Consultório de Preparação
por Iran Cartaxo
Muitas opções para o
motor VW de 2 litros
Tenho um Logus 2.0 e gostaria de
prepará-lo, mas não de colocar turbo. O que posso fazer para o
carro andar mais? Gostaria de saber as marcas e os resultados dos
equipamentos assim instalados.
Lucas Dias Corrêa
lucasc@mymail.com.br
Brasília, DF
A preparação de todos os motores Volkswagen AP é facilitada
pelo grande conhecimento e técnica já desenvolvidos pelos
preparadores brasileiros. Qualquer preparadora do país possui
receitas para essa "família", o que torna simples
encontrar kits, comandos, válvulas, etc. Isso se deve à
robustez e durabilidade dos motores, não importando a posição
transversal (como nas linhas Escort, Logus, Golf e Polo) ou
longitudinal.
Entre os venenos já desenvolvidos e disponíveis no mercado
está uma variada gama de turbocompressores, sistemas de óxido
nitroso, comandos, válvulas, coletores de escapamento e de
admissão, tuchos, molas de válvulas, virabrequins e outros
componentes nem sempre disponíveis para outros motores
nacionais. É costume entre os fabricantes e oficinas começar o
desenvolvimento de uma nova preparação pelo motor AP, o que
coloca à disposição de seus usuários os últimos lançamentos
da área.
As curvas de potência (as mais altas) e de torque estimadas para o Logus original (em azul), com preparação leve (em marrom), com preparação média (em rosa), com preparação pesada (em cinza), com preparação pesada avançada (em verde) e com preparação de competição (em vermelho)
Clique aqui para ver as curvas de potência e torque ampliadas
Como sua preferência é pela preparação aspirada, Lucas, aqui
estão cinco receitas, que vão desde um veneno leve até um
grande desenvolvimento do motor AP 2.000.
- Preparação leve: comando com 10° a mais de
duração da abertura e 0,8 mm a mais de levantamento das
válvulas, recalibragem do sistema de carburação e ignição;
- Preparação média: comando com 15° a mais de
duração da abertura e 1,2 mm a mais de levantamento das
válvulas, coletor de escapamento dimensionado, recalibragem do
sistema de carburação e ignição;
- Preparação pesada: comando com 20° a mais
de duração da abertura e 1,8 mm a mais de levantamento das
válvulas, carburador de corpo duplo Weber 40, aumento da taxa de
compressão em 1 ponto, coletor de escapamento dimensionado,
recalibragem do sistema de ignição;
- Preparação pesada avançada: comando com
30° a mais de duração da abertura e 2,0 mm a mais de
levantamento das válvulas, carburador de corpo duplo Weber 45,
aumento da taxa de compressão em 1,5 ponto, aumento do diâmetro
das válvulas de admissão em 2 mm, aumento do diâmetro dos
dutos de admissão em 2 mm, coletor de escapamento dimensionado,
bobina de ignição mais potente e cabos de vela especiais.
- Preparação de competição: comando com 35°
a mais de duração da abertura e 2,2 mm a mais de levantamento
das válvulas, 2 carburadores de corpo duplo Weber 44, aumento da
taxa de compressão em 2,2 pontos, aumento do diâmetro das
válvulas de admissão em 4 mm, aumento do diâmetro dos dutos de
admissão em 4 mm, coletor de escape dimensionado, bobina mais
potente, cabos de vela especiais, potenciador de centelha de
ignição, sistema de monitoramento da mistura e da queima com
quatro sondas lambda (uma para cada cilindro) e de ajuste do
avanço de ignição pelo piloto.
Vamos explicar a importância do sistema de monitoramento citado
na última receita. Em motores com taxa de compressão muito
alta, acima de 11:1 para gasolina, usa-se um sistema com quatro
sondas lambda para monitorar a mistura e a queima através dos
gases de escape. Com isso o piloto pode ajustar, do interior do
veículo, o avanço de ignição para obter mais potência, sem
detonação, e empobrecer a mistura quando desejar menor consumo
-- também sem riscos de detonar. O sistema permite o ajuste
cilindro a cilindro. As quatro sondas lambda fornecem os dados
individuais para cada cilindro, evitando problemas de quebra em
um deles.
Este é o desempenho estimado:
Leve | Média | Pesada | Avançada | Competição | |
Potência máxima | 124 cv | 135 cv | 161 cv | 185 cv | 240 cv |
Rotação de potência máxima | 5650 rpm | 5900 rpm | 6450 rpm | 6900 rpm | 7850 rpm |
Velocidade máxima | 200 km/h | 206 km/h | 218 km/h | 229 km/h | 249 km/h |
Rotação à velocidade máxima | 5430 rpm | 5600 rpm | 5900 rpm | 6200 rpm | 6750 rpm |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,2 s | 9,4 s | 7,9 s | 6,8 s | 6,3 s |
Torque máximo | 16,2 mkgf | 16,5 mkgf | 16,7 mkgf | 16,4 mkgf | 16,4 mkgf |
Rotação de torque máximo | 3000 rpm | 3100 rpm | 3350 rpm | 3600 rpm | 4100 rpm |
Encurtamento recomendado na relação de transmissão | 4,1 % | 5,4 % | 8,1 % | 10,3 % | 14,1 % |
Aceleração longitudinal no interior do veículo | 0,61 g | 0,66 g | 0,79 g | 0,91 g | 1,08 g |
A margem de erro é de 5% (para cima ou para baixo), considerando-se instalação bem-feita. Calculamos a aceleração de 0 a 100 km/h e a aceleração longitudinal máxima (sentida no interior do automóvel) a partir da eficiência de transmissão de potência ao solo do carro original. Para atingir os resultados estimados pode ser necessária a recalibragem da suspensão, reforços no monobloco e/ou o emprego de pneus mais largos. A velocidade máxima estimada só será atingida com o ajuste recomendado da relação final de transmissão. Os resultados de velocidade são para velocidade real, sem considerar eventual erro do velocímetro. A rotação à velocidade máxima é calculada considerando a relação atual de transmissão. |
Algoritmo de
simulação de preparação de motores desenvolvido pelo
consultor Iran Cartaxo, de Brasília, DF. |
Vale ressaltar que o comportamento do motor obtido a partir da
preparação pesada prejudica a dirigibilidade, pois a
marcha-lenta sobe para cerca de 1.600 rpm -- numa preparação
bem-feita. A preparação pesada avançada exigirá alguma
habilidade do motorista para dirigir no trânsito, pois a
marcha-lenta embaralha e fica por volta de 1.800 rpm. A
preparação de competição é mesmo restrita ao uso em pistas
de corrida, pois torna impossível dirigir o carro em tráfego
urbano. Exige ainda um extenso trabalho de reforço no motor para
suportar as altíssimas rotações, que abrange pistões, bielas
e virabrequim forjados, válvulas, bronzinas e parafusos do
cabeçote especiais, entre outros componentes.
As três últimas preparações são também facilmente
percebidas numa fiscalização policial, pelo ruído e aparência
do motor. Um carro nestas condições jamais seria aprovado em
uma vistoria, por não obedecer aos limites de emissão de gases
e estar com as características originais alteradas.
Com estes cinco exemplos acreditamos ter satisfeito sua
curiosidade a respeito da preparação aspirada de um motor AP
2000. De resto, é mão na massa e bom-proveito do Logus
preparado!
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