C4 Picasso: semelhante à
Grand de frente, mais esportiva na traseira
Grand C4 Picasso: lanternas
verticais na tradição de minivans Citroën
Grand Scénic: frente agrada, mas
estilo da traseira faz poucos adeptos |
Concepção e
estilo
Para surpresa de
muitos, já se vão mais de cinco anos desde que a Renault francesa lançou
em 2003 a Scénic de segunda geração, que só há um ano chegou ao Brasil.
Parte da linha Mégane iniciada em 2002, ela está em ponto de ser
substituída por lá — o Mégane hatch,
primeiro da família a mudar, já foi apresentado. A versão Grand de sete
lugares apareceu ainda em 2003 com 50 mm a mais na distância entre eixos
e 180 mm adicionais atrás das rodas traseiras.
Na Citroën, o C4 hatch foi lançado em 2004 e dois anos depois veio a
Grand C4 Picasso, que — ao contrário do acontecido na linha de hatches —
até hoje não aposentou na Europa a antiga Xsara Picasso. A minivan de
cinco lugares veio meses depois e, ao contrário da Renault, a marca
optou pelo mesmo entre-eixos nas duas, diferenciando-as no
balanço traseiro. Só que as Picassos são
claramente distintas no desenho dessa parte da carroceria.
A menor das C4 tem estilo mais esportivo, que remete ao do hatch de
cinco portas da linha, enquanto a Grand lembra a minivan C8, de maior
porte. A primeira ganhou vidro traseiro inclinado e grandes lanternas
horizontais; a segunda adota vidro quase vertical e lanternas ao lado
dele, nas colunas. Há também no modelo curto uma ondulação na linha de
base das janelas, já nas portas de trás, de bom efeito visual. Já de
frente são praticamente iguais: muda apenas o parachoque, que na C4
curta tem entradas de ar com outro desenho e motivos quadriculados.
Cada uma a seu estilo, as Picassos agradaram bastante às pessoas que as
viram na avaliação, sobretudo a menor delas — grande avanço em relação à
Xsara, que sempre dividiu opiniões e, em alguns casos, era mais
rejeitada que desejada. Caso diferente é o da Grand Scénic, desenhada
ainda na época em que a Renault apostava em soluções inusitadas como o
fracassado Avantime, o Vel Satis e o Mégane hatch anterior. Se tem o
mérito de ser original, sobretudo pelas colunas e o vidro traseiro, a
minivan obteve um conjunto de gosto muito discutível e que agrada a
poucos, apesar do bom efeito da extremidade frontal.
A Citroën informa o bom coeficiente
aerodinâmico (Cx) de 0,31 para ambas as versões, enquanto a Renault
não divulgou o de seu modelo, mas se pode estimar valor similar. Com área
frontal estimada pouco menor, por ser mais baixa, a Scénic sai em ligeira vantagem na
multiplicação: 0,85 ante 0,89 das Picassos.
Conforto
e conveniência
Este segmento parece
inspirar a criatividade das marcas francesas no desenho interno. Os três
modelos usam painel digital e freio de estacionamento com comando
elétrico, para dispensar a tradicional alavanca entre os bancos, o que
lhes confere ar diferente e avançado. As da Citroën adotam ainda o
volante com cubo central fixo, típico da linha C4, e a alavanca
convencional do câmbio automático deu lugar a um pequeno comando na
coluna de direção, outro recurso para liberar espaço.
O aspecto interno da Grand Scénic pode parecer mais refinado pela
presença na unidade avaliada de revestimento dos bancos em couro,
opcional que a Citroën curiosamente não oferece (o que se torna um
problema para quem o exige, pois as bolsas infláveis laterais dificultam
sua aplicação pós-venda). As Picassos usam tecido aveludado de bom
aspecto, embora inconveniente em nosso clima por esquentar muito, mas
são superiores na excelente qualidade dos materiais plásticos, um ponto
alto de seu acabamento — sobretudo na Grand, que usa detalhes cromados e
partes em preto brilhante, em vez do tom cinza sem cromados da versão
menor. Os plásticos da Scénic são macios em sua maioria, mas o aspecto
simples não transmite requinte.
Motoristas habituados à posição de dirigir das minivans, com banco mais
alto e ainda assim bem distante do teto, acomodam-se bem nos três
modelos. A Grand Scénic tem o volante mais horizontal, característica da
primeira geração que não foi tão amenizada quanto se esperava, mas não
chega a incomodar. Piores são os pedais comprimidos à direita e com
altura que pode, para quem usa sapatos largos, fazer enroscar sob o de
freio quando se tira o pé do acelerador.
Nas três o banco tem apoios
laterais do assento bastante pronunciados, mas os da Renault desagradam
a condutores menos magros. Os ajustes são os mesmos da Grand C4,
incluindo o de apoio lombar (ausente da C4 curta) e os de distância e
altura do volante. Nas Citroëns, embora o volante de cubo fixo tenha
apenas dois raios (três na oponente), tem bom apoio para os polegares. Os
painéis montados em posição central usam instrumentos digitais de fácil
leitura, com vantagem para o contagiros das Picassos por descrever
escala circular (na Scénic percorre uma curva e traz menor clareza).
Continua
|