

C4: linhas arredondadas com
forte identidade, mas nem todos o julgam harmonioso ao combinar a frente
longa, o teto em arco e a traseira curta


Focus: com estilo marcado por
arestas e amplo redesenho na Europa em 2007, ganhou um estilo que para
muitos é o mais atraente do grupo


307: frente imponente, perfil
alto e vidro traseiro mais à vertical em uma carroceria com quase 10
anos de mercado, que já não esconde a idade |
Concepção e
estilo
Focus e C4 têm muito em
comum: foram lançados na Europa na atual geração no fim de 2004, em
substituição a modelos lançados na década anterior (o primeiro Focus em
1998, o Xsara um ano antes), e chegaram ao Brasil um tanto atrasados, no
fim de 2008 no caso do Ford e no começo do ano seguinte o Citroën. Só
que o período foi suficiente para os alemães lançarem em 2007 uma ampla
reestilização do Focus, que chegou já com ela a nosso mercado, saltando
a versão anterior; no caso dos franceses, houve apenas um retoque na
frente do C4 modelo 2009 que ainda não apareceu por aqui. O caso do 307 é diferente:
lançado na França em 2001, surgiu no Brasil por meio de importação um
ano depois, ganhou nacionalidade argentina em 2004 e nova frente no ano
seguinte. Desde então mantém-se inalterado, enquanto o europeu já deu
lugar há três anos ao 308.
Três escolas distintas orientaram os projetistas. Se todos combinam
curvas e arestas, o Focus consegue um desenho mais anguloso, que busca a
sensação de robustez, enquanto o C4 é bem mais arredondado — caso da
linha suave que nasce na base do para-brisa e termina na extremidade
traseira. O 307 fica no meio termo, com formas suaves e levemente
arredondadas, e recorre a maior altura e a um imenso para-brisa, o que o
deixa a meio caminho entre um hatch comum e uma minivan; é diferente
também no vidro traseiro, bem mais próximo da vertical que nos
oponentes. Os três usam faróis com formatos ousados e grandes tomadas de
ar dianteiras, que no caso do Peugeot chega a dispensar a tradicional
grade junto ao capô. Ford e Citroën usaram as colunas traseiras para as
lanternas (apenas parte delas no segundo caso), solução que as mantém
bem visíveis no tráfego urbano, atravessando os vidros de carros em
fila, e as protege melhor em colisões traseiras.
Qual agrada mais? Na opinião da maioria que consultamos, o Focus tem o
melhor conjunto. O C4 divide opiniões: talvez por ter sido lançado antes
como o grande sedã Pallas — que mede meio metro a mais, sendo 10 cm na
distância entre eixos —, para alguns ficou a sensação de que a traseira
é muito curta para uma frente tão longa, aliás uma característica nos
hatches da Citroën. Apesar de considerado atraente por muitos, o 307
está desgastado pelo tempo de mercado e já não convence tanto quanto
alguns anos atrás.
Em aerodinâmica, porém, ele se mostra tão atual quanto os demais — é
fato que os carros deixaram de evoluir nesse aspecto nos últimos anos.
Seu Cx 0,31 é contemporâneo e equivale ao
do C4 na versão com pneus 205, embora a Citroën local divulgue o valor
0,29, referente ao carro com pneus mais estreitos vendido na Europa. O
Focus, curiosamente, fica para trás com 0,328 e tem o agravante de ser
mais largo, o que aumenta a área frontal. Quando ela é considerada, o
resultado é 0,74 para o Citroën, 0,77 para o Peugeot e 0,83 para o Ford.
Conforto
e conveniência
O desenho do C4 é o
mais ousado por dentro, em que se destacam o painel digital em posição
central, próximo ao para-brisa (o conta-giros vem separado acima da
coluna de direção), e o volante com cubo central fixo e repleto de
comandos. O Focus, mais moderno, e o 307, mais tradicional, recorrem a
instrumentos analógicos atrás do volante, elemento este que é também
convencional. Os materiais plásticos usados são de boa qualidade, com
exceção dos painéis de porta do Focus, que mostram aspereza inaceitável
para um carro desse padrão. Também não agradam os tecidos de
revestimento simples do Ford e do Peugeot, enquanto o aveludado do
Citroën transmite melhor impressão, com a desvantagem de ser menos
conveniente em clima quente.
Nos três, o motorista encontra bom espaço e amplas regulagens, incluindo
as de altura e distância do volante, o que facilita obter boa posição. O
banco do Focus acomoda melhor (houve ganho importante sobre a geração
anterior), pois nos concorrentes nota-se um encosto reto e muito duro,
que não oferece adequado apoio lombar. Seu volante de quatro raios
também é preferível ao de três do 307; no C4, embora só haja dois raios,
apoios de polegares suprem bem a falta dos raios superiores. Ainda, a
adoção de revestimento em couro pela Ford resolveu a antiga aspereza do
material plástico do volante (criticada em
comparativo do modelo 2009) e
o deixou à frente dos rivais, sobretudo o Citroën, que traz uma seção
áspera na parte inferior.
Os quadros de instrumentos de Focus e 307 são semelhantes, com
mostradores amplos e bem legíveis, iluminados em branco no primeiro e em
laranja (que preferimos) no segundo. No C4 o mostrador digital tem fundo
branco, dígitos pretos e iluminação que varia conforme a luz ambiente, o
que garante leitura sempre fácil. É pena que o conta-giros acima da
coluna de direção tenha fundo amarelado (que se torna vermelho no limite
de rotações, atuando como luz de aviso para se trocar de marcha), pelo
que destoa do mostrador principal. Os três contam com computador de
bordo, que indica consumo no padrão nacional (km/l) e inclui funções
adicionais nos franceses, como segunda medição de consumo e cálculo da
distância restante até o destino.
Continua
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