Grande parte dos componentes mecânicos era derivado do Audi 80 e Passat, com outros sistemas originários do Iltis. Os primeiros protótipos não tinham diferencial central, mas a idéia logo foi levada em consideração para que o carro tivesse melhor comportamento dinâmico. Com os protótipos finalizados, era hora de mostrar o serviço aos dirigentes do grupo Volkswagen.

Toni Schmucker, presidente do grupo VW/Audi em 1980, foi convidado para testar um protótipo do Quattro e, em seguida, o mesmo Audi 80 com tração dianteira em uma ladeira íngreme dentro da fábrica de Ingolstadt, previamente molhada e "ensaboada" pelos bombeiros.

A concepção básica do motor do Quattro era a mesma do Volkswagen AP, mas com cinco cilindros e turbocompressor. O mesmo projeto foi usado nos anos 90 na perua RS2 preparada pela Porsche

O Quattro encantou a todos por seu desempenho claramente superior e cativou até mesmo o fotógrafo Hans Lehmann, que dizia ser impossível dirigir um 80 de tração dianteira em estradas escandinavas, onde a neve é uma constante. Lehmann é hoje um dos maiores entusiastas do sistema Quattro.

A tração integral foi combinada a um motor de cinco cilindros em linha e 2,15 litros turboalimentado, que produzia 200 cv de potência e 29 m.kgf de torque máximo. Compartilhando o projeto básico dos motores AP, tinha reputação de grande resistência e foi utilizado mais de 10 anos depois na perua Audi RS2, com preparação pela Porsche e 315 cv de potência.

A Audi havia conseguido reconquistar sua imagem de carros luxuosos e esportivos. Clientes como o maestro Herbert von Karajan, o capitão da seleção alemã de futebol Franz Beckenbauer e o príncipe Aga Khan eram alguns dos felizes proprietários do cupê. Logo no primeiro inverno após o lançamento a concessionária Audi em St. Moritz, estação de esqui na Suíça, havia vendido mais de 50 unidades, abarrotando o pátio de Porsches, Mercedes e BMWs recebidos em troca.

Entreeixos curto, motor mais leve e 300 cv de potência a 6.800 rpm: nascia em 1984 o Quattro Sport, versão evoluída que teve apenas 214 unidades produzidas, muitas para competição
 

A produção do Quattro era praticamente artesanal -- apenas dois por semana. Logo surgiu a idéia de participar de diversas competições, com dois objetivos: estabelecer uma imagem para a Audi, que havia perdido parte do prestígio conseguido nos tempos áureos da Auto Union, e aprimorar o desenvolvimento do sistema.

Nas palavras do próprio Benzinger, "se a Porsche ou a Mercedes-Benz fossem pioneiras no sistema de tração integral, todos concordariam que é o melhor sistema de transmissão disponível e todos desejariam ter um. Mas nós fazíamos parte da Audi e há muito tempo tínhamos a reputação de não lançar nenhum produto inovador sem provar que era realmente bom."

O conjunto mecânico do Sport: motor de 20 válvulas com turbo de grande
capacidade, suspensões McPherson, rodas de 9 x 15 pol, pneus 235/50

Benzinger também merece créditos sobre o projeto do carro e não apenas da transmissão. Os 4x4 da Audi podem ser dirigidos tanto por pilotos experientes como por motoristas comuns. Ele alegava, com razão, que a tendência subesterçante é mais fácil de controlar por motoristas comuns.

O Quattro fez sucesso também pelo desenho moderno e robusto, com destaque para as largas colunas traseiras, e por oferecer espaço interno dos melhores em sua categoria. A primeira versão alcançava 215 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em cerca de 7,5 s, apesar do peso relativamente elevado, 1.330 kg, e da aerodinâmica nada eficiente.
Continua

Quatro melhor que duas?
Durante o desenvolvimento do Audi Quattro, Benzinger e Naumann ficaram curiosos sobre como seria o novo carro se tivesse tração dianteira apenas, qual seria o ganho em velocidade e retomadas. Para isso, foram removidas as semi-árvores traseiras e efetuados os testes de desempenho no campo de provas.

Surpresa geral: o carro perdeu velocidade máxima e ficou mais lento para retomar velocidade. Deduziram que o equipamento de cronometragem estava com defeito, interromperam os testes e mandaram-no para o conserto.

Passados alguns dias, a empresa devolveu o equipamento e assegurou que não havia defeito algum.
Voltaram ao campo de provas e repetiram a seqüência de testes. Outra vez o mesmo resultado, o carro era mais lento com tração dianteira do que com tração nas quatro
rodas. Ficaram todos se indagando como isso era possível e não houve resposta.

Cerca de três meses mais tarde, alguém da engenharia da Audi estava lendo um estudo da Goodyear sobre os efeitos da tração sobre o atrito de rolamento do pneu.

Demonstrava o estudo que esse atrito era ligeiramente maior no pneu rolando solto do que se estivesse sujeito a uma força de tração. Eureka! O mistério tinha acabado. Certamente o diferencial central que outros veículos 4x4 não traziam fazia a diferença, pois não havia o arrasto de pneu que se manifesta mesmo em linha reta devido às diferenças na pavimentação. O que não se sabe é se os engenheiros fizeram o mesmo teste com o diferencial central travado...

por Bob Sharp
Em escala
Em 1984 a famosa marca inglesa MatchBox colocou em sua linha o Audi Quattro com nova decoração. Fundo branco com faixas pretas e vermelhas, enorme escudo com a marca sobre o capô e adesivos dos patrocinadores, bancos Recaro e pneus Kleber. Tinha o numero 1 nas portas e media 65 mm de comprimento.

Em 1985, apresentou na série
SuperKings um modelo com a mesma cor
e faixas, mas medindo 128 mm, as portas e capô abrindo, com detalhamento do motor, e os enormes faróis auxiliares -- seis ao todo -- bem destacados na frente. Bem acabados e interessantes.

Em 2001, a Minichamps alemã lançou uma miniatura na escala 1/43 do cupê Quattro. Impecável como a marca faz sempre.

por Francis Castaings

Carros do Passado - Página principal - Escreva-nos

© Copyright 2001 - Best Cars Web Site - Todos os direitos reservados