenhum ganho de desempenho com a Premium, de modo que seu uso é dispensável no Colt sem turbo. Pode haver alguma melhora em retomadas, sobretudo ao nível do mar. Não há, contudo, desvantagens – exceto o maior preço.